Depois da erupção vem a aurora

Salvador Nogueira
Aurora boreal registrada em Two Rivers, Alasca, pela americana Mariska Wright
Aurora boreal registrada em Two Rivers, Alasca, pela americana Mariska Wright

No dia 24 de fevereiro, uma erupção solar de grande magnitude aconteceu (e o Mensageiro Sideral falou dela na ocasião). Três dias depois, quem estava nas latitudes mais altas viu o mais belo e impressionante resultado desse fenômeno para os terráqueos: um show de auroras boreais.

A caçadora de auroras americana Mariska Wright registrou em vídeo o espetáculo, diretamente de Two Rivers, no Alasca. Confira que bacana. O movimento das auroras chega a ser hipnótico.

Agora que você já se encantou, vamos entender como tudo isso funciona. Quando ocorre uma erupção solar, nossa estrela-mãe despeja grande quantidade de partículas eletricamente carregadas para o espaço. Esse material viaja em alta velocidade na direção dos planetas do Sistema Solar. Mais lento que a luz, claro. Por isso podemos ver a erupção no Sol e, alguns dias depois, o resultado da passagem dessas partículas na direção da Terra.

Ao chegar aqui, elas interagem com o campo magnético terrestre. Como elas são partículas carregadas, a chamada magnetosfera as desvia do caminho do planeta. E isso é uma boa notícia, porque essa radiação seria prejudicial à vida se chegasse ao solo desimpedida. Mas nem todas as partículas são desviadas. Algumas delas são meramente canalizadas para as regiões polares (onde ficam os “pólos magnéticos” da Terra) e interagem com a atmosfera. O resultado são as auroras. Quando acontecem no hemisfério Norte, são chamadas de boreais. No Sul, são as austrais.

Ao serem “conduzidas” pelos campo magnético terrestre para os pólos, as partículas se chocam contra moléculas de ar. Se elas encontram o oxigênio atmosférico, as auroras ganham uma cor esverdeada ou alaranjada, dependendo da quantidade de energia da radiação. Quando a interação se dá com o nitrogênio, as luzes têm tons azuis ou vermelhos.

TEMPORADA DE AURORAS

Estamos numa época particularmente boa para a caça às auroras. Isso porque o Sol atingiu em meados do ano passado o seu “máximo” — a época em que a atividade solar é mais intensa, num ciclo que dura 11 anos. Embora nossa estrela esteja incomumente quietinha nos últimos ciclos, ainda assim o nível de atividade durante o “máximo” é suficiente para produzir diversas auroras.

O brasileiro Marco Brotto (caçador de auroras que o Mensageiro Sideral apresentou aqui) também foi em busca delas em fevereiro de 2014, desta vez na Noruega. Embora no dia 27 ele já estivesse de volta a Curitiba, ainda assim ele não saiu da Lapônia de mãos vazias. Confira duas imagens captadas por lá.

Marco Brotto registra a aurora boreal na Lapônia. Papai Noel curtiu.
Marco Brotto registra a aurora boreal na Lapônia. Papai Noel curtiu.
Os caçadores e a presa na mesma imagem.
Os caçadores e as presas na mesma fotografia.

Para fechar o show, confira um vídeo produzido por Brotto que dá uma noção boa do movimento das auroras — em ritmo acelerado. Um segundo na imagem equivale mais ou menos a 10 minutos do tempo real. Ou seja, no céu a coisa se desenrola bem mais devagar do que vemos aqui. “A intenção foi dar prioridade ao movimento para que as pessoas tenham noção de como ela dança”, diz Brotto. “Não foi feito nenhum retoque de software nas fotografias.”

Em uma palavra: apaixonante. Não é à toa que algumas pessoas viajam o mundo só para testemunhar ao vivo esse fenômeno natural. O celeste e o terrestre se encontram no show das auroras.

