Astronomia: O Golden Record da Voyager

Salvador Nogueira

Lançadas há 40 anos, Voyagers levam consigo imagens e sons da Terra para alienígenas.

MENSAGEM NA GARRAFA
exatos 40 anos, em 1977, partiram da Terra duas espaçonaves gêmeas: Voyager 1 e 2. Sua missão era explorar os planetas gigantes — Júpiter, Saturno, Urano e Netuno — e, depois disso, rumar para o espaço interestelar, levando a bordo o mais incrível monumento à humanidade jamais construído. Uma mensagem na garrafa atirada ao oceano cósmico.

O GOLDEN RECORD
Conta Ed Stone, cientista-chefe da missão: “Carl Sagan foi questionado, uns seis ou sete meses antes do lançamento, poderia ele projetar uma placa para a Voyager? E eles voltaram não só com a placa, mas com um disco de 16 e 2/3 rotações por minuto. Uma gravação de dois lados.”

VIVA A MÍDIA FÍSICA
O consenso foi que ela seria muito mais durável que qualquer coisa mais moderna. Nenhum componente eletrônico poderia sobreviver por séculos no espaço. “Mas um disco feito de cobre e recoberto por ouro poderia sobreviver por bilhões de anos.”

MANUAL DE INSTRUÇÕES
Além do disco, na capa, os cientistas indicaram como ele poderia ser tocado por qualquer civilização tecnológica. O manual não usava palavras; só símbolos. Começava indicando uma unidade de tempo — a frequência de transição do hidrogênio, o elemento mais simples do Universo. Com ela, indicava o ritmo de rotação apropriado e como tocá-lo.

DECODIFICAÇÃO
Um diagrama mostrava a forma de onda dos sinais das imagens no disco e outro explicava que cada imagem tinha 512 linhas verticais. Se tudo desse certo, a primeira fotografia decodificada seria um círculo. E um mapa da posição do Sol com relação a 14 pulsares circundantes indicava o ponto de origem da mensagem.

SONS E IMAGENS DA TERRA
Além de 115 imagens, o disco também traz sons do nosso planeta, saudações em 55 línguas antigas e modernas e músicas de várias culturas. Afixado às Voyagers, destinadas a vagar inertes entre as estrelas da Via Láctea, ele resistirá mais tempo que a própria Terra. Uma lembrança perene de uma espécie que se recusa a ser esquecida num Universo em constante transformação.

BÔNUS 1: Mais sobre a missão Voyager
Saiu na edição de domingo (20) da Folha uma reportagem do Mensageiro Sideral sobre os 40 anos da missão.
Missão de exploração espacial mais longeva, Voyager completa 40 anos

E, claro, já publiquei outras histórias sobre a missão no passado. Dê uma olhada nos conteúdos “vintage” que você pode ler nos arquivos da Folha.
Voyager vai à fronteira do Sistema Solar (2000)
Voyager-1 cruza fronteira do Sistema Solar (2003)
Depois de 36 anos no espaço, sonda Voyager sai do Sistema Solar (2013)
A Voyager e o iPhone (2013)
Voyager: o Sistema Solar antes e depois (2013)

E ainda não me cansei! Se você também não, nesta quinta-feira (24) confira aqui mesmo no blog o próximo episódio da série CONEXÃO SIDERAL, que trará uma entrevista com Ed Stone, o cientista-chefe da missão Voyager.

BÔNUS 2: Eclipse solar!
Esta segunda-feira (21) é dia de eclipse solar! Ele será total numa faixa que cruza os Estados Unidos e parcial nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Confira tudo com o Mensageiro Sideral, ao vivo, das 14h às 18h.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Comentários

  1. Salvador, pode explicar como funcionam as tais baterias de plutônio e como é feita a transmissão de dados e quanto tempo demora pra fazer um download de informações?

    Obrigado!!!

    1. É basicamente um montinho de plutônio que, por ser instável, vai sofrendo decaimento. No decaimento, gera calor — energia térmica. Aí um sistema de fios converte a energia térmica em elétrica, para uso pelos instrumentos. Como o plutônio vai se transformando pelo decaimento, a cada ano que passa tem menos dele para decair, e por isso a quantidade de energia vai diminuindo, até acabar.

      A transmissão de dados é feita por ondas de rádio, que viajam à velocidade da luz. E o download é bem lento, porque a qualidade do sinal é baixa — mais lento que internet discada.

