Uma amostra de poeira de estrelas

Salvador Nogueira

“Somos todos poeira de estrelas”, já dizia o saudoso astrônomo Carl Sagan. Agora, um grupo internacional de pesquisadores diz ter capturado sete grãos desse pó interestelar, graças ao trabalho da sonda Stardust, da Nasa.

Imagem mostra padrão de difração na análise de uma partícula de poeira interestelar.
Imagem mostra padrão de difração na análise de uma partícula de poeira interestelar.

O objetivo principal da espaçonave não-tripulada, lançada em 1999, era capturar fragmentos desprendidos do cometa Wild 2, visitado em 2004, e trazê-los de volta à Terra. Contudo, até chegar lá, a sonda também seria usada numa tentativa de colher pequenos grãos de poeira que vagam pelo espaço, vindos de fora do Sistema Solar.

As partículas eram colhidas por uma substância especial chamada de aerogel, que as freava lentamente, em vez de permitir sua desintegração no contato. Uma cápsula foi trazida de volta à Terra em 2006 com as preciosas amostras.

E desde então começou o penoso processo de encontrar as tais partículas. Pense bem, não é fácil. Estamos falando de um grãozinho medido em micrômetros (milésimos de milímetro). Para encontrá-los, foi preciso tirar literalmente milhões de fotos do aerogel, a diferentes profundidades (como se ele fosse fatiado), e procurar por trilhas deixadas pelo grão na entrada.

Para executar essa tarefa num tempo menor que algumas centenas de anos, os pesquisadores tiraram da cartola um truque usado primeiramente pelos cientistas dedicados à busca por inteligência extraterrestre: computação distribuída com a colaboração do público. No projeto Stardust@Home, voluntários do mundo inteiro podiam participar, analisando imagens do aerogel e marcando possíveis traços de partículas.

Para que se tenha uma ideia da eficácia da estratégia, 69 dos 71 sinais de partículas analisados agora foram encontrados pelo público, contra 2 dos próprios pesquisadores.

ANÁLISE
Uma vez identificados, era preciso analisá-los. Após a peneiragem, somente sete permaneceram como candidatos promissores a grãos de poeira interestelar. A maioria, em contraste, continha grande quantidade de alumínio, o que indicava que provavelmente eram lasquinhas da própria espaçonave que entraram no aerogel após impactos com micrometeoritos.

Dos sete, três eram de fato grãos na gelatina, e outros quatro eram partículas que deixaram microcrateras na moldura de alumínio que sustentava as células de aerogel. Todas deixaram sinais de sua composição química, que permitiram concluir que não se tratavam de grãos originários do Sistema Solar e que sua composição era mais variada do que antes se imaginava.

Processamento de amostras em laboratório da Stardust, no Centro Espacial Johnson, da Nasa.
Processamento de amostras em laboratório da Stardust, no Centro Espacial Johnson, da Nasa.

As duas maiores partículas pareciam ter uma composição fofa, similar à de um floco de neve, o que foi uma surpresa. Modelagens da poeira interestelar sugeriam que elas deviam ser pequenas e densas, diferentes do que foi observado. Outra surpresa foi encontrar sinais de enxofre em três das partículas que perfuraram o alumínio — alguns astrônomos acreditavam que compostos sulfúricos não deviam ocorrer em grãos de poeira interestelar.

“Quase tudo que sabíamos sobre poeira interestelar veio de observações astronômicas”, diz Andrew Westphal, físico da Universidade da Califórnia em Berkeley e primeiro autor do trabalho que reportou a descoberta, publicado na edição desta semana da revista “Science”. “A análise dessas partículas capturadas pela Stardust é nossa primeira olhada na complexidade da poeira interestelar, e a surpresa é que cada uma das partículas é bem diferente das demais.”

Os pesquisadores ficam agora divididos entre aprofundar os estudos — que resultariam na destruição das amostras — e desenvolver técnicas que garantam que vai valer a pena levar isso a cabo. “Essas partículas são tão preciosas. Temos de pensar com muito cuidado sobre o que vamos fazer com cada uma delas.”

Especula-se que esse material seja produzido em estrelas quando elas esgotam seu tempo de vida, explodindo como supernovas ou dissipando sua atmosfera após passarem um tempo “inchadas” como gigantes vermelhas. É aí que elementos como carbono, nitrogênio e oxigênio são espalhados pelo espaço e acabam reaproveitados na formação de novas estrelas e novos sistemas planetários.

