Astrônomo amador brasileiro detecta colisão de bólido celeste com Júpiter
Manja aquela coisa de “vem meteoro”? Funcionou com os jovianos. Júpiter foi violentamente golpeado por um asteroide ou cometa na noite desta segunda-feira (13). E um brasileiro foi o primeiro a registrar a pancada.
“Por volta das 19h15 liguei o telescópio e a câmera e comecei a ajustar os parâmetros de captura”, diz o astrônomo amador José Luis Pereira, em São Caetano do Sul (SP). “Para minha surpresa, no primeiro vídeo percebi um brilho diferente no planeta.”
Pereira achou de início que era algo mais ligado aos ajustes do que ao planeta. Mas calhou que não era. De fato, Júpiter foi impactado por um objeto às 19h39 (de Brasília) do dia 13 de setembro.
O astrônomo amador brasileiro faz parte do programa DeTeCt de monitoramento dos planetas gigantes gasosos, usando um telescópio newtoniano com 275 mm de espelho principal, procurando eventos como esses (assim como mudanças na atmosfera que possam ser documentadas). “Chequei o resultado somente na manhã do dia 14, quando o programa me alertou para a alta probabilidade de impacto”, diz Pereira.
O resultado foi reportado, e agora astrônomos do resto do mundo estão procurando observações independentes. O coordenador do projeto DeTeCt, o francês Marc Delcroix, indica que que um observatório profissional da França, com telescópio de 62 cm, registrou também, além de um terceiro observador na Alemanha. “Mas esses registros paralelos ainda não foram oficializados”, destaca Pereira. “Acho que de hoje (14) para amanhã (15) teremos alguma confirmação nesse sentido.”
Júpiter é um alvo preferencial para asteroides no Sistema Solar, com seu tamanho e gravidade, de forma que o evento, embora incomum, não é surpreendente. Vale nessa hora lembrar o maior impacto já monitorado com o planeta, ocorrido em 1994, quando o cometa Shoemaker-Levy 9, depois de se fragmentar em pelo menos 21 pedaços, colidiu com Júpiter ao longo de seis dias.
Aqueles impactos deixaram marcas observáveis em Júpiter por várias semanas, registradas detalhadamente pelo Telescópio Espacial Hubble. Agora, os astrônomos vão buscar sinais deixados pela nova colisão. E para quem é da turma “vem meteoro”, vale lembrar que Júpiter tem diâmetro onze vezes maior que o da Terra. O flash observado por Pereira tem porte comparável ao do nosso planeta.
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