  2. Pô meu, para de publicar o que não posso ler na minha pagina do facebook, isso tá me enchendo.

    1. Ah bem. Eu não publico na sua página. Eu publico na MINHA página e você programou a SUA página para exibir as MINHAS postagens. 😛

  3. Salvador, li que as Voyagers se encontram a 100 e 130 UAs cada uma. Isso dá que elas viajaram em média 3 UAs por ano. É possível afirmar que elas levarão 20 mil anos para chegar às 60 mil UAs, limite da Nuvem de Oort?

    1. Não, mas me perguntaram sobre esse editorial ontem para ver se estava tudo em cima. 😉

  4. Acho que isso é o que se chama de sincronicidade. Estive a pesquisar o conteúdo do disco dourado ontem e hoje me deparo com esta matéria. Aproveito para indicar o documentário “The Farthest”, que narra com muita competência, informação e bom-humor a saga das sondas Voyager 1 e 2.

  5. Só lembrando, temos que manter o contato com a Voyager a qualquer custo, senão ela voltará no futuro destruindo tudo em seu caminho a procura de seu criador …

  6. Salvador, off:

    Considerando que não dá pra saber exatamente quando a vida começa, então usar o aborto como método contraceptivo (portanto excluindo casos como estupro do argumento), sabendo que temos 50% de chances tanto de tirar uma vida como não, então só será possível tomarmos o lado conservador de não permitir isso, pelo menos enquanto a ciência não dizer onde exatamente se dá o início da vida. Concorda?

    1. Bem, como método contraceptivo, aborto é sempre indesejável. O ideal é a adoção de métodos preventivos de contracepção. Tendo dito isso, discordo da sua afirmação de que devemos proibir com base no princípio da precaução (ou seja, na dúvida, pró-vida). Esse mesmo princípio nos obrigaria a acabar com as clínicas de fertilização in vitro e/ou obrigar todos os embriões a serem implantados para terem uma chance de viver, pois não poderíamos determinar seus “direitos humanos”.

      Indo mais fundo, ninguém realmente tem dúvida sobre onde começa a vida. A vida é um processo CONTÍNUO. Ela começou há 4 bilhões de anos e desde então está ininterruptamente nesse processo de replicação que é absolutamente contínuo. Espermatozoides e óvulos estão vivos. As células-tronco que os produzem estão vivos. E células cancerosas também estão vivas, também têm DNA humano, e ninguém defende seu direito à vida. Qual é a divisa? É a da vida INDIVIDUAL. Quando começa a vida do indivíduo humano? Essa é a pergunta difícil.

      Contudo, ainda que seja difícil determinar exatamente quando o indivíduo humano começa, há evidências bastante concretas de que não é na concepção. Como provar isso? Fácil. Lembre-se que gêmeos univitelinos são DOIS (ou mais) INDIVÍDUOS, que no entanto nasceram do mesmo óvulo fecundado. Claramente o óvulo fecundado não é um indíviduo, pois se fosse como poderia dar origem a DOIS humanos? Algo que acontece depois da concepção vai definir o indivíduo (ou os indivíduos). E é isso que justifica moralmente o trabalho das clínicas de fertilização in vitro e dos cientistas que lidam com células-tronco embrionárias. Um óvulo fecundado, ou mesmo um blastocisto, ainda pode dar origem a mais de um indivíduo, e portanto não são, por si mesmos, indivíduos. Logo, não têm (ou deveriam ter) direitos individuais.

      Isso também abre uma clara porta para a defesa de aborto, se feito suficientemente no início. Quanto no início? Essa é a verdadeira controvérsia. Para mim é razoável supor que ninguém vai defender aborto no último trimestre, em que o feto tem clara chance de vida mesmo que nasça prematuro. Por outro lado, não dá para dizer até quando pode exatamente. A ciência sugere uma fronteira, que é o surgimento do sistema nervoso. Antes que ele se forme, o embrião não tem a capacidade de sofrer ou sentir nada, logo, não tem uma existência propriamente humana, ou sequer animal, em nenhum sentido. Isso colocaria a fronteira da tolerância no primeiro trimestre. Tende a ser essa a minha posição — acho que deveria ser legalizado até o fim do primeiro trimestre de gravidez, e depois não mais.

      Mas uma outra discussão que se interpõe a essa é a de saúde pública. De nada adianta proibir se as pessoas vão fazer do mesmo jeito. Aí é melhor flexibilizar as regras, pois sairia mais barato para os SUS, mais seguro para os envolvidos e haveria maior chance de intervenção psicológica para uma decisão consciente.

