Semana agitada no Sistema Solar
O divertido de ser uma civilização espacial é que sempre tem alguma coisa acontecendo em algum lugar. Dê uma olhada no que rolou por esses dias e no que ainda está para acontecer por aí, em nosso Sistema Solar.
TERRA
Na última quinta-feira (3), a sonda japonesa Hayabusa2 fez um sobrevoo da Terra, obtendo algumas imagens encantadoras do pálido ponto azul e sua companheira cósmica, a Lua. A missão tem por objetivo pousar no asteroide Ryugu e então colher amostras de sua superfície para depois trazê-las de volta à Terra. Se a missão predecessora, Hayabusa, servir de termômetro, teremos grandes emoções pela frente. No momento, a boa notícia é que deu tudo certo: como previsto, o veículo passou a cerca de 3.000 km da superfície terrestre, sobre o Havaí, e usou a gravidade do planeta para colocá-la a caminho de seu destino, onde deve chegar em 2018.
Nessa mesma quinta-feira, a ESA (Agência Espacial Europeia) lançou com sucesso a espaçonave LISA Pathfinder, cujo objetivo é testar tecnologias que possibilitem a detecção de ondas gravitacionais no espaço. Previstas pela teoria da relatividade geral, as ondas gravitacionais podem abrir janelas para a exploração de objetos misteriosos do zoológico cósmico, como pulsares binários e buracos negros. No limite, talvez um dia seja possível detectar até mesmo as ondas gravitacionais produzidas pelo Big Bang! Mas não hoje. O LISA Pathfinder marca só o primeiro teste das tecnologias requeridas para esse tipo de detecção. O lançamento deu certo, e os sistemas da espaçonave serão colocados em funcionamento nas próximas duas semanas.
Como se não bastasse tudo isso, neste domingo (6), vulgo “hoje”, às 19h44, a empresa americana Orbital ATK lançou seu cargueiro Cygnus para reabastecer a Estação Espacial Internacional. A missão especialmente importante porque marca o retorno aos voos da Cygnus (embora com um foguete diferente) após o acidente ocorrido no ano passado. Em vez de usar o foguete Antares, que é da própria Orbital e está sendo reformulado, a empresa preferiu ir desta vez com o mais confiável Atlas V.
VÊNUS
Na segunda-feira (7), a sonda japonesa Akatsuki tentará entrar em órbita do “gêmeo mau” da Terra, a gloriosa Estrela D’Alva. Pela segunda vez, inclusive. Há exatamente um ano, a niponave tentou se estabelecer ao redor de Vênus, mas “faiô”. Mas, sabe como é, o Sistema Solar dá voltas, e quem está nele também. Agora apareceu uma nova chance, e está tudo no esquema para a tentativa. Não será a mesma órbita de antes — o que obrigou a missão a reformular seus objetivos científicos –, mas é sempre recompensador ter uma sonda orbitando um planeta vizinho.
CERES
A espaçonave americana Dawn segue reduzindo sua órbita em torno do misterioso planeta anão Ceres, o rei do cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Depois de fazer uma varredura completa a aproximadamente 1.500 km da superfície, em meados de dezembro ela chegará à órbita final, de menos de 400 km. Os terráqueos seguem intrigados pelos pontos brilhantes da cratera Occator, e a Nasa acaba de divulgar uma nova imagem deles, vistos de 1.470 km de altura, mas de um ângulo diferente. E em alguns dias teremos a publicação, na revista “Nature”, do primeiro trabalho científico consolidado sobre essa estranha formação. Eu já sei o que diz o artigo, mas se te contar terei de matar você também. ‘Guente firme.
JÚPITER
A Nasa também tem uma espaçonave a caminho de Júpiter, a Juno. Ela deve chegar lá no ano que vem, mas uma iniciativa interessante acaba de ser divulgada pela agência espacial americana: ela está pedindo ajuda do público para o processamento de imagens da câmera da sonda, além da seleção de alvos de interesse entre as nuvens do gigante gasoso. É basicamente uma iniciativa para recrutar entusiastas e criar uma imensa equipe virtual de gerenciamento da JunoCAM. Você pode ler mais sobre a iniciativa (em “ingrish”) aqui.
