Astronauta entra no ‘puxadinho’ inflável da ISS

Salvador Nogueira

Seguindo o cronograma estabelecido pela Nasa, nesta segunda-feira (6) o módulo inflável BEAM, recém-instalado na Estação Espacial Internacional, foi aberto e recebeu seu primeiro visitante: o astronauta americano Jeff Williams.

É um pequeno — mas importante — passo rumo a futuras missões tripuladas que vão além da órbita terrestre. E a empresa americana Bigelow Aerospace está agora mais perto de estabelecer seu primeiro hotel no espaço.

O “puxadinho” foi levado ao espaço em 8 de abril e inflado no domingo da semana passada. Depois disso, ficou uma semana “de molho”, a fim de que se verificasse que não há nenhum vazamento de atmosfera — questão crítica de segurança. Como tudo correu bem durante sete dias, Williams recebeu o OK do controle da missão para abrir a escotilha e entrar no módulo.

Não se assuste com a máscara que ele usou — é procedimento padrão para a entrada em qualquer cargueiro que se acopla à estação. Mas estava tudo certo com a atmosfera interna (ele colheu uma amostra para verificação), exceto pelo frio que fazia lá dentro — dentro do previsto e do esperado de acordo com as simulações feitas em solo. Nada de condensação nas superfícies internas, o que era boa notícia.

Sensores internos foram inspecionados e dutos de ar instalados. Depois da checagem, Williams — que teve ajuda do cosmonauta Oleg Skripochka — fechou novamente a escotilha.

Na quarta-feira, serão feitos novas visitas ao módulo, mas ele passará a maior parte do tempo fechado, numa missão que durará dois anos e verificará a viabilidade do uso de módulos infláveis no lugar de rígidos para missões espaciais.

As vantagens são óbvias — um módulo inflável é mais leve e ocupa menos espaço “dobrado”, de forma que pode ser transportado no topo de um foguete com mais facilidade e acaba com um volume habitável muito maior no espaço. Resta saber se não há desvantagens — como maior risco de impacto com micrometeoritos ou incidência de radiação perigosa. Segundo os testes e simulações da empresa Bigelow Aerospace, ele deve ser ainda mais resistente que os módulos convencionais. Mas a Nasa nunca foi de aceitar “la garantía soy yo” como argumento, de forma que o teste é fundamental. Para isso, o BEAM passará dois anos conectado à ISS (com seis a sete entradas dos astronautas por ano).

O PRÓXIMO PASSO
Agora que teve esse sucesso, a Bigelow quer convencer a Nasa a dar o próximo passo — após a missão bem-sucedida do BEAM, permitir a instalação de um módulo maior, o B330, na ISS.

“Nosso foco é construir plataformas comerciais em baixa órbita terrestre usando nossa nave B330”, disse a companhia, via Twitter. “Nossa proposta para a Nasa é conectar um B330 à Estação Espacial Internacional para uso comercial e governamental. Chamamos essa espaçonave de ‘XBASE’.”

Em termos de massa, o B330 é do mesmo naipe dos módulos tradicionais rígidos da estação. O módulo Destiny, por exemplo, tem 15 toneladas, e o B330 teria 20 toneladas. Mas aí entram as maravilhas de ser inflável: com área habitável de 330 metros cúbicos, ele teria mais que o triplo de área interna que o Destiny.

Estrutura interna de um B330 -- um módulo ou uma estação espacial completa? (Crédito: Bigelow)
Estrutura interna de um B330 — um módulo ou uma estação espacial completa? (Crédito: Bigelow)

E o interessante é que o B330 foi projetado para funcionar sozinho no espaço, o que poderia ser a base para uma estação privada — possivelmente um misto de laboratório e hotel espacial. (Não custa lembrar que Robert Bigelow fez fortuna com hotéis em Las Vegas antes de se aventurar em exploração espacial.)

Há variações do design do B330 que também permitiriam a construção de uma base lunar — embora a Bigelow diga que não está nos planos no momento seguir com esse empreendimento. O futuro, entretanto, parece brilhante. E é quase certo que a Nasa vá usar módulos infláveis como parte de sua arquitetura para as primeiras missões tripuladas a Marte, marcadas para o final da década de 2030.

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Comentários

  1. O único interesse que o governo pode ter em corrida espacial é querer inventar o “minha marte, minha vida” kkkkkkkkk Pra poder ganhar dinheiro vendendo lotes e barracos em marte.

