Astronomia: Quanta matéria há no Universo?

Quanta matéria há no Universo? Astrofísicos usaram um estranho fenômeno para “pesá-la”.

O SINAL
Em 18 de abril de 2015, o radiotelescópio Parkes, na Austrália, detectou a chegada à Terra de um sinal com duração de uma mínima fração de segundo, vindo das profundezas do espaço. Era o que os cientistas chamam de FRB, sigla inglesa para disparo rápido de rádio.

ORIGEM MISTERIOSA
Esses surtos de rádio são bem difíceis de captar. Até então, fora esse evento, apenas 16 haviam sido registrados. Ainda não sabemos que fenômeno espacial os produz, e houve até quem os associasse a transmissões de inteligências extraterrestres.

HORA DO LANCHE
Para tornar tudo mais confuso, outros sinais parecidos com esses também começaram a aparecer nos últimos anos no radiotelescópio Parkes. Batizados de perytons (em homenagem à criatura mitológica da obra de Jorge Luis Borges), eles acabaram se revelando resultado da abertura prematura de um forno de micro-ondas no observatório australiano!

TEMPO REAL
Apesar desse pequeno embaraço, os FRBs são mesmo de origem astrofísica, e o de 18 de abril foi um dos primeiros a ser identificado assim que chegou. Isso permitiu apontar outros radiotelescópios de imediato para a fonte do sinal no céu e encontrar ali um sutil brilho em rádio, que durou seis dias.

NUMA GALÁXIA DISTANTE
Os astrofísicos então puderam usar um telescópio óptico, o Subaru, no Havaí, para encontrar a origem do sinal — uma galáxia elíptica, cuja luz permitiu estimar a distância: cerca de 6 bilhões de anos-luz. Pela primeira vez, sabíamos a origem exata de um FRB.

NO MEIO DO CAMINHO
E aí veio a “pesagem” do Universo. Os FRBs apresentam um atraso no sinal que tem relação com quanta matéria eles tiveram de atravessar pelo espaço para chegar até nós. Ao saber a distância até o ponto de origem do FRB, foi possível determinar a densidade de distribuição de matéria na vasta região que nos separa dela. E o valor bate em cima com os modelos cosmológicos baseados no Big Bang.

BÔNUS: Para os curiosos com o número exato, o estudo mostrou que o Universo é 4,9% (mais ou menos 1,3%) composto por matéria convencional, dita bariônica. Isso é compatível com os modelos cosmológicos baseados na radiação cósmica de fundo, que sugerem 5% matéria convencional, 25% matéria escura e 70% energia escura.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

Acompanhe o Mensageiro Sideral no Facebook, no Twitter e no YouTube

Comentários

  1. Medir a matéria do universo, é só pra encher espaço de papel vazio, não sabemos nem as dimensões ex atas dele e se é é só ele, a impressão que dá é que como os minerais e materiais que compõe os planetas e tudo o que não é gases que formam as estrelas e destas são fabricados todos os elementos químicos que tem por aí, na forma de matéria que conhecemos, são resultado de um processo maior e anterior ao Big Bang, a matéria escura parece predominar a partir de certo momento da evolução do nosso universo mas perece que ela sempre esteve aí no início do nosso universo havia mais energia explosiva toda a energia do Big Bang empurrava de alguma forma abrindo o espaço, ou criando uma dimensão para se espalhar e evoluir e parece que a matéria escura esta espalhando esta energia, ou absorvendo como se quisesse acalmar a matéria que conhecemos, voltando ao estado estático sem flutuações quânticas, até que algum distúrbio comece tudo de novo, a coisa é bem complicada para entender, Salvador gosto muito dos seus textos pena os comentário de alguns que se apegam as crendices eles deveriam ser proibidos de usarem recursos modernos de comunicações, afinal foram os técnicos e cientistas do demônio quem criaram estas maravilhas, porquê não vão pro deserto jejuar.