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Comentários

  1. Numa daquelas extraordinárias ‘coincidências’, ocorreu uma aurora boreal, de coloração predominantemente avermelhada, em 25 de janeiro de 1938, que foi vista até em países do Mediterrâneo, justamente a poucos meses do início da segunda grande guerra…

  2. Rodrigo, jogue sim. O jogo ainda tem MUITO pra melhorar, mas mesmo do jeito que está já dá pra se divertir horrores.

    Dica: faça todos os tutoriais do jogo. E veja mais tutoriais no Youtube. E tente botar o foguete na órbita de Mun sem esborrachar os Kerbals na superfície dela. 😀

    Ainda não cheguei a construir rovers ou satélites, mas tô chegando lá. Meu último foguete tem um “laboratório júnior”, já coletei vários dados enquanto na órbita de Kerbin (órbita, inclusive, bem difícil de alcançar.. Newton é implacável!!!).

    Qualquer dúvida poste aqui que eu vejo se consigo te ajudar.

    Abs.

      1. Porra, Salvador. Te mandei várias vezes em outros comentários.

        O jogo é sensacional, e como ainda não está pronto, cada update traz coisas novas. Dá uma olhada na demo, mas te garanto que vale a pena comprar o jogo full mesmo estando em desenvolvimento. Tem muita coisa legal que dá pra fazer.

        Dá uma lida aqui:

        http://meiobit.com/134355/resenha-kerbal-space-program/

        Até o pessoal do Jet Propulsion Lab da Nasa tava empolgado em jogar o Kerbal, tem várias notícias sobre o assunto por aí.

        Tem até um tutorial de como reproduzir a Apollo 11:

        http://wiki.kerbalspaceprogram.com/wiki/Tutorial:_Apollo_11

        Site oficial:
        http://www.kerbalspaceprogram.com/

        Aconselho que disponibilize um tempo pra jogar, pq quando vc começar, não vai querer parar até botar os verdinhos na Mun.

        1. Heheheh, vou tentar. Mas confesso que meu tempo atualmente é a minha commodity mais preciosa. 😛

          1. I know that feel, bro.

            Inclusive tenho dividido o escasso tempo que tenho entre Civilizaiton V e Kerbal 🙂

            Agora quando sair esse “mod” da NASA aí, vish… bye bye Civ. rs

            O legal é que tem o Kerbal Space Port, com centenas de mods feitos pela comunidade.. isso expande a experiência de jogo de uma forma inimaginável:

            http://kerbalspaceport.com/

            🙂

      1. Rodrigo, jogue sim. O jogo ainda tem MUITO pra melhorar, mas mesmo do jeito que está já dá pra se divertir horrores.

        Dica: faça todos os tutoriais do jogo. E veja mais tutoriais no Youtube. E tente botar o foguete na órbita de Mun sem esborrachar os Kerbals na superfície dela. 😀

        Ainda não cheguei a construir rovers ou satélites, mas tô chegando lá. Meu último foguete tem um “laboratório júnior”, já coletei vários dados enquanto na órbita de Kerbin (órbita, inclusive, bem difícil de alcançar.. Newton é implacável!!!).

        Qualquer dúvida poste aqui que eu vejo se consigo te ajudar.

        Abs

    1. É, afinal como diz o texto, foi Deus que fez tudo isso aí com os dedinhos mágicos dele. Tá lá, escrito nas entrelinhas do texto do Salvador.

      Tsc tsc…

    2. Caro Chiquinho, vendo essas maravilhas, eu acredito em Deus (escoha pessoal minha, que fique claro).

      Vendo também as terríveis imagens do tsunami na Ásia, e o rastro de destruição deixado por ele; vendo também as não menos chocantes imagens do terremoto e do tsunami no Japão, continuo acreditando em Deus.

      Não penso que Ele se atenha mais às belezas do que aos desastres… mas crentes como vc. só se lembram do Criador nas horas boas e belas, certo?

      Nas horas ruins… deixa para lá. Ou joga a culpa no tinhoso.

      Defendam suas crenças, mas sejam pelo menos realistas: Deus, para ser quem entendemos que ele é, tem que estar por trás de todos os eventos. Não apenas dos “bonitos”.

      1. Em tempo: não conheço UM crente, que seja, que olhe para um desastre e diga que tem quem não acredite em Deus…

        Deve ser porque fica meio “mal” considerar que o mal também tem que ser obra de um Criador, a partir do momento em que consideramos que ele fez tudo, sabe e pode tudo.

        Mas, para “vender o peise”, somente lembrem-se de Deus nas coisas boas, belas e prazerosas; nas demais… bem o diabo precisa ser lembrado em algum momento, não é mesmo??? 😉

  3. Parabéns patrício Marco Brotto!…Com essas imagens da aurora boreal, nem preciso gastar dinheiro para viajar até lá. Perfeito, muito lindo mesmo e obrigada.

