Encontramos fósseis em Marte?
Analisando imagens de arquivo obtidas pelo jipe robótico Curiosity, da Nasa, uma pesquisadora nos Estados Unidos diz ter encontrado possíveis sinais de fósseis marcianos.
É isso mesmo que você leu. Nora Noffke, geobióloga da Old Dominion University, em Norfolk (EUA), apresentou a arrojada hipótese num artigo publicado on-line pelo periódico “Astrobiology”. Segundo ela, algumas das rochas fotografadas pelo rover parecem ter marcas similares às deixadas por colônias de bactérias na Terra, conhecidas genericamente pela sigla inglesa Miss (estruturas sedimentares induzidas por micróbios). São como “tapetes” macroscópicos criados pelas minúsculas criaturas ao ocupar uma determinada rocha.
Noffke é especialista nesse tipo de fóssil. Foi ela a principal autora do trabalho que identificou os mais antigos traços inquestionáveis de vida em nosso planeta, encontrados na Austrália. Eles têm 3,48 bilhões de anos de idade. Já as rochas marcianas que ela analisou agora foram avistadas pelo Curiosity em dezembro de 2012, quando ele chegou à formação geológica batizada de Baía Yellowknife, no interior da cratera Gale. Análises feitas pelo jipe mostram que ali houve um lago marciano que durou pelo menos até 3,7 bilhões de anos atrás, quando se formaram os sedimentos da rocha conhecida como Lago Gillespie, inspecionada visualmente pela cientista. Ou seja, estamos falando de estruturas que parecem ter sido formadas por bactérias num local em que essas criaturas de fato podem ter proliferado. Convenhamos, não parece nada absurdo.
Veja o que diz Noffke: “Na Terra, se essas Miss ocorressem com esse tipo de associação espacial e sucessão temporal, elas seriam interpretadas como o registro de crescimento de um ecossistema dominado por micróbios que viveu em corpos d’água que mais tarde secaram completamente.”
VERIFICAÇÃO
Apesar da premissa convincente e das exaustivas comparações entre formações similares em Marte e na Terra, Noffke alerta: por ora, trata-se apenas de uma hipótese, que ainda precisa ser posta à prova e com isso ser confirmada ou refutada.
(Essa, aliás, é a principal razão para que você não acredite cegamente em histórias de gente que vê pirâmides, animais e até seres humanos em fotos marcianas. É muito fácil “enxergar” padrões em cenários naturais — nosso cérebro é programado para identificar tudo que passa pelos olhos com formas familiares. Por isso também vemos coisas em nuvens. Mas, para confirmar qualquer percepção subjetiva, é preciso realizar novas observações, com métodos diferentes. Um exemplo bom é a famosa “Face de Marte”, em Cydonia. Uma imagem obtida pela sonda Viking em 1976 parecia revelar um rosto esculpido no planeta vermelho. Mas só parecia. Posteriormente, outra imagem da Viking e uma obtida pela orbitadora Mars Global Surveyor em 2001 sob outro ângulo de iluminação do Sol fizeram a “face” sumir. Era só uma montanha comum mesmo. Quer outro exemplo? Aposto que você enxergou dois olhos de um crânio na primeira imagem que ilustra essa matéria… Como dizia Carl Sagan, “afirmações extraordinárias exigem evidências extraordinárias”. Não acredite nas aparências e nas explicações fáceis. Sempre verifique os fatos e submeta-os a testes alternativos. Esse não é um bom conselho só para a ciência. É excelente para a vida cotidiana também.)
Infelizmente, o Curiosity já está muito longe da Baía Yellownkife e não terá como fazer análises adicionais para confirmar as observações superficiais feitas por Noffke. E a pesquisadora é a primeira a admitir que os traços poderiam ter sido produzidos por processos abióticos (ou seja, que não envolvem organismos vivos). Mas ela em particular não parece convencida de que seja o caso, dadas as semelhanças com formações estudadas na Terra. “Essa similaridade de associações marcianas e terrestres e sua mudança ao longo do tempo seriam outra extraordinária coincidência, se seus processos de formação forem diferentes.”