PLUTÃO
O pessoal da New Horizons ficou feliz da vida na sexta-feira (4), ao divulgar algumas das melhores imagens produzidas pela sonda em seu sobrevoo de Plutão, em 14 de julho. Essas provavelmente serão as imagens de mais alta resolução de detalhes da superfície plutoniana que teremos em muitas décadas. Estonteantes paisagens de montanhas, planícies, dunas e crateras do intrigante planeta anão.
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Por favor alguém me esclareça, se só agora temos um telescópio na órbita da terra para algas fotos extraordinárias como sabiam há alguns séculos da imagem da via láctea tão perfeita,e sabiam que nosso sistama solar era apenas um grão de areia em uma parte dela?
a Akatsuki está em Vênus? deve ter uma besta de caudas escondida por lá. Os kages precisam saber disso.
Está! Órbita mega-elíptica: 400 x 400 mil km! 🙂
Bom dia. Primeiramente, todos os posts são muito interessantes. Gostaria de saber sobre a lenda do Planeta X, ou Nibiru. É apenas uma lenda ou existe algum indício de sua veracidade? Obrigado, um abraço.
Lenda! http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2013/10/15/cinco-provas-de-que-o-nibiru-nao-existe/
Salvador, pergunta de leigo: as naves costumam usar a gravidade dos planetas como “estilingue”. Se eles “puxam” a nave para “relançá-la” acelerada em seguida, por que sua gravidade não “retém” a nave de volta com a mesma força? Expliquei-me?
Retém. Com relação ao planeta em questão, a nave sai com a mesma velocidade que entrou. Contudo, não se esqueça que, com relação ao Sol, o planeta está em movimento. Então a nave ganha aceleração com relação ao Sol, embora permaneça na mesma em relação ao planeta!
Salvador, blz??
Me tira uma duvida por favor, sei que as fotos das sondas são feitas com diversos equipamentos com diversas ópticas e analises diferentes.
Porem essas sondas, tem alguma maquina que tira foto em uma percepção normal? ou seja, mostra aquilo que os olhos humanos poderiam ver mesmo? como se estivéssemos dentro da sonda e olhando pela janelinha?
Pois a maioria é preto e branco, ou monocromática, ou algo parecido.
abraços.
Gabriel, interessante notar que nem a sua câmera tira uma foto com “percepção normal”. Ela precisa usar filtros para detectar cada uma das cores primárias e então combinar os dados das três para obter a imagem “colorida”. E essa imagem nem sempre corresponde exatamente ao que enxergamos — muitas vezes você precisa fazer o que os técnicos de vídeo chamam de “correção de cor” para obter o aspecto mais natural (ou o visual desejado).
Em algumas câmeras, usa-se apenas um filtro sobre o CCD (o dispositivo que capta imagens digitais) para que incida apenas uma faixa de cor sobre um determinado pixel. Em outras, mais sofisticadas, três CCDs diferentes fazem a captação individual. De toda forma, o que a sua câmera faz, na prática, é tirar três fotos simultâneas, todas em preto-e-branco, mas cada uma detectando apenas uma faixa do espectro eletromagnético — uma faixa de cores, por assim dizer. Depois as três são recombinadas para dar o aspecto de “cor real”.
Uma demonstração interessante de que as câmeras digital nunca captam exatamente o que a gente vê é que muitas delas captam infravermelho (tente usar a câmera do seu celular para ver a luz que sai de um controle remoto — se a câmera não tiver um bloqueador de infravermelho, dá pra ver uma luz por ela!).