  2. Fazendo um esforço criativo agora. Abaixo você comentou que a energia para produzir um sinal dessa magnitude você precisaria da energia que o Sol gera ao longo de dois dias para produzir um sinal com uma fração de segundo de duração. OK. Não seria então mais “simples” ao invés de gerar um sinal, usar um “pano” que possa cobrir a emissão da luz do nosso Sol em direção a alguma outra estrela? Por exemplo, se estivermos longe o suficiente do Sol e cobrindo ele na direção exata de outra estrela poderíamos gerar um “eclipse” da nossa estrela nesse sistema, efetivamente dizendo um “olha aqui, ela estrela está sumindo porque alguém está fazendo isso de propósito”, para quem pudesse estar nos observando. Não sei se é loucura, mas imagino que seria uma forma muito simples de outros “observadores” se comunicarem conosco, até porque é um sinal que nós estamos efetivamente observando pelos últimos 20 anos enquanto procuramos planetas em outros sistemas.

    1. O amigo se esquece que é mais fácil tapar uma estrela distante do que gerar um sinal de alta energia, por pouco tempo que seja, que é o que aconteceu. Não, esse evento deve ser natural, assim penso.

  3. Livro selecionado: “A Gênese”1860

    ÍNDICE

    A Criação Universal

    17. Depois de havermos remontado, tanto quanto está ao alcance de nossas forças, em direção à fonte escondida da qual emanaram os mundos como se fossem as gotas d’água de um rio, consideremos a marcha das criações sucessivas e de seus desenvolvimentos seriados.

    A matéria cósmica primitiva encerrava os elementos materiais, fluídicos e vitais de todos os universos que desdobram suas magnificências perante a eternidade; ela é a mãe fecunda e primacial de toda as coisas, e o que é mais, a geratriz eterna. Ela não desapareceu, essa substância de onde provêm as esferas siderais; não está morto este poder, pois incessantemente ainda dá à luz novas criações e recebe incessantemente os princípios reconstituídos dos mundos que se apagam do livro eterno.

    A massa etérea, mais ou menos rarefeita, que permeia os espaços interplanetários; esse fluido cósmico que enche o mundo, mais ou menos rarefeito nas regiões imensas, ricas em aglomerados de estrelas, mais ou menos condensado nos lugares em que ainda não brilha o céu sideral, mais ou menos modificado por diversas combinações segundo as localidades da extensão, não é outra coisa senão a substância primitiva na qual residem as forças universais, de onde a Natureza tem tirado todas as coisas. (1)

    18. Este fluido penetra nos corpos como um imenso oceano. É nele que reside o princípio vital que dá nascimento à vida dos seres, e a perpetua sobre cada globo segundo sua condição, a princípio no estado latente que dormita ali onde a voz de um ser não o chama. Cada criatura, mineral, vegetal, animal ou de outra espécie, _ pois há outros reinos naturais dos quais nem mesmo suspeitamos a existência _ por virtude desse princípio vital universal, sabe adequar as condições de sua existência e de sua duração.

    As moléculas do mineral têm certa soma dessa vida, assim como a semente e o embrião, e agrupam-se, conforme o organismo, em figuras simétricas que constituem os indivíduos.

    Muito importa que nos compenetremos dessa noção; que a matéria cósmica primitiva era revestida, não só das leis que asseguram a estabilidade dos mundos, mas ainda do princípio vital universal que forma gerações espontâneas sobre cada mundo à medida que se manifestam as condições da existência sucessiva dos seres, quando soa a hora da aparição dos filhos da vida, durante o período criador.

    Assim se efetua a criação universal. Portanto, é verdadeiro dizer que, sendo as operações da Natureza a expressão da vontade divina, Deus sempre tem criado, cria sem cessar, e criará sempre.