Há 4,6 bilhões de anos, a nuvem de gás que deu origem ao Sol e a seus planetas estava cheia desses grãos de poeira interestelar. Os átomos que estão em seu corpo agora, naquela época, estavam espalhados em grãozinhos como esses. De fato, como dizia Carl, somos todos poeira de estrelas…

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Comentários

  1. gente até esse asteroide chegar, a ganancia ao dinheiro,os automóveis já causaram a extinção da humanidade.

  2. Puxa, a poeira das estrelas é tão diferente das previsões teóricas que acho que pegaram outra coisa….

  3. No segundo episódio de cosmos Carl Sagan faz uma ótima analogia entre o comportamento do macro universo exterior e do micro universo interior na perspectiva de geração e sustentação da vida.

  4. De onde viemos ( do pó estrelar), onde estamos (no pó estrelar) e para onde vamos (ao pó estrelar).
    E o Espírito ? Torna para o Criador.

    1. Qual espírito? Nas línguas originais o significado é vento, sopro, algo desprovido de consciência.

      1. as religiões são uma forma de conforto humano, é muito forçoso impor uma teoria teológica sem provas. Melhor a religião falar apenas daquilo para o qual ela foi feita: conforto.

        somos um tipo de máquina orgânica, a origem dos seres vivos se deve às reações químicas que podem ocorrer, ainda mais em ambientes extremamente turbulentos como foi quando os planetas surgiram. Havia muitos compostos se misturando na marra e na marreta, era difícil evitar que um conjunto de reações responsáveis pelo surgimento de vida orgânica deixasse de acontecer. Talvez hoje fosse difícil haver vida na Terra em bilhões de anos se todas as formas atuais desaparecessem por completo, ou seja, não temos nessa Terra mais calma o fervor de outra.

        se a origem da vida vem do DNA/RNA, a origem dessa combinação de elementos que formam a vida complexa se deve a reações químicas naturais, então, quem já experimentou um laboratório de química e viu os tipos de reação que acontecem quando misturamos certos elementos sabe do que estou falando.

        seria bom se as religiões fossem extintas para que a vida viesse a ter o seu devido valor, se fosse tão maravilhoso o outro lado, vez que os grandes religiosos sabem que não existe, todo mundo beberia uma cicuta para sair logo daqui em um ritual mágico sem chance de culpa espiritual. A verdade é que os cultos evangélicos, que são pagãos, se acham melhor que os outros e dão muito lucro, a riqueza da igreja católica já não é mais a mesma, e falo de ouro, jóias e muito dinheiro mesmo. Enfim, religioso no nosso mundo é um mero banqueiro arrecadador de dinheiro dos tolos, só isso (virou profissão).

        bom seria se houvesse um deus mágico como em filmes do tipo noé e suas coisas impossíveis (filme mais ridículo e apelativo para mentiras), já estaríamos livres de cretinices.

        por falar em noé, aquele filme das mentiras cabeludas, ele bate num ponto interessante: a religião cega! no fim das contas vejo muita gente usar da religião para matar e fazer muito mal aos outros, assim como no filme do noé mentiroso, pois, com tanta ação direta de um falso deus de mentira naqueles efeitos especiais (ah, deus precisa dos efeitos hollywoodianos ou então não funciona) ficou sem sentido as pessoas serem incapazes de que esse deus falso existia e, ainda, querem justificar o assassinato de milhares de pessoas que simplesmente desconheciam a existência de uma mentira…. francamente, e nem sinal da igreja católica em criticar o abuso desse filme porque é farinha do mesmo saco, como muitas “religiões”.

        para quem quer usar da religião para acalmar suas mágoas, tudo bem, mas para justificar de modo torpe uma pancada de mentiras, é ser cretino e pronto.

        ps.: noé dá náuseas, acho que suportei uns 15 minutos daquela nojeira, é muita cara de pau de quem fez e maior cara de pau de quem apoia.

      1. Não, estás errado, embora pareçamos o que você disse, em verdade somos muito importante, pode acreditar. Você é muito Importante, ao menos uma pessoa acho isso.

        1. “You are not special. You’re not a beautiful and unique snowflake. You’re the same decaying organic matter as everything else. We’re all part of the same compost heap. We’re all singing, all dancing crap of the world.” – Chuck Palahniuk

          1. Aham… “Decaying organic matter” é uma péssima descrição para a sofisticada maquinaria molecular da mais humilde das células. É pueril.

