Astronomia: Crônicas de Gelo e Sais
Ceres, o planeta anão mais perto da Terra, tem misteriosos pontos brilhantes na superfície. O que seriam?
O OUTRO ANÃO
A história de Plutão é a mais conhecida do público: descoberto em 1930, foi aclamado como planeta. Décadas depois, encontraram vários companheiros na mesma região — o chamado cinturão de Kuiper — e o coitado foi rebaixado a planeta anão. O que pouca gente sabe é que a mesma coisa aconteceu um século antes, com outro objeto.
ENTRE MARTE E JÚPITER
Em 1801, Giuseppe Piazzi descobriu um novo objeto no Sistema Solar: Ceres. Apesar de pequeno, ele foi aclamado como planeta e assim considerado por cerca de 50 anos. Mais tarde, descobriram que Ceres fazia parte de um cinturão de objetos e o reclassificaram como asteroide. Hoje, a exemplo de Plutão, é definido como planeta anão.
DE LONGE
De fato, chamar Ceres apenas de asteroide, mesmo quando observado à distância pelo Telescópio Espacial Hubble, é meio injusto. Ele é aproximadamente esférico, tem 950 km de diâmetro e uma rica história geológica. É, com efeito, um mundo.
UMA VISITA
Não íamos deixar um lugar interessante desses, só um pouco além de Marte, sem receber um emissário da Terra, não é mesmo? A sonda orbitadora Dawn, da Nasa, chegou lá em março deste ano e descobriu uma coisa incrível.
PONTOS BRILHANTES
No interior de uma cratera com 90 km de largura, recém-batizada Occator, há superfícies que refletem muito mais luz do que o terreno circundante. O que seria aquilo?
CRÔNICAS DE GELO E SAIS
A Dawn está investigando. Por ora, há dois principais candidatos, gelo de água (sabemos que existe muito dele no subsolo de Ceres) ou sais. E o mais chocante: há uma névoa sobre a cratera, como se os pontos brilhantes estivessem gerando uma miniatmosfera local. Espera-se que o mistério possa ser resolvido conforme a sonda descer para órbitas mais baixas, a partir de agosto.
A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.
Salvador
As sondas q estão em Ceres e Plutão me parecem q foram lançadas em tempo não tão distante uma da outra. Considerando a enorme distância entre os dois planetas, por que chegaram quase juntas ? A de Ceres esteve envolvida em outras missões antes de chegar lá ?
A Dawn, em Ceres, usou um motor iônico e passou por Vesta antes, orbitou Vesta, saiu de Vesta, foi para Ceres e agora orbita Ceres. A New Horizons tinha um perfil completamente diferente: ela saía na mais alta velocidade possível para passar “lotada” por Plutão o quanto antes.
Obrigado. Isto indica que teremos como alcançar velocidades a cada dia maiores então; o que em algum tempo poderá fazer viagens a Marte serem tão comuns como à Lua. Correto ?
Não saberia dizer… Só o tempo dirá.
nâo sei vcs mas eu fiquei muito frustrado com o que foi divulgado com a passagem por plutão ja que era tão comentado sobre os pontos escuros com distancias regulares entre eles e nem foi mais comentado
e espero que naõ seja frustrante tambem as informaçãoes sobre seres pois fazem o maior misterio sobre o assunto depois ….
Imagens posteriores — já divulgadas — mostraram que não eram tããão regulares assim. E ainda temos de esperar para ver se eles conseguiram visualizar alguma coisa no lado não-iluminado, usando o brilho de Caronte. O download completo dos dados vai durar 16 meses. E os cientistas estão absolutamente pirados com o que já receberam. Mas, claro, não se pode agradar a todos. 😉
Seria muito legal se for constatado que esses pontos brilhantes são gêiseres jorrando água quente e criando essa miniatmosfera.
Salvador, na sua opinião, o que realmente são esses pontos brilhantes em Ceres? Se não forem cristais de gelos e sais, o que poderiam ser? O que poderia explicar eles ficarem o tempo todo brilhantes? Abraços!
Eles apagam quando entram na sombra. Acho que é gelo de água com sal. Nas partes em que ainda está evaporando, forma a névoa e a miniatmosfera. Nas partes que já secou, restou apenas o sal que antes estava diluído na água. Veremos!
Salvador, processo biológico na terra, em última instância, é mais ou menos como o ovo e a galinha? Ou seja, para o desenvolvimento fértil do esfarelamento da rocha é necessário um ativamento processual de materiais orgânicos e congêneres, que proveem do que?
Não, não é. Tem um passo a passo mais ou menos claro para a evolução da biologia na Terra. (Assim como sabemos que o ovo é bem anterior à galinha. Já existiam ovos quando galinhas não existiam.)