      É um assunto delicado. Tendo a achar que, como a bola é dividida, o estado deveria tomar especial cuidado em não legislar com base em fé. Acho que cabe a cada pessoa, cada consciência, decidir o que é certo e o que é errado — claro, dentro de certos limites mínimos que podem ser estabelecidos, e cujas balizas citei antes.

      Minha posição: eu pessoalmente, fosse mulher, não faria um aborto, nem encorajaria que alguma mulher o fizesse. Mas entendo quem faz, acredito que tem esse direito de fazer e não me julgo com autoridade suficiente para recriminar, quanto mais criminalizar a decisão.

      1. Salva, vou ser chato pra caramba e comentar uma frase, tirando-a claramente do contesto.
        ” A ciência sugere uma fronteira, que é o surgimento do sistema nervoso. ”
        Creio que seria mais prudente dizer: “Os cientistas sugerem uma fronteira…”
        Digo isto porque há aqueles que deturpando o conceito “ciência” tendem a ver esta, não como forma de adquirir conhecimento, mas com uma entidade a ser combatida, ou mesmo defendida.
        Compreendo que este cuidado não vai deter os chatos (diferentes deste chato aqui), mas pelo menos dificultar um pouquinho a sua argumentação.
        Abraço e parabéns pela cobertura do eclipse ontem.

        1. Acho que é uma pontuação importante, mas ao dizermos que são os cientistas, e não a ciência, parece não haver um fato estabelecido. Há. Existe de fato uma fronteira que marca a constituição do sistema nervoso. Ela é conhecida. O que está sujeito à discussão é se essa é a fronteira apropriada para discutirmos aborto. Então talvez o mais correto fosse dizer: “A ciência sugere uma fronteira, e muitos cientistas defendem que ela deveria ser eleita como critério…” 😛

          Enfim, questão espinhosa. Reconheço. Todo cuidado é pouco.

  7. KKK, até que seria engraçado!! Já pensou recebermos a imagem de um homenzinho verde de três olhos segurando orgulhoso o Golden Record ao lado dele? 🙂

  8. Lembra aquele “diário” da Voyager em primeira pessoa que a NASA publicou uns 30 anos atrás Salvador? ( bom, acho que foi a NASA )
    Lembro de ter ficado com nó na garganta enquanto estava lendo

    1. Não lembro, cara. Com 30 anos atrás, eu tinha 8 só, e tudo que tinha feito era escrever uma carta para a Nasa… rs

  9. Bom dia Salvador.
    Li a excelente e arrepiante reportagem de ontem na Folha e não sabia que a Voyager havia ultrapassado a Pioneer 10. por falar nisso, onde está a Pioneer? Qual a direção (se pode-se dizer assim) que cada uma segue?
    Obrigado.

    1. Tem cinco sondas saindo do Sistema Solar: Pioneer 10, 11, Voyager 1, 2, e New Horizons. Todas estão em direções diferentes, mas não passarão a menos de 1 ano-luz de nenhuma estrela por dezenas de milhares de anos. Não me lembro de cabeça as direções exatas, e não posso checar agora por conta do eclipse iminente… rs

      1. Bom dia e feliz Eclipse solar total, caríssimo Salvador… Aliás, falando em sondas transitando pelo espaço sideral já à looooongo tempo, será que já foi notado eventual “choque acidental” de alguma nave terrestre(dessas e das demais naves lançadas) com algum fragmento ou partícula errante qualquer, quando em trânsito pelo espaço???? Só para justificar, essa pergunta decorre de dúvida se, em viagens mais longas, até mesmo as tripuladas previstas para Marte, a Nave e tripulação correrão algum considerável risco de chocar-se com detritos ou fragmentos, minúsculos ou não, durante a viagem, ou será que já existe algum tipo de proteção que minimize essa possibilidade ou os danos decorrentes… OU o Espaço é tããããão grande e proporcionalmente tããão “vazio”, que o risco da nave ser atingida, ainda que existente, é tão insignificante que não vale à pena se preocupar com tamanho e eventual “azar”????

        1. A ISS é constantemente atingida por micro partículas. A MIR sofria do mesmo problema. E esses são os casos em que podemos cravar que houveram impacto, mesmo sem maiores consequências.