    19. Porém até aqui temos deixado em silêncio o mundo espiritual, o qual, ele também, faz parte da criação e realiza seus destinos segundo as augustas prescrições do Senho

      1. É interessante como o texto datado de 1860 usa uma terminologia rebuscada para se assemelhar a algo minimamente científico, aliás o texto serve-se de conceitos científicos que estavam em voga no século XIX, como o éter luminífero. Isso mesmo a tal “a massa etérea, mais ou menos rarefeita, que permeia os espaços interplanetários”. No entanto o éter não existe e tal ideia foi abandonada pela ciência.

    1. Por gentileza enrole esse livro e introduza-o em seu orifício rugoso da parte lombar inferior.

      Obrigado

          1. Não é de bom tom dizer para as pessoas introduzir objetos no próprio orifício rugoso. hahaha

    2. Respondendo de modo mais educado, mas não menos enfático: isso é fantasia amigo elguajiro… pura invenção.

  4. Salvador, já que o assunto se estendeu para a energia escura, existe alguma possibilidade de apontar a “origem” dessa energia? Digamos, existe um centro para o universo a partir do qual tudo está se afastando? Poderia-se determinar esse ponto como fizeram com o “grande atrator” do nosso grupo local de galáxias, só que ao contrário?

    1. Não, porque o Universo observável não representa uma amostra suficientemente grande para isso.

  5. Ok, considerando-se que essa medida reforça a hipótese de um universo infinito e em expansão eterna e sendo a matéria uniformemente distribuída, isso reforça a hipótese de multiversos? Os teóricos dessa hipótese conjecturam que então haveriam infinitas cópias da terra e seus habitantes por aí. Mas seria possível então que toda a história da evolução e todos os acasos, todas as probabilidades se repetissem infinitamente? O espermatozoide de meu pai se encontraria com o óvulo da minha mãe e me geraria numa infinidade de mundos? Que viagem! Que acha Salvador, isso seria mesmo possível?

  6. Salva, por favor, como se calculou o peso -massa- do planeta Terra se há matérias -elementos- com vários pesos específicos e em proporções diferentes tais como hidrogênio, carbono, manganês, ferro, ouro, urânio….etc…… ?

    1. Pelo efeito gravitacional que a Terra produz. A intensidade da força gravitacional é proporcional à massa. Com as equações de Newton dá para calcular a massa da Terra.

  7. Ressaltando, não sabemos o que é mas sabemos o peso. E existe uma corrente que diz que são todos uns chutadores. Pessoal inculto e descrente dos contos de carochinha. Quando vocês vão se alinhar com esses estudiosos e meticulosos cientistas e suas teorias convexas? Ou será que são côncavas?

    1. Tem um motel na Av. do Estado que se chama Concavo e Convexo, por que vc não leva seu namorado lá e ficam estudando meticulosamente as vossas concavidades e convexidades?

      1. Já estive lá com sua genitora e, sabe da maior, não cheguei a nenhum consenso, visto a fragilidade sensual da beldade.

        1. Por isto que o Bruno sugeriu que você levasse seu namoradO, já que, como você mesmo acabou de declarar, você não sabe o que fazer com uma mulher…

          1. Elguajiro, se você realmente acompanha esse blog deve saber que só faço isso com o Vavá, isso porque ele sempre parte para as ofensas primeiro, uma vez que é incapaz de manter uma conversa com o mínimo nível intelectual.

  8. Salvador, dá pra escrever esse número que representa a matéria medida? Ou vc ia morrer de velho colocando zeros aqui no blog?
    Abraço, gostei muito da matéria.

  9. Porque o eter nao mais se chama assim. E (ou era) ele a materia escura, energia escura ou vacuo?

    1. Porque o éter é outra coisa, seria o meio material por onde a luz “ondula”. E o vácuo não é um meio material.

      1. Oi Salvador. Pegando esse gancho, como a luz (e rádio) se propagam no Universo, princialmente no vácuo (ou não existe vácuo, sendo que seria matéria escura?)?

        1. Eles se propagam no vácuo porque não precisam de um meio para se propagar. São onda e partícula ao mesmo tempo, e partículas não precisam de meio material para se propagar.