Salvador, estava me referindo as suas respostas ao Anibal e Edison Borges com respeito as terras para se plantar.
Tem, também, o fato de que o bicho que botou o ovo da primeira galinha não era uma galinha (claro, já devia ser um animal próximo ao que seria uma galinha)… O ovo é que mudou alguma coisa dentro dele e nasceu a galinha.
Apenas minha opinião, digo que assim, como fez o Homem e a Mulher nasceram os descendentes, assim como fez os animais nasceram os descendentes. Sei que é muito difícil comprovar a origem de tudo, mas acredito nisso. Respeito a opinião do Mensageiro Sideral.
Abraços,
Xander Cage XXX
No caso, não é opinião. A evolução é um fato.
Sim, Salvador Nogueira da mesma forma que uma pesquisa das universidades inglesas Sheffield e Warwich, de 2010, afirma que a formação da casca do ovo da galinha depende de uma proteína que só é encontrada nos ovários deste tipo de ave. Deste jeito, o ovo só poderia ter vindo depois da galinha.
Apenas acredito nesse fato.
Ok, abraços.
Certo. Répteis não botam ovos. É só uma ilusão de óptica.
Veja: o “ovo de galinha” evoluiu junto com a galinha, então é óbvio que você vai encontrar no ovo de galinha características que são típicas apenas do ovo desses animais. Porém, ovos em geral já existem há muito mais tempo. Te garanto que há coisas no ovo de crocodilo que só existem no ovo de crocodilo. Não faz sentido para você que um bicho que sofra uma mutação em algum dos genes ligados à fabricação do ovo tenha uma característica que só será encontrada nesse ovo? E aí isso será passado aos descendentes e, um tempo depois, voilà, você tem uma espécie inteira com um ovo que tem uma proteína que só tem nesse ovo! Óóóó! Que milagre!
É óbvio que espécies diferentes terão diferenças em seus ovos. É por isso que são espécies diferentes. O que dá a dica de que houve evolução é que todas têm seus ovos. Ou seja, uma mutação aqui e outra ali não chegou a mudar a forma de reprodução.
Acredite em todos esses fatos. 😉
Abraço!
Salvador, parabéns (atrasado!!) pelos dois anos do blog…teria alguma coisa haver com a data aquele bólido brilhante visto no sul do continente?
Bem pensado! Devia ser um sinal para os presidentes magos (vivemos numa República), saberem do aniversário!
Piadinha… 🙂
Salvador,
Me perdoe por voltar ao tema da semana passada!
Existe outra interpretação da teoria da relatividade que justifique a frase:
“As estrelas que vemos hoje brilhando no céu, já podem estar extintas a centenas ou milhares de anos devido a sua distância da terra”, que é o que comumente ouvimos de outros “divulgadores” da ciência?
Pelo que você já nos ensinou, a luz viaja na velocidade da luz, portanto o espaço é nulo para ela, de onde posso concluir que a luz que vejo das estrelas neste exato momento é a luz que elas emitiram também neste exato momento, portanto, as estrelas estão vivinhas e com a mesma configuração com a qual eu as vejo agora.
SERÁ QUE PIREI????… RSS
Afrânio, a luz é velha para quem vê — você está vendo o passado, de fato. Só a luz que não sabe que é velha. Para ela, é como se ela tivesse acabado de sair. Mas de fato ela saiu de seu local de origem há muito tempo, e é isso que vemos.
Salvador perdão por tb não perguntar sobre a matéria mas a questão da viagem da luz das estrelas e/ou objetos a fora até aqui me intriga demais, pq sei lá, parece que nem saiu de lá(luz), parece que ela brilha e emite sua luz no mesmo momento que a vejo kk é uma viagem mas me intrigo muito que nossos olhos n conseguem notar tal viagem, que de fato, a luz emitida está saindo da estrela e vindo até nós.. pq essa impercepção eu olho e fico a crer que ela está tal como vejo, linda, brilhante e em forte atividade, mesmo talvez tendo morrido à milhares ou milhões de anos.. pra concluir, eu só queria que não passasse tanto tempo pra sua luz chegar aqui ao ponto de demorar tanto que talvez depois de vê-la ela nem exista mais :’/ Abração Salvador e ahh, matéria incrível como sempre!
Mateus, a imensa maioria dos objetos que vemos no céu a olho nu está perto o suficiente para dizermos que ainda estão lá, provavelmente no mesmo estado, embora, claro, estejamos vendo o passado deles. 😉
Vale lembrar que isso vale para tudo, inclusive para a luz refletida nos objetos REALMENTE próximos, como o teclado ou o monitor. Em um nível ou outro, estamos sempre olhando o passado. De 1400 anos ou de alguns milésimos de segundos, mas estamos.
🙂
Obrigado gente!