          2. Não concordo… Somos especiais, a vida é especial. Nós não somos eternos, mas a vida tenta ser eterna, adaptando-se como pode às condições ambientais. Na Terra somos a única espécie consciente que é capaz de modificar o planeta e criar condições para deixá-lo e semear essa vida terrestre em outro lugar. Se não formos nós, outra espécie surgirá para fazer isso. Tempo há, mais uns dois bilhões de anos.

          3. No final não haverá nem mesmo minhocas. Não haverá Beethoven, Shakespeare, Nietzsche, Drummond, Einstein ou biologia molecular.

            Em compensação, no final também não haverá niilismos e falsos problemas.

          4. Acho que todos estão certos: somos especiais e ainda assim ordinários.

            Somos meros agrupamentos de átomos como qualquer outra coisa ao nosso redor. Não mais importante que um rato ou uma barata, uma planta ou uma pedra e destinados a um fim comum, mas ao mesmo tempo, individualmente, temos um privilégio estatístico de estarmos vivos neste exato momento.

            Se o espermatozoide que fecundou o óvulo tivesse se atrasado só um pouquinho você não estaria vivo hoje e não poderia testemunhar a magnífica “ordinariedade” do universo.

      2. é verdade, somos nada, fruto de meras reações químicas somadas a condições ambientais estáveis em milhões de anos, tanto que a maioria dos planetas é inabitável, mesmo estando na faixa de habitabilidade quanto à distância ao sol. A própria Terra, se não tivesse colidido a outro planeta menor para formar a lua, certamente seria ou inabitável ou em vias de se tornar inabitável pela perda da atmosfera mais rápida, porque estamos no limite de tamanho para ter um núcleo capaz de formar um campo magnético protetor que durasse tanto tempo.

        mas é questão de tempo até que seja descoberto seres vivos por aí e, quem sabe, alguns com inteligência e rostos bem diferentes daquilo que os religiosos chamam de “face de deus” (somos a imagem e semelhança de deus – aquele que hoje é bonzinho, amanhã quer te castigar)

  5. Faz algum sentido imaginar que essa sonda poderia ter capturado matéria escruta? Existe alguma missão com o propósito de capturar esse tipo de matéria?

    1. Matéria escura não parece interagir com a matéria normal, salvo pela gravidade, de modo que a captura seria impossível por esses métodos.

      1. está aí uma boa pedida: reunir as várias teorias sobre a matéria escura.

        as pessoas não compreendem ainda e até muitos físicos estão queimando a cabeça para compreender que vivemos em um “mar de partículas” e é cada interação que existe entre esses imensos grupos, muitos deles difíceis de detectar, que temos as macro propriedades visíveis a olho nu.

        a gravidade tem como expectativa e possibilidade o gráviton, mas ainda não há experimento que tenha detectado, apenas uma noção de que talvez a gravidade seja um efeito do bóson de higgs, como as ondas em um lago ao se atirar uma pedra (só para dar uma ideia do efeito), o lago representa o que chamam de “mar de partículas” ao nosso redor, como não sentimos seus efeitos, porque não nos afogamos, nossos sentidos não precisam detectar a sua presença, da mesma forma que nossos olhos são falhos e não detectam todo o espectro de luz, apenas uma fração dele.

        costumamos acreditar naquilo que se vê, daí é preciso observar que uma doença é causada por agentes biológicos e não por magia ou praga religiosa, felizmente um microscópio é capaz de demonstrar a existência de criaturas minúsculas aos nossos olhos, estes são considerados perfeitos, tanto que mesmo hoje há quem nem lave a mão por se achar puro. Apesar disso, a realidade experimentada vem mostrando que sim, há coisas microscópicas e que não estão ligadas a magia, espíritos maus ou religiões.

        a dificuldade em se provar como funciona o universo é óbvia e basta fazer analogia entre o microscópio comum e o eletrônico e se perguntar: qual deles é capaz de enxergar um vírus como o da aids?

        não enxergamos aquilo que nossos instrumentos são incapazes de medir.

        então, espero que possamos ver um texto reunindo o que já se sabe sobre a matéria escura (as teorias que tentam explicar)!