Voltando ao espaço, a ideia é obter a melhor resolução possível com as imagens, com o menor equipamento possível. Por isso em geral as imagens de cada filtro de cor são tiradas separadamente no mesmo CCD (melhor ter um super CCD e vários filtros, do que ter vários CCDzinhos) e depois recombinadas para formar a imagem colorida — que pode representar o que vemos ou pode usar os filtros para gerar cores artificiais que permitam descobrir coisas, como a diferente composição de terrenos.
Uma das inconveniências disso para o público é que as imagens brutas via de regra serão PB, representando um dos filtros escolhidos. Adicionalmente, se a espaçonave está se movendo muito depressa com relação ao alvo, talvez não seja possível alinhar a perspectiva de três imagens separadas para gerar uma colorida.
Ufa! Falei mais do que eu gostaria sobre o assunto! Espero ter esclarecido! 🙂
Abraço!
Nossa que resposta top!!!! valeu mesmo, perguntei do espaço e já sei como funciona a câmera do meu celular.
So aqui mesmo, entendi perfeitamente, valeu.
Sou um grande fã seu, comprei ontem o livro ciência proibida, vou começar a ler essa semana!!! E indico o blog para todos.
Continue assim sempre!!!
Valeu, Gabriel! Continue voltando para mais e, por favor, continue indicando! 🙂
Abraço!
Falaste muito bem! Deu a informação bem completa!
E o cordão….
Imagem bacana essa da Terra feita pelos japoneses.A nossa bela Terrinha,um cisco no universo.Tão frágil e tão rica.Basta um evento importante no universo pra bagunçar tudo.Como já disseram grandes cientistas,basta uma tempestade solar em direção a Terra para causar um caos sem precedentes nessa Terrinha.Tempestades aliás,imprevisíveis segundo os cientistas.
Salvador,
Uma dúvida que fiquei me perguntando sobre a Hayabusa2.. Essa sonda deve que ir tão longe e depois fazer uma “curva” para passar pela Terra novamente e só assim ir em direção ao asteroide? Ou ela estava vindo de algum outro objeto que estava analisando e só agora ta retornando a Terra e partindo logo para uma nova missão(e dai o feito da foto)? Agradeço desde já Salva! Grande abraço, sou seu fã!!!
“Badlands” de plutão? Você gosta de Bruce (the boss)?
Caraaaaaca Salva, que matéria/combo foda! Parabéns!!! e o coração não guenta esse mistério de Ceres! kkk vlwww
vamos ver o que a ESA vai descobrir com essa sonda
Isso porque as agências espaciais tiveram que apertar o cinto nos últimos anos por conta da escassez de recursos.
Como já disse um leitor por aqui, me sinto como um europeu dos séculos XV e XVI, ciente das grandes navegações e a espera de boas novas!
Que foguete esse Atlas V! Sessenta lançamentos e apenas uma falha parcial, que mesmo colocou em órbita um pouco mais baixa dois satélites por falha de uma válvula, que fez o combustível esgotar poucos segundos antes… A NASA agora, está vendo um programa de nave tripulada para usar com o Atlas V, mas propôs este plano tarde. Poderia ter feito bem antes – entâo os EUA já teriam um foguete e uma cápsula confiável para viagens orbitais. E, Salvador, que semana! Mas ainda virá mais – de Enceladus…
Umas manchas escuras perto e outra sobreposta ao ponto brilhante de Ceres me intrigam. Aposto que o artigo da Nature fala de depósito de gelo ou coisa semelhante, não?
Não posso falar do que fala, mas não foge muito do que já sabíamos. 😉
Devem ser sais, mesmo, aguardemos ansiosos para saber! 🙂
Parece que aumentou pra 70% a possibilidade de lançamento.
Subiu!
Sim, eu vi. \o/
Foto fantástica no Instagram oficial da Iss:
https://www.instagram.com/p/-96qiitPh9/
E ainda tem gente que duvida, mesmo com o lançamento acompanhado e transmitido em tempo real.
Tsc tsc
Tem gente que se olha no espelho e duvida do que está vendo… Outros se recusam a olhar no espelho e , assim, não contrariar suas crenças sobre si mesmos.
Assim caminha a humanidade.