  4. Descrever a emoção de assistir esse espetáculo ao vivo, é impossível. Ainda mais nesse período de atividade intensa…é de tirar o fôlego!

  5. Será que os cientistas da base Comandante Ferraz não dão uma canja aqui pro blog e postam algum vídeo da aurora austral “brazuca” prá nosso deleite?

    1. Seria bacanérrimo! Duro é que seriam fotos antigas, porque a estação pegou fogo e está difícil sair a construção da nova base brasileira…

  6. Salvador, nosso campo magnético é estável, ou seja há perigo de ele se alterar em curto, médio ou mesmo longo prazo, de forma a colocar em perigo a vida na terra? abraço

    1. Ele está em vias de se inverter — o que pode ou não ser perigoso. Já deu discussão boa aqui no blog antes. O registro fóssil não parece indicar que seja uma grande ameaça, pois outras inversões já aconteceram no passado.

  7. Pow Salvador, vamos incentivar também as auroras austrais né! Em Ushuaia, que não é chique como a Europa, dá prá vê-las.
    Podemos até pensar na aurora austral com um fenômeno nacional, afinal pelo tratado, o Brasil tem um pé na Antártica!

    1. Bom dia Pessoal… A austral eh muito mais difícil de ver em razão da localização da oval no hemisfério sul, ela praticamente fica somente sobre a Antártida. Precisaríamos de uma atividade muito forte como essa que ocorreu semanas atrás para observar aurora austral.
      Temos uma distorcao no mapa mundi e achamos que Usuhaia 54S esta dentro do circulo polar latitule 66S e na verdade esta “bem” longe. Mas Aurora Austral nao deixa de ser um objetivo … Obrigado pelos comentarios.Abracos

    2. A questão de ver a Aurora Boreal e não a Austral é que a cidade de Tromso, na Noruega, é um dos locais com melhor infraestrutura para o viajante ir à caça do fenômeno. Sem contar que lá não é muito frio (!!) pois a cidade está no nível do mar. As temperaturas dificilmente passam dos -10C, o que é tolerável em se tratando de Pólo Norte. Sem contar que há agências especializadas que levam com conforto, segurança e aos locais de onde as luzes podem ser vistas. Acredito que as luzes, na Antártida, só podem ser vistas por quem mora/trabalha nas bases. Não sei se há hospedagem para quem não faz parte da expedição.

  8. Belíssimo espetáculo. E, salvo engano, com a inversão dos polos magnéticos, elas poderão ser vistas até perto do equador e com mais intensidade, certo Salvador?

  9. Salvador sem querer desmerecer os trabalhos dos autores e o seu inclusive, até que a ciência identifique novos fenômenos ou formas de captar as astronômicas energias que fluem no entorno da Terra e por efeitos magnéticos gerem as “fantasmagóricas” auroras boreais/austrais, elas são “apenas” um sensacional espetáculo.

    Hoje estava lendo algumas de suas matérias passadas e, para mim, nada em pesquisas espaciais é mais fabuloso que as aventuras das Voyagers 1 e 2. Ainda me lembro da grande preocupação que causaram os lançamentos daquelas naves para toda a humanidade porque as geradoras de eletricidade eram nucleares e, caso os lançamentos falhassem e caíssem em terra poderiam provocar contaminações.

    Naquela matéria de 13/09/13 intitulada Voyager: antes e depois, quando você descreve a aventura por Saturno, no terceiro parágrafo você escreveu: “Em 2005, a sonda Huygens, da agência espacial europeia mergulhou atmosfera adentro e tirou fotos do solo de Titã — primeira vez que uma sonda pousa numa lua que não a nossa.” Apesar de que eu tenha interesse nestas empreitadas espaciais, não creio que tenha tido o privilégio de ver as fotos do solo de Titã e tudo que me recordo era sobre a enorme pressão atmosférica que danificaria a sonda. Você possui em seu banco de dados as tais fotos? Seria possível divulga-las?

    Obrigado antecipadamente e parabéns pelo seu trabalho, que pelo número de comentários prova a “sua audiência” ou seguidores.