          Confirmar não tem como, mas até onde sabemos o problema na missão Apollo 13 pode muito bem ter sido causado por um impacto com uma partícula errante qualquer.

  10. Olá, Salvador. Ótimas lembranças…
    Gostaria de saber como a Nasa recebe informações dessas espaçonaves, que estão tão distantes da Terra. Qual seria o tempo até receber os dados… e fotos, elas continuam enviando tb? Onde podemos ver as mais recentes? Abraço! E parabéns pelas matérias 🙂

    1. Fotos não. Recebe os dados com a Deep Space Network, uma rede de antenas enormes distribuídas pelo mundo. E estão a algumas horas-luz de distância, que é o tempo de tráfego das informações de lá até cá.

    1. Têm um rumo, mas não na direção de uma estrela específica. Passarão a coisa de 1 ano-luz, 1 ano-luz e pouco, de algumas estrelas no futuro longínquo.

  11. Essa para mim é uma das maiores idiotices feitas pela raça humana. Se existir alguém lá fora, ninguém sabe o que esperar. Será que acham que todo mundo é bonzinho? Nem nós somos! Imaginem se chega aqui na Terra um disco com uma série de informações de uma outra civilização extraterrestre. Um planeta acessível, repleto de riquezas naturais. O que os terráqueos fariam? 🙂

    1. Acho que você está com a perspectiva errada. É muito mais fácil acharem o nosso planeta do que acharem a Voyager, um objeto de 700 kg perdido no espaço interestelar. E qualquer civilização extraterrestre reconheceria que há objetos muito mais fáceis de explorar, caso o objetivo seja a obtenção de recursos naturais, do que a Terra. Se o assunto for metais raros, o cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter tem muito mais e de forma mais acessível. Mesmo água — nosso recurso natural mais abundante — poderia ser extraída com mais facilidade de cometas. O único motivo pelo qual nós exploramos os recursos naturais da Terra é que nós já estamos aqui, e por isso é mais fácil para nós. Mas eles não estão aqui e, se estão no espaço, gastarão menos energia para decolar e pousar se escolherem objetos menores (e muito ricos em recursos naturais) como asteroides e cometas.

      Por fim, retomo ao começo do argumento: ainda que a Terra possa de algum modo ser cobiçada por alienígenas, é muito mais fácil eles acharem a Terra diretamente do que via o encontro fortuito com uma espaçonave velha no espaço sideral. (Veja que nós, com nossa tecnologia precária, já encontramos milhares de planetas; mas ainda estamos por achar uma espaçonave alienígena. Aliás, até mesmo as nossas espaçonaves vez por outra perdemos, tamanha a dificuldade de encontrar algo no espaço se você não sabe onde está.)

      1. Salve Salva..
        Mas se eles não quiserem metais ou água, quiserem apenas escravos?!
        Ou sendo mais radical ainda, se carne humana estiver dentro de seu paladar? Pois por mais que achemos isso absurdo, somos uma civilização evoluída e mesmo assim nos alimentamos de carne animal, sei de toda a diferença de carne humana para carne animal, mas será que isso não é apenas questão de ponto de vista? e se nós fomos tão desprezíveis para eles quanto é porco de cada feijoada nossa?

        1. Se quiserem escravos, poderão construir robôs sem consciência. Nós já começamos a fazer isso. Eles certamente têm capacidade para fazer mais, melhor e mais barato — e nem precisam viajar sei lá quantos anos-luz para tê-los. Agora, vamos supor que eles tenham desenvolvido uma apreciação pelos “direitos dos robôs”. Nesse caso é certo que sua ética passou antes pelos direitos dos seres vivos, de modo que também podemos nos tranquilizar a esse respeito. (Não consigo imaginar como uma civilização poderia reconhecer direitos em máquinas, mas não em pessoas biológicas.)

          Aí tem o lance do paladar. Também é improvável. Lembremos que a vida na Terra é baseada num conjunto específico de aminoácidos e ácidos nucleicos que pode não ser a base da vida em outros mundos. Mas, mesmo que seja, o que nos permite nos alimentar de animais na Terra é o fato de que evoluímos nesse ambiente, que selecionou metabolismos capazes de processar as proteínas encontradas nos animais daqui. Para alienígenas, comer gente provavelmente vai ser, na melhor das hipóteses, bem pouco nutritiva, e na pior, venenoso. Na primeira caganeira, iam desistir de comer humanos. rs

          (E claro que, mesmo que fosse tudo 100% compatível, já estamos desenvolvendo aqui na Terra tecnologia para cultivar carne em laboratório, sem precisar criar o animal inteiro. ETs que por ventura queiram se deliciar com bife humano a cavalo podem muito bem só colher células-tronco nossas e aí produzir um suprimento inesgotável de carne humana em seu planeta, sem ter de gastar toda a gasolina para viajar por anos-luz até o açougue mais próximo.)