  10. A hipótese de ser alguma civilização talvez já instinta tentando se comunicar é hipótese totalmente descartada? Se sim, porque?

    1. Não está descartada. Só não é muito provável. Até pelo histórico. Pulsares, que também emitem emissões regulares em rádio, foram de início cogitados como transmissões alienígenas. No fim, eram um fenômeno natural. Imagina-se que uma transmissão deliberada, artificial, vá ser tão claramente artificial que a própria dúvida já sugere que o mais provável é um fenômeno natural.

      1. Não é nada provável, até pelo que você escreveu logo ai abaixo:

        “A energia que o Sol produz em dois dias é necessária para gerá-los, e eles duram só uma fração de segundo”

        Ou seja, teria de ser uma civilização muitísimo poderosa e “esbanjadora”, só para dizer “Hello Word”! hehehehe

        Agora, uma pergunta que me encafifa há mais de 30 anos (quando meu professor de física começou a dar algumas aulinhas de atronomia, por fora), a de que o ser humano começou a fazer transmissões de rádio e TV, há mais de 60 anos, e que estas transmissões já teriam passado a órbita de diversos sistemas planetários, ao nosso “redor” (um raio de de 60 anos, por exemplo).

        Você acredita nisto? Que os nossos vizinhos Próximacetaurianos estejam se divertindo com a Sonia Braga na novela “Gabriela”???

        Eu sempre achei (acho) que não, pois a potência irradiada (Watts) é “bem baixa” e os sinais são altamente focados, da terra direto para os satélites artificiais e destes para as antenas receptoras da terra. Acho que pouca coisa escapa para o espaço.

        Eu chegou a acretidar que mesmo a New Horizons, se ficasse paradinha perto de Plutão, com as antenas apontadas para a terra, nem assim ela pegaria o último epsódio de Game Of Thrones, hehehehe.

        O que você acha? Tais ondas teriam “força” para chegar tão longe?

        1. Meu caro, esse é justamente o ponto de partida do livro Contato, do Carl Sagan, que depois virou filme de mesmo nome, estrelado pela Judie Foster e Matthew McConaughey. Vale a pena conferir!

          Spoiler inocente: os ETs não estavam assistindo a Sonia Braga, mas às primeiras transmissões televisionadas, dos Jogos Olímpicos de Berlim. Até Hitler faz uma pontinha ali.

        2. Certa vez li um artigo que falava sobre isso. Dizia q as transmissões de programas de TV e rádio são fracas demais para chegar com o mínimo de clareza em qualquer estrela, e que as ondas q escaparam de nosso planeta vão se “diluindo” até q se misturam ao ruido do próprio universo.
          Enfim, ninguém de outro sistema estelar vai assistir nossa programação.
          Bom, foi o que li. Se é isso mesmo, algum especialista pode esclarecer melhor.

      1. Na verdade, Xangô Menino é uma música (muito bonita) do Gilberto Gil.

        Mas, pelo menos, fico contente em saber que você, Vavá, sabe que estas coisas de deus e deuses são tudo besteiras e idiotices.

        Agora, a pergunta que vale um milhão: Telepatia emite luz????

        Essa até doeu minha alma inexistente…

        1. Bonita, huummm, Pelo que me consta lindona. Emite impulsos elétricos, se tem lampadas acesas desconheço. A dor deve ser no cóccix por ficar muito tempo de quatro, pois alma não dói e faz parte do que não acredita.

    2. uma mensagem inteligente não deixaria dúvida alguma a respeito do fato dela ser uma mensagem inteligente. seria impossível cogitar a hipótese dela ser originada por causas naturais.

      seria um enorme desperdício de tempo e energia uma civilização inteligente transmitir uma mensagem ambígua, que pudesse ser confundida com um sinal originado por causas naturais…

  11. Salva, boa tarde.
    Qual a diferença entre energia escura e matéria escura?
    Ta certo que é matéria é matéria e energia é energia..rs…. Mas o porque do escura?