    1. Diego, não fui atrás, mas parece consistente. Note, contudo, que é uma chance de 1 em 300, e isso para 2880. No meu livro “Rumo ao Infinito” já falo que é bem mais provável que descubramos uma possibilidade de impacto com várias décadas de antecedência, o que facilitaria para tomarmos providências. Talvez esse seja um bom alvo para testarmos técnicas de deflexão.

      1. Salvador,

        A probabilidade de ter nascido você é de 1 em 350 milhões. Ou seja, o espermatozoide que lhe deu origem era um entre 350 milhões.

        Quem, em sã consciência, ira contar com uma infinitesimal possibilidade dessa?

        E eis que, no entanto, está aqui lendo este comentário.

        O que quero dizer com isso, caro Salvador, é que não me parece muito razoável contar probabilidades no caso de impactos de meteoros.

        1. Lúcio, não me parece apropriada a comparação. Em meio a 350 milhões de espermatozoides, era improvável que justo este que contribuiu com metade do meu DNA fosse o bem-sucedido. Mas, por outro lado, a chance de algum deles ser bem sucedido naquela ocasião era enorme. Então, fosse qual fosse o resultado, alguém haveria de ler este comentário em meu lugar. Já no caso do asteroide, estamos falando de um único objeto que tem 1 chance em 300 de colidir com a Terra em 800 anos. Se houvesse outros 299 nas mesmas circunstâncias, seria dramático. Mas não é o caso. E, mesmo que seja, 800 anos é tempo suficiente para nos defendermos. Isso não me preocupa.

          1. Salvador,

            Entende o que disse e achei muito interessante o raciocínio.

            Mas parte da premissa de que somente aquele cometa se constitui uma ameaça para a Terra.

            Então eu lhe pergunta, meu caro amigo:

            Com que antecedência foi previsto o impacto do meteoro que caiu na Rússia?

            Nenhuma!

            Imprevisibilidade, esse é problema.

            Qual é a probabilidade da terra sofrer um impacto de cometa?

            Se não me engano é menor do que você ser exatamente essa pessoa tão legal que você é.

          2. Mas, Lúcio, o meteoro que caiu na Rússia era pequeno. Jamais poderia levar à extinção da humanidade. Só um preju bárbaro. Quando estamos falando de objetos ameaçadores (sobretudo asteroides acima de 1 km, como este em questão), são cerca de 1.000 objetos ao todo, a maioria já descoberta. Os cometas, sim, podem vir com pouco aviso (coisa de 6 meses antes do impacto), e os pequenos asteroides (capazes de estrago local, como o da Rússia) podem vir sem aviso nenhum. De toda forma, estamos nos cercando para evitar a extinção humana. E dificilmente será um asteroide a acabar conosco. Sou otimista a esse respeito. Abraço!

          3. Correção:

            Se não me engano, a probabilidade de cair um cometa na Terra é maior do que você ser essa pessoa tão legal que você é

          4. Hehehe, ainda assim é bem baixa a ponto de não me tirar o sono. Mas pode acontecer. Já vimos um cometa bater em Júpiter. 😉

          5. Não acho que se fosse outro espermatozoide seria outro Salvador lendo o comentário. Esta anexação do Eu (não estou falando dele….) ao corpo, acho uns dos maiores enigmas do universo. Alguns físicos já consideram a mente, no sentido da consciência, como sendo um outro universo a ser analisado.

          6. Não, claro que não seria outro Salvador. Seria outra pessoa com 50% dos meus genes e uma história de vida completamente diferente. Mas seria alguém, o que em se tratando de asteroides é o que basta. 😛

          7. Salvador,

            Não me expressei corretamente.

            Quando disse cometa, meteoro ou asteroide, queria dizer objetos ameaçadores.

            Paulo Schaefer.

            De fato, essa é umas das questões mais intrigantes da natureza humana.

          8. Apesar de ser coisa séria e requerer conhecimento, divirto-me com os escritos e comentários do autor, pelo alto nível de inteligência que demonstra. A resposta acerca da probabilidade de que qualquer espermatozoide, extraído dos milhões que o gerou, daria a mesma resposta é simplesmente genial.