    1. ary, pelo menos com os recursos atuais de navegação espacial não basta apenas “marcar uma data”. o problema é um pouco mais complicado. é necessário, por exemplo, aguardar que o planeta de origem e o de destino estejam posicionados de forma conveniente em suas órbitas, para que o gasto de energia e propelentes na viagem sejam minimizados. são as famosas janelas de lançamento.

  2. Salvador sera q nao podemos tentar algo a Mais por aqui Eu era crianca Morava no MA (Jacare)jenipapo dos vieiras na decada de 80 passou um objeto circular c/circunferencia de 10m aproximadamente na altura de 20a30m do chao nao fazia barulho cor de fogo voando devagar e outras pessoas de la viram e na epoca nem energia eletrica tinha.se poder nos ajudar enquanto tem quase todas testemunhas vivas.agrdeco Eva.

  3. Ae, Salvador!
    E o Brasil?
    Quando irá acordar para produzir tecnologia espacial?
    Até a Índia já está produzindo foguetes e enviando seus próprios satélites para o espaço, além de dominar a tecnologia nuclear e ter suas próprias bombas atômicas.
    Desde que a aquela base aeroespacial meia boca de Alcântara explodiu ou explodiram, que o Brasil nunca mais investiu no setor.
    Cérebros nós temos, mas em não encontrar estímulos internos, acabam indo para outros países em busca de seus ideais.
    Também néh!
    Um ex-presidente analfabeto e uma “presidenta afastada” que sequer sabe se expressar, é o diagnóstico perfeito para o nosso atraso tecnológico.
    Acertei?
    Tirei o dez?

    1. Nyco, nosso atraso em programa espacial já antecede em muito os últimos governos. A Índia tem uma motivação geopolítica para seu programa, uma vez que trava uma corrida armamentista com o Paquistão. Não é o caso do Brasil. Mas é vergonhoso mesmo o estado do nosso programa, porque poderia estar trazendo muita grana e desenvolvimento para o país. Seguimos dependendo do exterior, gastando pouco e gastando mal no nosso programa, que anda devagar, quase parando. Nem gosto de falar de programa espacial brasileiro, porque é muito frustrante.

  4. Salvador, você continua com a Coluna Ciência no Jornal das Dez? Procurei os videos, mas não achei.

    1. Não, infelizmente não. Meu contrato expirou no fim do ano passado e a GloboNews, cortando em tudo quanto é canto, optou por não renovar.

  5. Boa tarde Salvador!

    Cara fazendo aqui um full off-topic rs, vendo agr essa matéria( https://br.noticias.yahoo.com/fundo-mar-%C3%A9-desconhecido-solo-lunar-dizem-especialistas-170242520.html?nhp=1 ) me lembrou as várias vezes que aqui nos comentários tocamos no assunto e sempre você nos deixa claro a superioridade dos gastos em pesquisas aqui na Terra em relação às espaciais. Nela um cientista critica o custo que seria para realizar a missão Europa. Enfim, o que me intriga ou me faz deixar um pouco calado é quando alguém me questiona o pq de nossos mares ainda serem tão pouco explorados ou não investidos em relação as missões espaciais. Bem, na minha visão parecem ser apenas de responsabilidades diferentes e/ou apenas desinteresse que quem tem o capital de investir em novas descobertas aqui na Terra ou até mesmo pq as pessoas simplesmente não ficam sabendo das pesquisas ou missões que estão ocorrendo no fundo dos mares. Apesar de saber sua posição, existe mesmo esse aspecto de “o dinheiro é meu e quero investir no espaço e não na Terra” ou é realmente tipo, “galera, se liga, ocorre muito mais pesquisas nos oceanos do que no espaço”? Por fim, todo o textão foi pra dizer que não concordo 100% no que foi criticado pelos pesquisadores. Obrigado pela atenção Salva!

    Abração!

    1. Mateus, nossos oceanos continuam a ser investigados — como já o são há milhares de anos, na real –, e é verdade que ainda há muito a descobrir, e que os investimentos são menores que os espaciais. Mas isso é natural, uma vez que a pesquisa dos oceanos da Terra é mais barata que a dos oceanos de Europa e Encélado, por razões óbvias! Aliás, os oceanos da Terra nunca foram tão investigados quanto agora, até por conta da mudança climática (da qual eles são parte importantíssima para os modelos climáticos). Mas sempre será gasto menos dinheiro neles, pois se fôssemos gastar tudo que gastamos com espaço nos oceanos, nem haveria oceanógrafos suficientes para conduzir os estudos!