    1. Porque não sabemos o que são. Matéria escura é matéria porque gera — e sente os efeitos da — gravidade. Mas não sabemos de que é feita e, seja lá do que for, é algo que não interage com a matéria convencional de outro modo que não seja pela gravidade. Por isso ela é “escura”, porque não dá pra ver, uma vez que ela não interage com a luz. Já a energia escura é a misteriosa força que está acelerando a expansão do Universo, contrabalançando os efeitos da gravidade. Sobre essa sabemos menos ainda. Há quem diga que é uma manifestação da própria energia do vácuo (o que faz certo sentido, porque quanto mais o Universo se expande, mais vácuo aparece, e mais energia escura teríamos). Mas não temos ideia do que seja.

      1. Poxa que interessante. Então isso equivale a dizer que, se nos primeiros momentos da inflação cósmica, o espaço, (que na ocasião era menor), continha menos vácuo, então havia uma proporção diferente de energia escura/outras matérias?

        1. Sim, se a energia escura for mesmo a energia do vácuo e se seu valor for constante. Não sabemos se é isso mesmo, nem como funciona. Só sabemos que não sabemos um bocado. 😉

        1. Eu acho que o ideal seria Matéria Cor-de-Burro-Quando-Foge, para realçar a estranheza da bagaça. Mas vamos de matéria escura mesmo. rs

          1. Se até buraco negro e big bang já foram termos de zoeira que depois se consagraram na linguagem científica, vou manter minha fé no rebatismo da matéria escura para matéria Cor-de-Burro-Quando-Foge. É lindo! kkkkkkkk

  12. Salva,
    Na seqüência do vídeo deste Post, o You Tube recomenda um vídeo de “Dzao Gustavo” com o título: “Porque a NASA não voltou à lua” veja e divirta-se!

    1. Uma das coisas que mais me deprimem no YouTube é isso. Para cada vídeo que eu posto com ciência de verdade, o YouTube vai recomendar ao mesmo telespectador mais oito, só com mentiras. Assim fica difícil.

      1. Infelizmente faz parte do negocio isso. Mas continue firme e forte pois com certeza a cada seu canal sera descoberto por novas pessoas que gostam de ciência de verdade.

      2. A internet permite a todos dizer o que quiser, sobre qualquer assunto… Como a maior parte das pessoas é analfabeta funcional e analfabeta científica, o que absorvem é o mais simples, fácil e emotivo, campo fértil para as mentiras.

        Sabe, pensar é difícil, exige esforço…

    2. O porque da NASA não ter voltado à Lua, o próprio Salvador já respondeu N vezes (acho que pelo menos uma vêz por semana, hehehehe)

      E é um só motivo: $$$$$$

      Já para mim o iutubi ofereceu coisa muito pior e mais estúpida e desonesta: xico chavier….

      Como diria o famoso filósofo grego, Focrates: “ai é soda”!

    1. Então, a medida que eles obtiveram é de que a matéria bariônica (ou seja, não escura) responde por 4,9 +- 1,3% do inventário total do Universo, o que é consistente com os modelos cosmológicos que atualmente sugerem 5% matéria bariônica, 70% energia escura, 25% matéria escura. Ou seja, é uma confirmação independente das medidas obtidas com o WMAP e com o Planck — mostra que nossos modelos estão no caminho certo para descrever o Universo. Mas eles não mediram a quantidade de átomos de hidrogênio por metro cúbico, até porque no espaço vazio normalmente não temos átomos, mas íons — ou seja, núcleos de hidrogênio ou elétrons livres. Nesse caso, é o efeito dos elétrons livres que altera o padrão de dispersão do pulso de rádio e permite inferir essas coisas.