    1. Lúcifer, já comentei no comentário do Diego. Eles precisam decidir qual é a data correta, 2280 ou 2880… 🙂

      1. Essas preocupação acerca da data certa da colisão do asteroide, faz-me lembrar o cidadão que assistia extasiado uma conferência em que o professor disse que o recrudescimento das manchas solares poderiam destruir a terra dentro de 1 bilhão de anos, e o cidadão, amedrontado, perguntou qual o tempo mesmo e o professor confirmou 1 bilhão, e o cidadão, aliviado, disse: que susto, pensei que fosse em 1 milhão de anos.

        1. Hahahah, isso que dá ver as coisas rapidamente e não ler. Também chamado de “AnaRfabetismo FuncionaR”, hehehe

          Pensei que era seu, mesmo;

  6. Uma das mais célebres frases desse genio da cosmologia: “Somos todos poeira interestelar”. Parabéns pelo blog, Salvador, estou aprendendo muita coisa lendo seus artigos!

  7. Lendo teu artigo imediatamente me meio à mente a imagem daquelas flores que “explodem”, espalhando pelo vento pequenos grãos de pólen, dando origem a outras plantas às vezes a quilômetros da “mãe” (claro, se o vento for forte o suficiente).

    Pura especulação, mas de repente somos isso mesmo, “filhos” órfãos de uma mãe distante alguns anos-luz…

  8. Salvador, parabéns pelo blog. As matérias são interessantes e os textos agradáveis. Sempre procuro acompanha-lo.
    Três perguntas: 1) Qual era o volume ou massa do aerogel? 2) Como a cápsula voltou à Terra em 2006; 3) Existem mais cápsulas com amostras que voltaram ou voltarão à Terra?

    1. Sobre 1, sinceramente, não faço ideia. Teria de ver nos specs da missão. Sobre 2, a cápsula foi especialmente projetada para reentrar na atmosfera terrestre e pousar no deserto de Utah, com para-quedas, na passagem da sonda pela Terra, em 2006. Sobre 3, não, era só aquela.

    1. E não é belo isso? Se soubéssemos todas as respostas, pararíamos de perguntar, e, consequentemente, de evoluir.

    2. Esta frase estúpida realmente faz um estrago muito sutil, mas muito palpável nas ciências e dá toda a oportunidade de surgimento das “Teorias de Conspiração” mais estapafúrdias possíveis (tais como Matrix, área 51, etc.

      Uma vez, um colega que estava para me terminar se graduar em Engenharia Mecânica, na FEI (não, não foi na padaria do seu Zé, não, era em uma boa faculdade), me falou esta mesma frase. Na hora (e até hoje) eu fiquei “Horrorizado” (hehehe), pensando como seriam os projetos, feitos por uma pessoa que não acreditava na “Realidade Visível e Palpável”. Vai desmoronar, com certeza.

      Para evitar falar esta frase tão errada, leia o post do Marcelo Gleiser “A Ilha do Conhecimento” ( http://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcelogleiser/2014/07/1491549-a-ilha-do-conhecimento.shtml ), onde ele fala EXATAMENTE o oposto da “sua” frase, e ela seria, mais ou menos, assim:

      “Só sei que quanto mais eu sei, mais portas se abrem para eu poder saber mais”

      Abraços de quem sabe algumas coisas, mas está sempre aberto para aprender mais. Nunca para negar que o conhecimento “não vale nada” como sua frase denota.

  9. Poeira das estrelas faz sentido. Já que a terra foi formada usando essa poeira e a Bíblia nos diz que Deus criou o homem do pó do solo. Simples assim.

    1. Nilco, você é feito do pó do solo, pelas mães de deus, certo?

      Então por que você tem pelos por certas partes do corpo corpo, diversos deles nas Zonas Erogenas? E, por incrível que pareça, igualzinho aos símios superiores (chimpanzés, gorilas, e os nosso primos mais próximos, os Bonobos)?

      PS. Antes do acordo ortográfico recente, antes nós tínhamos Pêlos pelo corpo. Agora temos Pelos pelo corpo. Sutil, mas é isto.

    2. quando será que poderemos discutir ciência sem as apelações teológicas? xô!
      aliás, se deus é poderoso para fazer o universo, porque ele precisaria usar o pó da Terra pra fazer o homem? só pq essa história toda foi copiada da mitologia grega, prometeus, pandora, essas coisas…
      além de tudo uma coisa sem criatividade…

  10. Lá em casa tem poeira em todos os lugares da casa.. da pra achar uns milhões de tipos diferentes..

        1. Até responderia seu comentário, mas dificilmente você ira entender.. se não sabe escrever mal deve saber ler…

        2. E ai Eu (nóix, heheh). O cara escreve “da” para significar que “dá”, e depois ainda fala que você (eu) é quem não sabe escrever, hauhauahuah.