    1. Tetsuo, agora estou no iPad. Quando estiver no computador, vou atrás das fotos pra ti.

      1. É nóis, tá mais fácil de ver foto de outras luas que gol do Corinthians… Também quero ver!

    2. Tetsuo, aqui vai a imagem mais famosa da Huygens, após o pouso:
      http://www.esa.int/spaceinimages/Images/2005/01/First_colour_view_of_Titan_s_surface

      Também há uma sequência de imagens durante a descida, que você pode ver aqui:
      http://www.esa.int/Our_Activities/Space_Science/Cassini-Huygens/Landing_on_Titan_the_new_movies

      A pressão atmosférica na superfície, se não me engano, era apenas 1,6 atm, bem manejável. Atmosfera problemática para atravessar é a de Vênus (90 atm na superfície), mas mesmo assim algumas sondas soviéticas chegaram lá e tiraram fotos na superfície.

      Abraço!

      1. Obrigado Salvador.

        Visitei os links recomendados e irei “explorar” mais detalhadamente e com mais tempo. Achei as imagens super bacanas, mas com os olhos de um terráqueo, bastante desoladores.

    1. Nelsomar, e muitas vezes, a humanidade é que precisa se proteger da Natureza. Ela não está nem aí com a gente não, e na visão de alguns, em muitas das ocasiões, “dá o troco”!

  10. Realmente espetacular, não sabia que as cores são relacionadas ao tipo de molécula que interage com as rajadas solares.

    Salvador, sei que é meio off topic, mas você conhece algum bom curso de astronomia amadora (especialmente observação dos astros) online, em português ou inglês?

    1. Allison, não sei onde moras mas procure em algum observatório, planetário, universidade ou associação amadora na sua região.

      1. Valeu Mochileiro

        Moro no sul de minas, tem um observatório importante aqui perto, em Brasópolis, vou dar uma sondada. Abraço

        1. Allison,

          Com um investimento relativamente pequeno você consegue montar seu próprio telescópio. Na internet você encontra bons fornecedores de espelhos e oculares. Eu sugiro começar com um telescópio refletor Newtoniano de 5 polegadas de abertura. É a montagem mais simples que existe. se na sua região a poluição luminosa não for muito grande, você conseguirá ver facilmente os planetas mais brilhantes, a Lua, alguns sistemas de estrelas binárias, algumas nebulosas e aglomerados. Mas normalmente as pessoas esperam mais destas observações. Acham que verão algo parecido com o que sai em jornais, revistas internet etc. Ai vem a decepção. Mas para quem gosta é um belo passa tempo, além de permitir se aprofundar em conhecimentos astronômicos.

          1. Valeu pela dica Paulo,

            Mas onde acho alguns tutoriais confiáveis sobre como operar estes pequenos telescópios? Como localizar os astros, por exemplo (obviamente exceto a lua, essa é bem fácil 🙂 ).

            De qualquer forma, valeu pela informação, já dá pra ir começando pesquisar na net e me informar melhor sobre a construção do telescópio.

            Abraço.

  11. Lindas as mensagens do universo. Gratidão enorme por compartilhá-las Mariska e Marco Grotto.

  12. eu sou apaixonada pelas auroras,ja tive o previlegio de observar o nascer da aurora muitas veses,os apaixonados pelas auroras podem porfavor me envierem imagem das auroras que fizerem.ficarei imensamente grata muito obrigado

  13. Sem dúvida é um fenômeno lindo! Mas uma pergunta, será que essas auroras alteram o nível de radiação natural no solo?

    1. Aqui no Brasil temos a Anomalia Magnética do Atlantico Sul, ou seja, a região Sudeste está num verdadeiro chuveiro natural de raios cósmicos, nem por isso a média de doenças relacionadas à radiação se altera com relação ao resto do país.

      1. A anomalia produz auroras tropicais, perceptíveis com um espectrógrafo. como atingem todo o céu, por falta de contraste torna-se difícil percebê-las. O céu fica um pouco mais claro e levemente leitoso. vi algumas vezes e custei a entender do que se tratava (mesmo porque meus conhecidos não entendiam o que era e pensavam em nuvens finas de alta altitude).

        1. Bacana isso! Tem alguma maneira “caseira” pra ver? Tipo usar chapa de raio x antiga ou coisa similar?

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