      1. O curso de Cosmologia do Observatório Nacional, na sua parte final, cita a massa crítica de 3 átomos por metro cúbico (como média para todo o Universo), como a massa crítica para ele voltar a se contrair. Acima disso, ou igual, haverá um “Big Crunch”, abaixo disso, expansão eterna.

        Pena que esse estudo não diz se essa massa do Universo está acima ou abaixo da crítica…

        1. Radoico, o que me estranha nisso aí é citar a matéria bariônica como medida de predição do destino do Universo sabendo que há 5 vezes mais matéria escura, e 20 vezes mais energia escura…

          1. Para ser mais honesto com o ON, devo complementar que o curso mostra a dificuldade em se determinar qual é a densidade de massa, se ela supera ou está abaixo dessa massa calculada de 3 átomos por metro cúbico…

            Citando o Módulo 10, página 367:

            “… mais de 90% da massa existente no universo pode estar numa forma ainda não detectada e não necessariamente se revelar como estrelas (…) Não necessariamente essa massa escura estaria na forma de bárions”.

            “Vemos, portanto, que a determinação da densidade de matéria e da desaceleração do universo são testes cruciais para a cosmologia.”

            Mesmo sem ter, ainda, uma resposta exata, essa experiência que você explica no post é de suma importância.

  13. Salvador, se eles pesaram eles chegaram a um número. Qual é esse número? Ele é diferente das estimativas feitas até então por outros métodos? Ele poderia alterar significativamente a distribuição de energia como a vemos hoje, em termos de quantidade de matéria bariônica, matéria escura e energia escura? Existe alguma relevância nesse sentido, ou foi mera curiosidade?

    1. Então, a medida que eles obtiveram é de que a matéria bariônica (ou seja, não escura) responde por 4,9 +- 1,3% do inventário total do Universo, o que é consistente com os modelos cosmológicos que atualmente sugerem 5% matéria bariônica, 70% energia escura, 25% matéria escura. Ou seja, é uma confirmação independente das medidas obtidas com o WMAP e com o Planck — mostra que nossos modelos estão no caminho certo para descrever o Universo. Mas eles não mediram a quantidade de átomos de hidrogênio por metro cúbico, até porque no espaço vazio normalmente não temos átomos, mas íons — ou seja, núcleos de hidrogênio ou elétrons livres. Nesse caso, é o efeito dos elétrons livres que altera o padrão de dispersão do pulso de rádio e permite inferir essas coisas.

      1. Voltando ao assunto, Salvador, eu penso que os cientistas calcularam que a massa crítica é EQUIVALENTE à massa de 3 átomos (de hidrogênio?) por metro cúbico… Assim interpreto a afirmação, resumida no curso de Cosmologia voltado para leigos… (não usaram a palavra equivalente, mas acho que faz sentido incluí-la. 🙂

        Seria interessante que, a partir desse estudo, os cientistas partissem para determinar se haverá ou não um Big Crunch, agora melhor embasados…

        1. Radoico, o problema é que a medida tem um grau de incerteza muito grande, perto da precisão necessária para garantir se teremos ou não Big Crunch. Mas, com a energia escura, acho que nem se fala mais em Big Crunch como uma possibilidade real, a não ser que a energia escura mude de comportamento (o que alguns modelos permitem).

  14. Bom dia Salvador,

    É comum que sinais de rádio consigam atravessar 6 bilhões de anos luz? ou estes sinais de radio são potencialmente fortes e especiais?

    Parabéns pelo Blog

    1. São bem fortes. A energia que o Sol produz em dois dias é necessária para gerá-los, e eles duram só uma fração de segundo.

      1. Nossa, deve ser um evento magnífico, queria poder viver mais para ir vendo as descobertas do universo!!!

  15. Não entendi nada sobre esta pesagem,só sei que nem o pensamento consegue ir até o fim do universo.
    Pensando bem é impossivel o universo existir,o primeiro atomo teria saido do nada e se multiplicado infinitamente e deu origem a todo tipo de materia e de outros atomos.

