Depois da morte, a ressurreição do Ison!

Salvador Nogueira

Sabe aqueles filmes de super-herói que, depois da trama resolvida e mais dez minutos de créditos, têm aquela cena final que coloca tudo de ponta-cabeça? Pois bem, meus amigos, a saga do cometa Ison ainda não acabou.

Depois que todo mundo viu o cometa reduzir paulatinamente de brilho e sumir por trás do Sol, parecia que o destino estava selado. Redução rápida de magnitude significava fragmentação, e um cometa aos pedaços não resistiria aos 2.700 graus Celsius que envolvem passar a 1,2 milhão de km de uma estrela. A essa temperatura, aos pedaços, todo o gelo derreteria. Até mesmo ferro vaporizaria.

Mas então uma pequena trilha, aparentemente de detritos, começou a emergir nas imagens, na trajetória que pertenceria ao Ison. E aí, uma surpresa adicional: o brilho começou a aumentar. O suspense durou até 00h49, quando Karl Battams, um dos coordenadores da campanha de observação organizada pela Nasa, anunciou pelo twitter: “Certo, estamos cravando, e você ouviu primeiro aqui: acreditamos que uma pequena parte do núcleo do Ison SOBREVIVEU ao periélio.

Imagem obtida pelo satélite Soho sugere que parte do Ison sobreviveu ao periélio

Então aí está, o gancho para a continuação da mais emocionante observação cometária de que se tem notícia.

Karl Battams diz que já observou mais de 2.000 cometas que passam raspando pelo Sol, e este não se compara a nenhum deles. Pode não ser o espetáculo visual que todos esperavam, mas em termos de ciência estamos diante de uma grande novidade. Que outras surpresas o Ison nos reserva, além de uma ressurreição?

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Comentários

  1. Ninguém diz uma só palavra sobre o tamanho e a nova trajetória dos detritos que possam ter sobrado. Qual é o risco desses detritos nos atingirem e causarem danos? Quais são as provas de que não há perigo algum?

    Ninguém diz nada. Todos saem de fininho e reina um silêncio sobre isso, basta ler nos sites da NASA e da ESA.

    Nenhum cientista admitiu que NÂO SABE O QUE ESTÁ ACONTECENDO! O ISON simplesmente sumiu, pois o gelo deve ter evaporado, e somente daqui uma ou duas semanas é que o Hubble confirmará se há pedaços perigosos ou não. Até lá, é só dúvida, especulação e saídas pela tangente.

    1. Deivid, não é bem assim. Os detritos seguem na rota projetada, longe da eclíptica e portanto da Terra. O objetivo de seguir o objeto após a fragmentação é de curiosidade científica, não de segurança planetária. Mas, claro, você pode continuar espalhando boatos até o fim de dezembro. Depois disso, o que quer que tenha sobrado do Ison já terá ultrapassado a órbita da Terra e os profetas do apocalipse terão de escolher outra nibirutice para apavorar os incautos.

  2. Parabéns pelo seu esforço e pela sua paciência de nos aturar, mas este tal Ison era grande, mas muito grande. e meteu muito medo num monte de neguinho. O tamanho dele chegando ou passando perto de Mercúrio
    Ha! pode ser (branquinho)

    1. Se tivesse o tamanho de Mercúrio, certamente teria sobrevivido à passagem pelo Sol. Estimativas com o satélite Swift, feitas enquanto ele estava mais afastado do Sol (e a coma não atrapalhava tanto a estimativa) sugeriam 5 km de diâmetro. Um grande pedregulho, mas ainda bem longe dos 4.800 km de Mercúrio…

  3. Bom dia.

    Grande Salvador, sei que você deve estar cansado devido aos acontecimentos dos últimos dias, e deve estar com o sono atrasado…
    Então, qual é a sua avaliação sobre as últimas imagens do SOHO? Parece que o que sobrou do ISON está se vaporizando totalmente…

    1. Pois é. Acabei de postar algo parecido com isso na página do Mensageiro no Facebook. Acho que o que restou dele está se desmanchando e talvez nem com telescópios profissionais seja possível vê-lo. As primeiras tentativas devem rolar no dia 5, no hemisfério Norte. Mas não parece bom…

    2. É Salvador, acho que você tem razão, olhando as últimas imagens da SoHO dá para ver que está ficando cada vez mais fraco e menor. De qualquer maneira foi espetacular! Vimos, ao vivo (!!), um cometa ser esmigalhado pelo sol, acompanhamos o último brilho de seus “restos mortais” e agora vemos eles se transformarem, de novo, em poeira de estrelas… foi bonito…

    1. Mais outro exemplo de gente que arranja uma explicação mais complicada ou cética quanto as explicações baseadas em conhecimentos científicos apenas para vender livros, fazer palestras e ficar bem de vida enganando pessoas crédulas. O que eles fazem não é ciência, é charlatanismo danoso ao ensino de ciências.

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