Satélite pifado sabota busca por outras Terras
O leitor frequente do Mensageiro Sideral há de se lembrar da pesquisa de Charles Lineweaver, que recentemente usou astronomia do século 18 para prever a existência de planetas até agora desconhecidos — e possivelmente habitáveis — ao redor de estrelas similares ao Sol. Pois bem. Troquei umas figurinhas com ele e descobri que a pifada recente do Kepler, satélite caçador de planetas da Nasa, vai atrapalhar bastante a confirmação das previsões que ele fez. Confira abaixo a conversa que tive com Charley (não me critiquem, ele assina assim no e-mail).
Mensageiro Sideral – Seu trabalho mostra claramente que a relação de Titius-Bode, concebida no século 18, não é uma coincidência. Quando se tem um versão genérica dela que se encaixa em 94% dos sistemas com múltiplos planetas, tem alguma coisa importante aí. Isso irá nos ajudar a entender como sistemas multiplanetários se formam?
Charles Lineweaver – Essa é a nossa esperança. Não há uma visão de consenso subjacente à relação de Titius-Bode. Ao encaixá-la a sistemas exoplanetários e ao quantificar esses encaixes, esperamos que esses detalhes empíricos nos ajudem a entendê-la melhor. Você deve notar que não a chamamos de “lei de Bode”. Muitos bons cientistas em todos os outros respeitos aplicam um pensamento preto ou branco a essa questão. Ou seja, eles assumem que ou um sistema planetário tem de encaixar a essa “lei” exatamente, ou não encaixa e pronto. Em nosso estudo, quantificamos o quanto os sistemas planetários se encaixam na relação de Titius-Bode e descobrimos que esses encaixes são muito bons.
Mensageiro Sideral – Parece que a relação de Titius-Bode é inútil para determinar a posição do primeiro planeta no sistema (da qual as de todos os outros naturalmente emergem). Você tem alguma ideia do que determina isso?
Lineweaver – Tanto a teoria como observações sugerem fortemente que os primeiros planetas a se formar num disco protoplanetário são os mais massivos e gasosos além da linha do gelo (Júpiter e Saturno em nosso Sistema Solar). As órbitas desses primeiros planetas a se formar então estabelecem zonas de exclusão em torno de si mesmos onde nenhum outro planeta pode se formar, e eles também criam ressonâncias de movimento médio (por exemplo, 2:1, 3:2) que parecem atrair outros planetas. Eu presumo que essa atração acontece quando o disco ainda está dissipativo (ou seja, ainda tem muita fricção por gás).
Mensageiro Sideral – Pelo Sistema Solar, vemos que Netuno não se encaixa com exatidão. É possível que haja um alcance além do qual as quase-ressonâncias se tornam menos importantes e a incerteza sobre a posição do planeta aumenta?
Lineweaver – Eu acho que algo assim pode ser verdade. Outra opção é que, embora haja dissipação suficiente nos estágios iniciais de formação planetária para estabelecer um padrão de órbitas ao estilo de Titius-Bode, pode haver espalhamento e migração pela interação entre planetas que acabam por apagar o padrão tipo TB.
Mensageiro Sideral – A recente pifada do satélite Kepler vai atrapalhar a corroboração da sua hipótese, ou há dados suficientes no momento para identificar pelo menos alguns dos planetas que você previu?
Lineweaver – A perda do Kepler não irá ajudar. Esperamos que apenas uma minoria de nossas previsões apareça nos dados do Kepler. Há três razões para isso. Primeiro, a relação de Titius-Bode não faz nenhuma previsão sobre as massas mínimas de nossos planetas preditos (pense, por exemplo, na predição de Titius-Bode para o cinturão de asteroides em nosso Sistema Solar). Planetas pequenos, com raio menor que o da Terra, não podem ser vistos nos dados do Kepler. Em segundo lugar, o Kepler é um detector de planetas em trânsito. Os sistemas exoplanetários não são perfeitamente coplanares. Há um espalhamento de uns poucos graus (como no nosso Sistema Solar). Logo, algumas das nossas predições não vão aparecer. Nosso próximo estudo irá quantificar isso. Em terceiro, alguns dos períodos são longos e, para planetas de raio relativamente pequeno, o Kepler não terá uma relação sinal-ruído suficiente para detectá-los.