          Na minha terra (Brasil), isto chama-se “Hipocrisia”

  11. Salvador, a despeito do nome, o aerogel não é um gel, mas um sólido desenvolvido pela Nasa. Na verdade, ele é o sólido mais leve conhecido, já que é composto de 99,8% de ar, o que dá a ele o apelido de “fumaça congelada”. A estrutura química é semelhante ao vidro, dá pra imaginar uma esponja vítrea com capacidades de isolamento térmico fantásticas, tanto que foi usado no Mars Pathfinder como isolante e é atualmente empregado em casacos para uso em regiões polares. Devido a sua estrutura peculiar, foi usado para capturar as partículas espaciais sem destruí-las, um projeto ambicioso que agora mostra seus frutos.

    Não por acaso, uma boa fonte de dados sobre o material está no site da Stardust: http://stardust.jpl.nasa.gov/tech/aerogel.html

    A propósito, dá pra comprar amostras de aerogel: http://unitednuclear.com/index.php?main_page=product_info&cPath=16_17_69&products_id=89

    Naturalmente, o Google está repleto de informações a respeito desse incrível material, mas a página da Wikipedia é bem completa, inclusive com fotos impressionantes: http://en.wikipedia.org/wiki/Aerogel

    (Em tempo: conheci o material em algum blog de tecnologia há anos e fiquei tão fascinado que criei uma aula — de inglês — em torno dele. Os alunos, invariavelmente, também ficavam de queixo caído.)

    1. Genial! Pensei que a porosidade criasse uma densidade gelatinosa. Mas claramente você está na minha frente no que diz respeito ao aerogel. 😉

  12. Sensacional!

    Vocês percebem que em ciências, respondida uma questão, surgem outras tão interessantes quanto?
    Somos poeira de estrelas!
    De quantas estrelas? Uma apenas? Mais de uma estrela? De qual geração da estrela?
    Tudo isso que torna as pesquisas científicas tão empolgantes!

    abs,

  13. Bom dia, Salvador

    Você sempre trazendo matérias interessantes e sem complicação, isso também se reflete no seu livro que após uma leitura agradável fica uma sensação de querer mais, muito bom mesmo. Já tem uma ideia sobre qual assunto será abordado no próximo?
    Quanto a poeira interestelar como se dá a aglutinação em nuvens de gás?

    Abraço,
    Fabio.

    1. Tenho uma ideia. Ou várias. Mas ainda é cedo para discuti-las. 🙂
      Sobre a aglutinação das nuvens, normalmente se dá pela explosão de uma supernova próxima, que leva à compactação do gás no meio interestelar. Depois, a gravidade termina o serviço.

    2. O bacana desse blog é que, além de ensinar, ele atrai comentários muito interessantes do pessoal (exceto os trolls religiosos). Gosto de ler o texto do Salvador e acompanhar as discussões, as novas perguntas que surgem…! Já me sinto amigo do Eu, do Paulo Schaefer, do Paulo sem Schaefer e de muitos outros! 🙂

      1. Só uma pergunta: Os comentários de gente que já entra ofendendo quem crê em alguma coisa, mesmo antes de qualquer comentário de cunho religioso, você não liga, não é? Inferno são os outros.

        P.S: Também detesto comentário de religião aqui, que nada tem a ver com assunto. Mas chamarei sua atenção quando antes de qualquer comentário de religião, alguém usar de tom pejorativo para designar quem pensa diferente dele.

  14. Sim somos todos poeira de estrelas, em se comparado com o tamanho de milhares de corpos celestes espalhados pelo o universo!

    Mas tambem como diz no texto, somos originários desta poeira que gera a vida.

    Diz se uma setença proferida por algum representante na hora do enterro de uma pessoa que morre: “Dó pó vieste e ao pó retornarás”

    Portanto a vida é uma continuidade no universo! Se aqui há vida, então consequentemente tem que haver vida em outros orbes tambem!

    Gostei da matéria, Salvador! Pode se tirar bastante da imaginação.

