Nasa adia retorno tripulado à superfície da Lua para “não antes de 2025”

Esqueça a volta à Lua em 2024. Na semana passada, a chefia da Nasa apresentou atualizações ao cronograma de retorno lunar tripulado. A agência agora diz que o primeiro envio de astronautas à superfície não acontecerá antes de 2025. E não se surpreenda se essa data escapar para 2026 ou mesmo 2028.

O bode expiatório foi o processo recentemente imposto na justiça federal americana pela empresa Blue Origin, de Jeff Bezos, após perder a licitação da escolha do sistema de pouso para o programa lunar. Com três companhias na disputa, a Nasa acabou optando por apenas uma contratação, com a SpaceX, de Elon Musk, baseada em seu veículo Starship.

Altamente inovador, ele poderia transportar até 100 toneladas de cada vez à superfície lunar, algo que mudaria as regras do jogo para a criação de uma futura base. Mas também é uma aposta de alto risco, já que muita coisa nunca feita antes (como reabastecimento em órbita e alta cadência de lançamentos) precisa ser demonstrada antes que ele possa cumprir a missão.

A Blue Origin questionou a escolha na justiça, dizendo que a Nasa poderia ter optado por duas empresas. Ao escolher apenas uma, além de inibir a concorrência, a agência estaria colocando o retorno à Lua em risco. Levou sete meses, mas a Corte Federal validou o processo de escolha da Nasa.

Bezos colocou o rabo entre as pernas, e a agência usou o atraso para justificar a perda da chance de fazer o primeiro pouso tripulado em 2024. Mas vale ressaltar que essa meta sempre soou fantasiosa. Agora virou “não antes de 2025”. Ainda assim, haja otimismo. Tem muita coisa que precisa acontecer antes das próximas pegadas humanas no solo lunar.

A ação começa no ano que vem, com a missão Artemis I. Ela levará pela primeira vez uma cápsula Orion, impulsionada à órbita lunar pelo novo (e caríssimo) superfoguete SLS. Mas sem tripulação. Deve acontecer no primeiro semestre. No momento, o cronograma indica fevereiro.

Depois disso virá a Artemis II, essa sim a primeira tripulada. Repetindo o perfil de voo de sua antecessora, representará o primeiro retorno de astronautas à órbita lunar desde as missões Apollo, encerradas em 1972. A planilha hoje indica que o voo deve ser realizado até maio de 2024. E não dá para subestimar seu valor histórico: ela será a Apollo 8 do século 21.

Em paralelo, a SpaceX precisa amadurecer sua versão lunar do Starship e realizar um pouso não tripulado bem-sucedido na Lua, antes de poder levar os astronautas da missão de solo Artemis III. No momento, esse voo de demonstração não tem data para acontecer, mas a empresa espera realizar o primeiro lançamento orbital do Starship já no começo do ano que vem.

São essas as duas caminhadas paralelas que vão determinar quando veremos humanos saltitando pela Lua novamente. Segue sendo otimista pensar que será em 2025, mas o caminho está traçado, e os percalços, mapeados.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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