    No entanto o universo existe.Se não teve um criador é pq o nada é muito poderoso.Do mesmo modo é impossivel haver um criador,no entanto Ele existe,muitos o chamam de Deus.Karakas!!!

  16. Essa história da falsa detecção de sinais de rádio espaciais oriundas de um forno microondas localizado na cozinha do laboratório do radiotelescópio chega a ser hilária. hehe

    Por outro lado, mostra como os instrumentos são sensíveis.

    1. E mostra como a ciência se “auto regula”. Não há medo de errar nem de admitir que estavam errados.

      Ponto pra eles.

      1. “Eu Tm” imagino que a coisa toda deve ter se desenrolado dessa forma:

        Como em qualquer ambiente profissional, primeiro deve ter rolado um memorando interno, alguém leu o documento e pensou “agora fudeu de vez”, o memorando passou de mãos e mãos e alguém deve ter dito “cabeças vão rolar”…

        No final das contas, eles então admitiram a falha, corrigiram o problema e devem ter culpado estagiário fominha por abrir o forno microondas. 😛

  17. Se essa galaxia está a 6 bilhões de anos luz e esse sinal de rádio não está na velocidade da luz (correto?), com quanto tempo essa emissão de radio foi feita ? Tem como precisar isso ?

    1. O rádio está na velocidade da luz. Rádio é luz, mas com comprimento de onda mais comprido. E o atraso é na dispersão das ondas — tipo, ondas com comprimento de onda maior chegam depois das com comprimento de onda menor.

      1. Valeu Salvador! Fui lá ver e o resumo explicou.
        Pena que pra ler tem que pagar 32 dólar…
        Mas vem cá. Qual a chance de a matéria escura ser o eter o Michelson?

        1. Zero. A matéria escura não serve como meio material para propagação da luz.

  18. O mínimo que se espera de uma reportagem científica é que ela responda a questão que motivou sua publicação: ‘Quanta matéria há no universo?’ A decepção seria menor se a pergunta fosse “Como calcularemos a massa do universo”.

    1. Do inventário total do universo, temos 5% em matéria bariônica, e foi isso que o estudo mediu, em total acordo com os modelos cosmológicos.

  19. Salva!

    Uma pergunta de leigo: como exatamente podemos determinar a distância em anos luz de uma galáxia ou estrela que estamos observando? Quais os parâmetros e técnicas utilizados?

    Abração!

    1. Dependendo da escala, usamos técnicas diferentes. Para estrelas usamos paralaxe (ou seja, a sutil diferença de posição dela de acordo com a perspectiva, conforme a Terra está de um lado e de outro do Sistema Solar, a cada 6 meses) ou luminosidade (sabendo quanto, em termos absolutos, brilha uma estrela, quão longe ela precisa estar para ter aquele brilho relativo?). Para galáxias, já passamos ao desvio para o vermelho (o quanto a luz da galáxia é distorcida pela própria expansão do espaço que nos separa dela). Abraço!

      1. É interessante que a paralaxe foi o calcanhar de Aquiles de Galileu, pois ele não conseguiu demostrar com seu telescópio a paralaxe. Se a Terra se movia ao redor do Sol, as estrelas distantes deveriam apresentar mudança de posição em razão na perspectiva do observador aqui na Terra. O que era esperado. No entanto ninguém sabia o quão distante as estrelas estavam de nós. Razão pela qual a paralaxe só foi observada séculos depois, quando os telescópios ficaram mais potentes e as observações mais precisas. Na época de Galileu a falta da paralaxe ajudou a igreja católica a refutar a tese do heliocentrismo e condenar as idéias de Copérnico. Galileu argumentou corretamente que as estrelas estavam tão distantes da Terra que a paralaxe não poderia ser vista. Tal argumento era muito inovador, já que acreditava que a “esfera das estrelas” não ficaria muito além de Júpiter. A paralaxe só observada em 1838, Galileu mais uma vez estava certo.

Comments are closed.