Penso que a quantidade de elementos com peso atômico elevado não tenha uma distribuição homogênea na galáxia, pois se deve ao espalhamento causadao pelas novas. Desta forma seria prematuro categorizar a distribuição de massa em sistemas planetários baseada no nosso.
É mais lógico pensar que sistemas com gigantes gasosos são bem mais comuns.
Em míudos, a lei de Titus-Bode deve funcionar bem para a “sopa” com os ingredientes encontrados na formação de nossos sistema, não dá para generalizar.
Concordo que a perda do Kepler é uma lástima, e também com o ponto de vista do entrevistado na última pergunta; pela técnica, ele teria capacidade de explorar uma fração dos sistemas planetários.
Siderius, a relação de TB parece ter mais alcance do que o nosso Sistema Solar. Como mencionado no post anterior, e en passant neste, ela se encaixa em 94% dos sistemas planetários já conhecidos!
Segundo o dr Amnon Sitchin, se a lei de Bode for desnudada de artifícios matemáticos e conservar apenas sua progressão geométrica, e se a Terra for omitida, confirma a cosmogonia suméria, onde entre Marte e Júpiter, existiu Tiamat.
Júlio, se a Terra for omitida fica faltando alguma coisa na órbita dela. Pela lógica do Lineweaver, os únicos planetas cuja posição seria arbitrária seriam Júpiter e Saturno. Note que ele aplicou a relação de TB ao Sistema Solar como se fosse um sistema exoplanetário, e mesmo assim conseguiu recuperar os planetas faltantes. É verdade que a relação de TB prevê um corpo entre Marte e Júpiter — hoje interpretado como sendo o cinturão de asteroides –, mas nada pode fazer com que a Terra saia da progressão geométrica.
Blz Salvador, sou leigo pra confrontar sua informação com a do Amnon Sitchin, pra mim, o que vale, é que a relação de TB prevê um corpo entre Marte e Júpiter. abs.
Sim, o cinturão de asteroides (a relação de Titius-Bode não versa sobre massa, como o próprio Lineweaver aponta na entrevista).
Júlio,
Eu penso que toda civilização tem seu Einstein próprio. Os Sumérios, ao que tudo indica, eram bons astrônomos. Se um sábio da época, mais observador, medisse o tempo que os planetas levam para circular toda a eclíptica (basta observação visual), eles indiretamente chegariam a algo próximo da relação TB. Ou seja, mesmo sem saber exatamente o que estavam observando, apareceria em alguma plaqueta deles a série prevista. Acho que existem explicações mais terrenas para alguns fatos atribuídos ao contato dos sumérios com extra terrestres.
Paulo e Salvador, eu até estaria propenso a repensar tudo o que o Z Sitchin escreveu, caso fossem apenas interpretações, mas o Livro Perdido de Enki é uma tradução do cuneiforme, e aí fica a certeza da existência de Nibiru. Temos uns 200 peritos em cuneiforme no planeta, e nenhum questiona a tradução.
A tradução pode estar certa, mas isso não significa necessariamente que a informação escrita seja verdade. É só uma observação 🙂
Nem o Zecharia Sitchin, nem o Endubsar, nem o Enki inventariam uma História daquelas, se o Enki distorceu ou não alguma coisa, já é um problema deles.
De fato, a humanidade tem um histórico de nunca inventar/acreditar em mentiras. É só uma segunda observação. 🙂
Dalcin,
O que foi traduzido pode ter sido escrito por um gênio da época. Um romancista extraordinário, por exemplo. O inventor da ficção científica. Existem diversos mistérios que persistem ao longo dos anos até serem desvendados. O que questiono é sempre esta linguagem figurada que dá margem a diversas interpretações…..
Este estudo mostra, ao menos, que existe um processo semelhante na formação planetária. A estrela e os planetas vem de uma nuvem de gás que vai se compactando em forma de anéis e estes por sua vez formam os planetas. Se numa centrífuga você coloca os mesmos materiais e gira à mesma velocidade, esta estratificação acontece. Assim, sob mesmas condições de formação, é de se esperar que ocorra um padrão de formação. O mais importante é a possibilidade de prever planetas onde eles não foram encontrados e assim afinar a técnica de busca.