      O grande erro na verdade é fazer essa divisão aristotélica, antiga, intuitiva e errada, que divide o conhecimento entre terrestre e extraterrestre, querendo dar mais importância a um ou a outro. Somos cidadãos do Universo, não meramente da Terra. Precisamos sim estudar os oceanos da Terra, mas precisamos também estudar os de Europa. Só que os de lá são menos acessíveis, o que exige mais dinheiro. (Mas pense bem: mesmo a próxima missão dedicada a Europa não vai sequer mergulhar no oceano de lá. Já o de cá está cheio de submarinos e navios de pesquisa… onde estamos estudando mais?)

  6. Muito bom, seria bom também criarem robôs que fosse possível usar a matéria prima de um planeta e conseguir criar estes BEAM…Porque quero que as próximas gerações já cheguem nos planetas com a casa toda pronta !

  7. E esse Mars One Salvador? Leva alguma feh?
    Ta me parecendo meio improvavel ajeitarem tudo em 10 anos…

  8. lembrei de uma outra ideia, um pouco mais antiga, também envolvendo módulos infláveis na superfície da lua.
    nesta abordagem a resistência a impactos de micrometeoritos e radições nem seria tão importante, e sim a capacidade das paredes do módulo em manter a atmosfera interior. a idéia, se não me engano é mais ou menos assim:

    (1) um explosivo potente é enterrado a uma boa profundidade
    (2) a explosão é tal que abre um enorme buraco sob a superfície, mas ainda mantendo uma boa camada de solo na parte superior
    (3) é feita uma pequena abertura no topo desta “bolha” subterrânea, por onde é inserido o módulo a ser inflado
    (4) esta abertura serve também como área de descompressão, usada para entrada e saída dos seus habitantes

    como se vê a proteção contra impactos e radiações ficam por conta do proprio solo lunar (ou do planeta onde for montado este habitat). as paredes do módulo inflável se adaptariam às paredes do buraco resultante da explosão, e nem precisariam ser tão resistentes assim: bastaria que ela conseguisse manter a atmosfera dentro da bolha. 🙂

    1. O item 2 esta estranho, a explosão não deve abrir um buraco na superfície já que a ideia é criar uma “bolha” dentro do solo. No geral é uma solução bem interessante.

      Começaríamos nossa colonização planetária morando em cavernas. Espero que os primeiros habitantes deixem desenhos nas paredes para a contemplação dos habitantes do futuro rsrsrs

    2. Nao seria mais fácil no caso da Lua, usar as crateras já existentes?
      o problema é achar o buraco com tamanho ideal,
      que tenha uma superfície mais regular sem pedras pontiagudas que podem “furar” o modulo.

      1. acho que a maioria das crateras são grandes demais para isto. eu entendi que você está falando de colocar uma cúpula sobre a cratera para aprisionar uma atmosfera dentro, não é? bom, um dia pode até ser possível, mas acredito que com os recursos de engenharia atuais seria bem complicado!! e caímos de volta ao problema do material da cúpula precisar resistir a impactos de micrometeoritos e proteger contra a radiação, além de precisar suportar o próprio peso… :-S

        essas “bolhas” que eu falei não seriam muito grandes, apenas o suficiente para, digamos, meia dúzia de colonos poderem viver com certo conforto… 🙂

  9. Ok Salvador, tenho adquirido muito conhecimento neste blog por isso não saio daqui. Pessoal me desculpem pela chatice até hoje! Vocês ainda podem me aceitar por aqui?

    1. Certo, agora tenho certeza de que você não é o Oswaldo. O e-mail não bate com o tradicional, e essa sua fala não é compatível com a tosqueira tradicional.

      1. Ahh!! Salvador você estragou a brincadeira \o/, iria ser hilário ver o Oswaldo discutindo com ele mesmo sobre qual dos comentários eram verdadeiros 😛 Mas valeu a tentativa..

        1. Questão de justiça. Quando surgiram clones do Eu, eu denunciei a clonagem — sem barrar os comentários, que não é do meu feitio. Agora, mesmo que a vítima seja o Oswaldo, o nosso troll mais assíduo, eu não poderia ter posição diferente. 😉

          1. Não seria necessário, todos já tinham percebido que se tratava de alguma besta, minha enciclopédia é muito mais perfeita e completa e eu sou muito mais racional ao tecer comentários sobre as matérias, nunca sobre as pessoas.