E agora, vamos ficar sem saber? Nem tudo está perdido. O Curiosity está explorando as imediações do monte Sharp, muito rico em rochas sedimentares, em tese também propícias à preservação de registros fósseis. Tendo isso em vista, Noffke termina seu artigo apresentando o “passo a passo” para que os pesquisadores da Nasa possam procurar novos traços de Miss e desta vez se detenham mais diante deles, realizando análises químicas que possam confirmar sua origem biológica. De acordo com a pesquisadora, os minerais presentes podem dar pistas importantes. “Em Marte, poderia haver, em estruturas candidatas, uma combinação muito diferente de minerais que é claramente divergente da mineralogia das rochas circundantes e poderia indicar biogenicidade.”
Diversos instrumentos do Curiosity poderiam procurar esses sinais. Mas talvez uma conclusão definitiva só possa ser obtida quando rochas como essas forem trazidas de Marte para a Terra. Uma missão robótica de retorno de amostras é basicamente o clamor de todos os astrobiólogos, mas ainda não está no cronograma de nenhuma agência espacial.
Apesar disso, a descoberta de sinais de vida, ainda que extinta, em Marte parece cada vez mais próxima. No fim do ano passado, o Curiosity detectou pela primeira vez plumas de metano — um gás que pode ou não estar associado a atividade biológica — emanando do solo do planeta vermelho. Sua posterior investigação é um possível caminho para a busca pelos marcianos. Noffke, agora, abre uma segunda rota. Quanto mais trilhas a seguir, maior a chance de sucesso.
Talvez você não se anime muito com o que seriam apenas criaturas unicelulares. Quem se importa com bactérias? Bem, note que a descoberta de vida extraterrestre, de qualquer tipo, já trará consigo uma revolução. Ela confirmará a desconfiança dos cientistas de que a biologia emerge sempre que as condições são favoráveis. Se aconteceu até em Marte, um planeta apenas marginalmente habitável, que não diremos de outros mundos fora do Sistema Solar que sejam similares à Terra?
1. A primeira foto é um claro indício de vida em marte. Até emoticon já desenharam nas pedras por lá!
2. Eu continuo vendo uma face na foto da “Face de Marte” feita pela Mars Global Surveyor. E ela me lembra o Abraham Lincoln.
3. No terceiro par da imagem, a da esquerda (em Marte) é claramente um desenho do ursinho Puff sentado, entediado, coçando a canela.
Quer mais prova que isso?
OFF (este é post que mais se aproxima da minha dúvida).
Salvador, queria te perguntar sobre essa hipótese dos gêiseres de compostos orgânicos serem habitat de colônias de microorganismos.
O link, um pouco antigo, é este: http://www.npr.org/sections/krulwich/2012/10/02/162147810/are-those-spidery-black-things-on-mars-dangerous-yup.
Você sabe se houve algum estudo mais recente?
Heitor, não me lembro de ter lido mais nada a respeito. Mas acho a hipótese de fotossíntese menos provável. Será que o espectrômetro do MRO não teria pego algum sinal de clorofila ou algo parecido se fosse uma colônia de organismos fotossintetizantes? De toda forma, o fenômeno é fascinante. Mostra que coisas acontecem em Marte. Não é simplesmente um deserto morto.
Obrigado pela resposta, Salvador!
Concordo que organismos fotossintéticos é querer demais, rsrs.
Em todo caso, me anima bastante o fato de Marte ser geologicamente vivo (e não apenas Marte, mas também Plutão, Europa, Titã, etc.).
Tenho cada vez mais esperança de que o futuro próximo vai nos brindar com boas notícias relacionadas à vida “stricto senso”, i.e., biológica.
Acredito que o interesse pela ciência não precisa eliminar a religião. Sou fã dessas matérias de astronomia, que falam do universo como um todo e tenho minhas crenças que não são abaladas por nenhuma nova descoberta. Tenho observado exatamente o contrário, muitos desses avanços da ciência só comprovam o que eu já sabia, de alguma forma, através da religião.
CADA UM TEM O DIREITO DE ACREDITAR NO QUE QUISER, NÃO CABE A QUALQUER UM DE NÓS CRITICAR A FORMA DE PENSAR DE NINGUÉM…
É nossa obrigação acumular o máximo de conhecimento em todas as áreas disponíveis, afinal estamos numa escola que é a Terra.
Podemos e devemos deixar cada um seguir o seu caminho, ter o seu tempo para cada coisa. Evoluir é isso também: aperfeiçoar-se a cada dia.
