Uma chuva de meteoros discreta

Salvador Nogueira

Com toda essa conversa de pré-sal e falhas no Facebook, quem quer saber de chuva de meteoros? Os leitores do Mensageiro Sideral, naturalmente! E hoje à noite chegamos ao auge da chuva anual das Orionídeas, uma das mais importantes ocorrências regulares de estrelas cadentes.

Imagem mostra uma chuva de Orionídeas de respeito, em 2006.

A ação acontece normalmente entre os dias 18 e 23 de outubro, quando a Terra cruza órbita de um velho conhecido, o famoso cometa Halley. Ao passar por ela, detritos deixados pelo astro em suas passagens por nossas redondezas entram na atmosfera e queimam, produzindo o fenômeno. Nem preciso dizer que não é perigoso para ninguém, exceto se algum gatuno usar a oportunidade para convencer a namorada a passar a madrugada acordada com ele. Caso isso aconteça com você, querida leitora, não se deixe enganar: infelizmente o espetáculo deixará a desejar neste ano. Isso porque a Lua está praticamente cheia, e seu brilho ofusca a visibilidade para que os meteoros sejam notados.

Resta ainda uma esperança, contudo. “Sempre tem um ou outro mais brilhante”, destaca meu chapa Cássio Leandro Barbosa, astrônomo da Univap (Universidade do Vale do Paraíba) e blogueiro astronômico (pode lê-lo também, não sou ciumento). Contrariamente ao que se poderia imaginar, olhar na direção da constelação de Órion (famosa pelas “três marias”, facilmente reconhecíveis no céu) desta vez não vai funcionar. Por um desses acasos, a Lua vai estar quase em cima desse agrupamento de estrelas. Então, Barbosa sugere uma estratégia diferente.

O segredo é olhar para o horizonte leste, até umas 22h30 (horário de verão do Brasil). Depois disso, nascem ali a Lua e depois Órion, e aí a melhor estratégia é olhar para o lado oposto — o oeste, até o zênite (topo do céu), evitando assim olhar diretamente para nosso ofuscante satélite natural. É ruim não poder olhar para o ponto aparente de origem desses objetos — Betelgeuse, a segunda mais brilhante estrela da constelação –, mas nem tudo está perdido. Os meteoros irradiam dali, mas atravessam o céu em todas as direções. Talvez seja possível ver alguns, com um pouco de paciência.

Lá se vai a animação? Não fique assim. Convenhamos: o mês de fato não está muito bom para a observação do céu. Além de um eclipse lunar que praticamente não conseguimos ver, agora a Lua vem atrapalhar uma chuva de meteoros que só perde para as Perseidas em número de estrelas cadentes brilhantes. Bem, na pior das hipóteses, sempre há o ano que vem, não?

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Comentários

  1. a propósito da imagem que lhe mandei o link não lhe lembra algo de uma série de televisão…

  2. —-
    [… exceto se algum gatuno usar a oportunidade para convencer a namorada a passar a madrugada acordada com ele.]

    Rapáááá… vc com essa cara de anjinho barroco !!!
    Já deve ter usado essa velha técnica um montão de vezes.

    rsrsrs
    ——-

  3. Bah… fiquei até cerca das 18hs de ontem aguardando por um post no blog e nada. Mas por volta das 23horas enquanto eu calibrava meu app “skymap” apontado para a Lua, tive a impressão de ter visto um rápido risco no céu…..

    1. É bem possível! É de lá que iam irradiar os meteoros! E desculpe a demora para postar, mas o dia foi infernal ontem… abraço!

  4. Aproveitando que as coisas estão fracas, queria tirar umas dúvidas:
    Uma estrela de nêutrons só perceptível por causa dos raios x e rádio que elas emanam, mas elas não existem visualmente, é isso?

    1. Elas são muito pequenas para se ver com alguma definição. Mas se fosse possível chegar perto delas, seriam perfeitamente visíveis.

      1. Salvador tipo assim: átomos nós sabemos que existem mas jamais poderemos ver, então a minha dúvida é exatamente sobre isso o fato de os nêutrons serem partículas atômicas, os observadores só sabem a existência de uma estrela de nêutrons por causa dessas energias não porque de fato dê pra ver o objeto.

        1. Jonas, até dá pra ver átomos em microscópios. Mas mesmo que não pudéssemos ver, podemos ver um montão de átomos juntos, na forma de humanos, por exemplo. Da mesma forma, se você amontoar um montão de nêutrons, você os veria, embora um só não dê para ver mesmo.

      2. Salvador, ao menos num caso e com certos artifícios se pode ver uma estrela de nẽutrons: o pulsar do Carangueijo. E olhe que isso foi feito quase meio século atrás!

        1. Carlos, vê-se o pulsar mesmo? Eles conseguem “resolver” o objeto, como uma bolinha? Ou é só um brilho indistinto?

          1. Conseguiram contruir a curva de luz – então, fazendo a integração nas fases corretas, você vê o pulsar ou não vê, como em rádio. Naturalmente não se resolve o pulsar, como praticamente não se resolve estrela alguma (com rarísssimas exceções). Mas isso vale também para todos os comprimentos de onda. Uma estrela de neutrons (ou qualquer outra) também não é resolvida em radio ou raios X.

  5. Hoje o “mensageiro” esta fraquinho. É melhor aproveitar a noite para assistir “gravidade” com a sandra do que esperar pelas “estrelas cadentes”.

    1. Fraquinho por enquanto. Daqui a pouco os bibliófilos começarão a atacar, congestionando o blog. KKKKKKKK

  6. No meio desses fragmentos não haveria alguns (asteroides) grandes, acima de 50m de diâmetro ameaçando nosso planetinha?

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