          1. Uffaaaaaa que bom….esse mistério sobre o paladar deles a anos vinha me preocupando…ehehehe.

            abçs

    2. Em que pese o sucesso da missão no tocante às explorações de Júpiter e Saturno, o restante da missão é um delírio. Dizer que as mensagens vão “resistir mais tempo que a própria Terra” é outra alucinação.

      Um objeto como esse, vagando sem rumo no espaço cósmico, tem muito mais chance de ser destruído. Por exemplo, poderia ser tragado pela atração gravitacional de um corpo celeste e mergulhar para uma inevitável destruição.

      Mesmo na remota possibilidade de existir vida extraterrestre, dada as diminutas dimensões da sonda, a probabilidade de alguém encontra-la seria a mesma de localizar uma cabeça de alfinete no meio do Oceano. Só mesmo uma mente chapada como a de Carl Sagan para propor uma loucura como essa.

      1. Urano e Netuno, alguém? Ou o último texto que você leu sobre a Voyager é de 1985?

    3. “O que os terráqueos fariam?”

      Hoje em dia, nada. Só conseguimos até agora mandar gente pra lua, e os projetos para irmos até marte ainda estão engatinhando…

      Mas de qualquer forma, não dependemos de receber um disco com informações interestelares para descobrir se existe algum planeta habitável perto, podemos procurar por nós mesmos. E acredito que uma civilização alienígena teria capacidade semelhante ou ainda muito superior, e já teria nos encontrado se realmente quisessem… 🙂

  12. Depois de 40 anos na solidão deste mundo cósmico, fico me perguntando por que ela não esbarrou em algo. Se imaginarmos civilizações extraterrestres em suas espaçonaves passeando pelo universo, era bem capaz que alguma delas tivesse encontrado e recolhido para uma análise minuciosa. Mesmo a transmissão de dados por todo este tempo, deveria ser objeto de captação de um alien, já que nós captamos aqui. Para acabar de azarar, sequer colidimos com alguém. É claro que a distância em que elas se encontram, apesar de longínqua para nossos parâmetros, é logo aí em termos de espaço. Mas não me refiro à distância, mas sim ao tempo que ela está voando. Quarenta anos é um tempo suficiente para alguém encontrar. Uma civilização que encontrasse, poderia facilmente descobrir a frequência da onda que a sonda transmite e enxertar um sinal que chegaria aqui na maior facilidade. Soma-se a isso nossas transmissões rádio e televisão que já estão a 100 anos luz daqui. Por essas e outras que cada dia mais estou ficando com a impressão que o universo é um lugar vazio e parece que estamos sozinhos nesta imensidão.

    1. Acho exatamente o contrário. A probabilidade de elas encontrarem alguma coisa é ínfima, mesmo que exista imenso tráfego de espaçonaves no Universo. Às vezes a gente não tem a noção do tamanho do vazio lá fora. É imeeeeenso. Você pode atravessar o cinturão de asteroides (a região mais povoada por objetos que conhecemos) sem jamais encontrar nada pelo caminho. Imagine o vazio interestelar. A Voyager é um pedaço de lata de 700 kg viajando de maneira inerte pelo Universo. Para alguém detectá-la, teria de ter instrumentos muito além daqueles que somos capazes de desenvolver e ainda assim não confundi-la com um asteroide metálico de pequeno porte viajando a esmo pelo espaço interestelar. As chances são ínfimas. Por isso que eu acho que a principal mensagem da Voyager não é para alienígenas, é para nós mesmos: nós atingimos um estágio em que somos capazes de produzir um registro da nossa cultura que pode perdurar por bilhões de anos — mais tempo do que os humanos mesmo viverão. Isso sim é incrível.

    1. A missão da Voyager não é contatar outras civilizações. A missão da Voyager é estudar o espaço interestelar. Nesse sentido, muitos resultados foram obtidos. Veja os links que postei. 😉

    2. Como assim? Você esperava que um alien ficasse na frente da câmera da voyager e nos mandasse uma selfie dele? 😀

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