Acho que se religiosos nao gostam que cientistas analizem a biblia, os cientistas nao estao atentando contra a liberdade de expresao quando nao gostam de religiosos chcamando-os de ignorantes, por que a ciencia expoe os absurdos da religiao.
Curioso é que quando se fala em vida fora da Terra, todo mundo pensa em anãozinhos verdes de Marte ou belos nórdicos, loiros de olhares penetrantes como o falecido comandante da Frota Estelar. Pouca gente pense que vida fora de Terra podem ou devem ser apenas micróbios unicelulares. Os simples amebas como deve ser o cérebro de alguns ditos humanos que ainda não adquiriram a capacidade de pensar.
Salvador;
Você é ateu?
Não. Sou agnóstico deísta.
Menos mal amigo, tenho certeza que um dia vc vai se dá conta de Deus e do mundo espiritual q nos cerca, sucesso e um grande abraço!
Quais bactérias terráqueas sobreviveriam em Marte (ou em outros planetas, luas ou corpos do espaço)?
A muito tempo venho supondo que cientistas aqui da Terra devem estar jogando algum tipo de bactéria no espaço com o intuito de coloniza-lo e torná-lo viável a vida humana no futuro. Isto seria possível?
Seria possível, mas por ora ninguém fez. Se alguém fizer, provavelmente vai modificar geneticamente as bactérias implantadas para melhorar seu desempenho no ambiente marciano.
Quais bactérias seriam estas bactérias?
Seriam as quimioautotróficas e as fotoautotróficas?
Se fossem jogadas em planetas como Vênus, Marte, ou em luas como Europa, Titã, Reia, Jápeto, e Encélado?
Em Marte, desconfio que os dois tipos. Dê uma olhada nesse paper que testou a sobrevivência de uma bactéria bem comum num ambiente simulado de Marte: http://online.liebertpub.com/doi/abs/10.1089/ast.2011.0811?journalCode=ast
Mas a literatura sobre isso ainda é bem limitada. Jápeto parece ser um lugar ruim, assim como Reia. Encélado e Europa muito bons se conseguisse chegar ao oceano no subsolo, assim como Titã. Vênus, na alta atmosfera, talvez.
Sempre supus que os cientistas já estaria jogando micro-organismos nestes lugares para que eles produzam oxigênio e torne o lugar habitável no futuro.
Outro dia, assisti um filme chamado Planeta Vermelho em que isto foi demonstrado.
Seria possível estes micro-organismos já estarem sendo jogados lá?
Não. A Nasa inclusive tem um Escritório de Proteção Planetária, que revê todas as missões para evitar contaminação de outros planetas com vida terrestre e de potencial vida alienígena na Terra.
Leiam KARDEC que la explica boa parte das coisas que os frustram.
Sem provas, sem explicações . Kardec não prova nada . Ele é um grande mentiroso . E do pior tipo de mentiroso que existe. É o mentiroso que acredita nas próprias mentiras que conta .
Kardec, o cara que “explicou” que a escravidão não era um problema de consciência do branco cristão, mas um problema dos próprios negros que eram escravos por serem almas de “hierarquias espirituais inferiores”. Uauuu.. Que “inteligência”!!! Kardec “explica” realmente tudo.
Kardec é um mentiroso. Nunca escreveu nada sobre os Annunakis do planeta Nibiru.
Boa noite a todos!!
Conhecer a Deus vai além da ciência, e alem de qualquer filosofia.
A arrogância de muitos acabou a beira da morte, achando-se tão sábios aos olhos humanos, mas na hora da morte procuraram se abrigar em Deus
Deixem de falar sobre o que não entendem, e fiquem com suas loucuras respeitando a dos outros!!
E você que deu a ideia de bloquear comentários de religiosos, saiba que sua liberdade de expressão e alguns direitos que você desfruta hoje, são frutos da morte de vários religiosos, por isso tenha mais respeito.
Exatamente pelo fato de procurarem por deus na hora da morte, mostra que deus não existe. Pois deus é uma invenção humana por não aceitar sua mortalidade . Religiosos , deixem de falar sobre o que não entendem . Se não entendem nada de ciência, fiquem calados . E para as pessoas que tem fé em uma mentira, a verdade vai sempre parecer uma falta de respeito .