          2. Turma, o “de souza” anda vendo Missão Impossível, está preocupado com o IP dele. rsrs.
            Vai contratar um hacker para mandar rotear o IP para Russia, Polônia e. .. não descobrirem que é ele. rsrs.
            Aliás, é mascarado, hein….minha enciclopédia é muito mais completa….aliás não existe mais enciclopédia, rsrs Agora chama Wikipédia e qualquer um do mundo acessa instantaneamente. rsrs
            Vc está é, … ultrapassado.

        2. Não precisaria o Salvador te desmascarar para sabermos que você era fake… Você pegou pesado demais, o “original” jamais assumiria tal posição…

  10. Dedinhos cursados para que tudo de certo e breve o Bigelow inaugure o primeiro hotel espacial.

  11. Algumas pessoas são descrentes com o nosso fututos espacial mais eu acho que daqui dez anos, vamos ver coisas incríveis, lógico se nibiru não aparecer kkkk

  12. Uma vantagem é que por ser aproximadamente cilíndrico, seria possível imprimir uma rotação de forma a simular gravidade, o que poderia ser útil para exercitar os tripulantes que passariam meses até chegar a Marte…

    1. Sim. Daria até para montar uma estação que fosse uma “roda” de módulos assim e colocá-la para girar, produzindo gravidade artificial à la 2001! 🙂

    2. hmm, tenho minhas dúvidas…
      sei que apesar de “flexível” a superfície é bastante resistente a radiaão e impacto de micrometeoritos.
      mas será que uma estrutura não rígida seria capaz de suportar uma aceleração centrípeta de 1g gerada por rotação?

      1. tenho uma ligeira impressão (mas posso estar errado!) de que a maior facilidade destas paredes poderem ser deformadas internamente pelos próprios ocupantes afetaria a estabilidade da rotação, seu eixo original não se manteria por muito tempo… 🙁

        1. Acho que depende do quanto a pressão é capaz de mantê-las rígidas. Mas é para isso que farão testes! 🙂

        2. Acredito que as paredes devem ser muito resistentes. Não são como bexigas, são compostas por armações internas intricadas e recobertas por muitas camadas de sei lá o que, tanto que não são tão leves.
          Acho q aguenta fácil uma rotação para gerar 1g. Mas, por enquanto, é só um achismo.

  13. Existem as vantagens e desvantagens dos módulos infláveis. Vantagem= ocupa menor espaço. Desvantagem= uso de pessoas atléticas, ou seja, os acima do peso nem com bariátrica. Por outro lado, não fiquem tristes com a comilança, pois isso, fora da órbita terrestre, só em nossa centésima geração e em outras plagas na milésima e nesse futuro estaremos vivendo de pílulas e concentrados, pois os glutões já terão consumido todo alimento conhecido – por acaso já viram ETs, de alta tecnologia gordos?. Todavia, com essa alta tecnologia, poderemos usar esses “puxadinhos” infláveis, a baixo custo, para acabarmos com a falta de moradias terrestres.

    1. Acho que você não entendeu como funcionam os módulos infláveis. Eles têm MAIS espaço interno que os rígidos. Portanto, seriam mais cômodos para pessoas de todos os tamanhos (verticais e horizontais). Importante também lembrar que a profissão de astronauta exige boa forma física, mas não necessariamente porte atlético. Tem uma porção de astronautas gordinhos por aí, como o Leroy Chiao, por exemplo: http://www.mtv.com/news/wp-content/uploads/geek/2011/06/soyuz-sim.jpg

      1. É que para ele a felicidade do momento é zoar que o Salva não está em ótima forma física… é só palhaçadinha mesmo… releve…

        1. Ah, foi isso, é? Será? Sei não. De toda forma, eu não sou astronauta. Mas, claro, se pintasse a chance de ir ao espaço, eu faria um regiminho sem problemas. 🙂

          1. Sim, é isso. E não é a primeira vez que ele tenta te ofender te chamando de gordo. No post anterior e no outro ele já fez isso.

          2. Hehehe, nos outros eu nem reparei. Passei batido.
            Nossa, como estou ofendido!
            Beijo do gordo! Mhuááá! 🙂

        2. Ahh .. ta explicado, era uma tentativa de bullying! Quando comecei a ler o comentário achei estranho, mesmo conhecendo a peça, estava muito, muito mais incoerente que o usual. Oswaldo, vai se tratar, é óbvio que você tem um problema mental.

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