Foi muito esclarecedor, vou pedir desculpas aos outros “divulgadores” da ciência. rs
Nossos olhos são antenas que captam ondas eletromagnéticas que vibram numa faixa de frequências a que chamamos de “luz visível”… Eles captam aquilo que chega a eles quando essas ondas chegam.
Os fótons (partículas-ondas eletromagnéticas) viajam na velocidade da luz, a 300 mil km por segundo. Conforme demonstrado pela teoria da relatividade, um observador viajando com o fóton, nessa mesma velocidade, não perceberá a passagem do tempo, para ele, a viagem é instantânea, mas, para um observador fora do fóton (nós, por exemplo), veremos a passagem do tempo normalmente. Para nós e para a estrela distante, o tempo passa, para o fóton, não.
Afrânio,
Pode ajudar:
http://cacarlsagan.blogspot.com.br/2012/09/como-luz-nos-mostra-o-passado-do.html
http://exploradordosceus.blogspot.com.br/2014/09/quando-olhamos-para-o-ceu-estamos.html
Gelo de água ou sais… névoa sobre cratera… pontos brilhantes gerando miniatmosfera local?! Sinistro!
Tive que ouvir de um nibiruta que os pontos são resquícios de uma civilização que foi destruída no impacto de sei lá qual planeta com sei lá o que mais e que isso havia gerado o Cinturão… eu só assenti com a cabeça e disse: ééé…. você tem toda razão…
Melhor não contrariar mesmo. Vai saber se os remédios estão em dia… rs
“Nibiruta” HAHAHAHA
Ceres é prefeito para se minerar água em forma de gelo que, por sua vez, poderá ser transportado até Marte. Uma colonização marciana mais intensa, até mesmo uma terraformação, encontrará em Ceres muita “matéria prima”.
Realmente, Salvador, fiquei espantado em saber que Ceres é conhecido desde 1801 e já foi considerado planeta… Ele só chamou a atenção agora, graças à Dawn. Para nós, leigos, ali só tinha um cinturão de asteróides, uns maiores, outros minúsculos, mas só fragmentos.
Vivendo e aprendendo, felizmente! 🙂
Ninguém dava bola pra ele. O rebaixamento dele foi há muito tempo. rs
Olá salvador. Esses dias vendo a lua cheia, fiquei imaginando se daqui alguns séculos ou milênios, veremos ela verde, devido as plantações que teremos lá. Pensando nisso queria saber. Você sabe se o solo lunar é fertil e caso não seja, se tem como deixa-lo? Existe algum estudo sobre isso? Abraço
O solo lunar é muito desidratado, então não há muito como plantar nele. Acho que a melhor solução seria usar hidroponia na Lua.
O solo para ser fértil tem que possuir Nitrogênio fixado por processo orgânico.
Exato. Na Lua não rola. Em Ceres, depende do que tiver lá, sobretudo no subsolo. Mas, em princípio, também não.
E em marte.. dá certo?
Vai saber. Tem vida em Marte? 😛
Em nossa Terra, antes de aparecem as primeiras algas, musgos, ou seja lá o que for que apareceu primeiro em terra firme, havia nitrogênio fixado por processo orgânico no solo ?
Dei uma olhada na Wikipedia e ao que parece relâmpagos podem recombinar o nitrogênio atmosférico para formar moléculas nitrogenadas que então podem se depositar no solo. Provavelmente é bem menos eficaz que fixação biológica, mas pelo menos é um ponto de partida. 😉
Tem um episódio de COSMO (o novo com o Neil Tysson), que explica isso… salvo engano.
Olá Salvador.
Os pesquisadores tem mais informações sobre a superfície de Ceres? Ele é composto apenas por rocha e gelo, ou haveria algum composto como conhecemos em nosso planeta, por exemplo “terra”, compostos orgânicos?
Edison
Bem, terra é rocha desgastada e rica em material orgânico. No caso de Ceres, ainda não temos dados detalhados de composição. Há de se esperar a publicação dos papers.
Realmente são mistérios a serem desvendados estes que cercam o planeta anão Ceres e que tenhamos respostas muito em breve,e,certamente,estarei “antenado”nas elucidações dos mistérios que envolvem os pontos brilhantes do pequeno mundo.
Abraços para você,Salvador.
Mas afinal de contas, Ceres tem mais outros pontos brilhantes em sua superfície ou só são aqueles na cratera Occator? Olhando as fotos dele parece que há outros pontos menores espalhados no planeta.
Tem outros, mas nada tão espetacular como Occator.
Anão ou não o importante é que Ceres tem uma rica história geológica, como disse nosso Mensageiro , e mais importante ainda é o planeta anão servir de objetos de estudos na compreensão da formação do nosso sistema solar, mesmo porque sua distância em relação à Terra é relativamente pequena para isso.