  15. O bem mais precioso da Ciência é o conhecimento. Se, para podermos progredir no angariar desse conhecimento devemos “destruir” essas partículas extraterrestres, que isso seja feito, resguardada a certeza de que a experiência será realizada na forma mais eficiente que se pode executar atualmente. Se nos considerarmos incapazes disso agora, que elas sejam resguardadas até que tecnologia conveniente seja descoberta no futuro. Não esqueçamos que são “pedras” e não formas de “vida”.

  16. É claro que eles vão dizer que vai destruir no sentido de que no futuro iremos ter outras tecnologia aparelhos mais avançado e outros tipos não sei se também mecheriam na tabela periodica pois todas descoberta fica em cigilo até começarem na nova tecnologia ai sim teremos outras informações.

  17. O que mais me extasiou, nessa descoberta, foi a precisão do número sete (7). Apenas sete amostras de resíduos estelares captados constitui um enigma fascinante, mesmo porque, segundo concepção humana, o número sete é subentendido como o número perfeito (ou número da Perfeição). É bom lembrar que sete são também as cores visíveis do Arco-Íris.
    Ricardo Siqueira

    1. Não Ricardo, não existe número “perfeito”, nem são 7 as cores do arco-íris. você, sendo homem, vai enxergar até 7. As mulheres conseguem divisar bem mais gradações (CORES) que nós, homens. Isto é um fato científico.

      Agora, os gays (com todo respeito) concordam com você em gênero, número (7, heheh) e grau, pois usam como “bandeira” o tal arco-íris.

    2. A tradição do número 7 existe apenas por causa dos “deuses” Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno, Lua e Sol, que se movem no céu “estático”. E aja imaginação humana em cima disso, que criou o lado ruim, o pensamento religioso, e o lado bom, o pensamento curioso e questionador!

  18. Sim, nós podemos! Artur Ávila com sua medalha Fields, na matemática, e a molecada que acabam de ganhar a medalha de prata na Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica, mostra que temos gênios que necessitam inicialmente de estímulos e depois estrutura para aflorarem e dar seus frutos… Parabéns, pelo blog, que frequentemente fornece estes estímulos pela a leitura e debate , mostrando as curiosidades e novidades na área da ciência e tecnologia, como esta experiência extraterrestre de extrema engenhosidade e criatividade. Também, destaca que podemos avançar, com maior velocidade, quando se distribui as informações para análise de mais pessoas, uma coisa que precisamos aprender e incentivar! Infelizmente, ainda, em nome do dinheiro, poder e fama, pequenos grupos detém o conhecimento sem compartilhá-los em detrimento do bem comum. Tenho esperança que um dia, artigos como o seu, estejam nos “top 10” dos mais lidos, antes dos assuntos relacionados a futebol e novelas…

    1. Caro Tupiniquim,

      É isso ai. No caso do Ávila contou logicamente a grande habilidade que ele tem com matemática. Mas é um trunfo da família, professores, orientadores etc, ter percebido estas habilidades e dar condições para o desenvolvimento dela. Devemos ter sim dezenas de Ávilas por ai mas que não conseguem ser detectados ou colocados no rumo certo para mostrar seus potenciais.

  19. Existe um problema com essa teoria de que tudo é pó das estrelas.

    Por exemplo, segundo essa teoria todo o nosso sistema solar é feito de “restos” do sol, ou a teoria nebular.

    O problema é que se essa teoria estivesse correta deveria haver uma enorme semelhança entre os planetas (separando-se apenas os internos dos externos) o problema é que cada planeta possui uma composição extremamente diferente isso não faz sentido já que, se a matéria prima inicial foi a mesma (restos do Sol) como poderia depois os planetas terem composição completamente diferentes num mesmo sistema solar?

    Isso sem falar nas diferenças de ângulo em relação ao Sol e até mesmo de Vênus que possui rotação no sentido contrário.

    Tudo isso não se encaixa nas teorias apresentadas a todos como verdades absolutas.

    É por isso que essas “surpresas” que os cientistas encontram de vez em quando, de surpresa não tem nada. É a coisa mais normal do mundo os fatos não serem condizentes com teorias mal feitas.

    Mas cientistas são orgulhosos demais para apresentar isso ao público

    1. Licaldo, as teorias padrão de formação planetária explicam mais ou menos bem tudo isso. Os maiores desafios a ela vêm de fora do Sistema Solar, na verdade. Mas nada que tenha quebrado as pernas dela até agora.

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