Parte da Via Láctea se tornou ‘estéril’, diz estudo

Salvador Nogueira

Há definitivamente algo de estranho com a Via Láctea. Ao que parece, existe uma vasta região em torno do centro da galáxia que foi “esterilizada” — novas estrelas praticamente não nascem lá há centenas de milhões de anos.

O achado foi feito por uma equipe liderada por Noriyuki Matsunaga, da Universidade de Tóquio, em parceria com astrônomos sul-africanos e italianos, e os resultados acabam de ser publicados no periódico “Monthly Notices of the Royal Astronomical Society”.

O estudo se concentrou na detecção de um certo tipo de estrela, as chamadas variáveis cefeidas. Elas são interessantes porque têm um um padrão de pulsação específico, de acordo com a sua rotação, que permite estimar com alguma precisão sua distância — um elemento essencial para descobrir onde elas exatamente elas estão no contexto da galáxia. Lembre-se: a Via Láctea é uma galáxia espiral, semelhante a tantas outras que vemos nas imagens obtidas pelo telescópio Hubble, mas, como estamos do lado de dentro dela, temos uma noção bastante precária de sua organização interna — nós a vemos daqui como uma faixa estreita a cruzar o céu, e só.

Matsunaga e seus colegas se concentraram numa faixa do céu que passa pelo centro da galáxia, localizado na constelação de Sagitário, em busca de variáveis cefeidas. Além de permitirem uma estimativa de distância, elas são o resultado de uma das fases finais de estrelas bem maiores que o Sol — o que significa que elas vivem bem menos que o nosso astro-rei. Enquanto o nosso Sistema Solar já tem 4,6 bilhões de anos, as variáveis cefeidas só podem ter entre 10 milhões e 300 milhões de anos. São, portanto, uma boa referência do nível de formação estelar em tempos recentes nas regiões do espaço que ocupam.

O Sol está a meio caminho entre o centro e a borda da galáxia, a cerca de 26 mil anos-luz do buraco negro supermassivo que mora no coração da Via Láctea. A expectativa original era a de que, olhando “para dentro”, na direção do centro galáctico, eles encontrariam densidade maior de cefeidas, indicando maior nível de produção estelar.

Em amarelo, as cefeidas identificadas, quatro mais perto do centro, e as demais todas do outro lado da galáxia. Note a posição do Sol, outras cefeidas conhecidas em nossa região, e o deserto no centro, em verde claro (Crédito: Universidade de Tóquio)
Em amarelo, as cefeidas identificadas, quatro mais perto do centro, e as demais todas do outro lado da galáxia. Note a posição do Sol, outras cefeidas conhecidas em nossa região, e o deserto no centro, em verde claro (Crédito: Universidade de Tóquio)

O resultado, entretanto, foi bastante surpreendente. Embora eles tenham confirmado a descoberta anterior de algumas cefeidas muito próximas do centro, a apenas 150 anos-luz de distância dele, não puderam achar nenhuma que num anel que começava um pouco mais afastado do centro galáctico e avançava a um raio de cerca de 8.000 anos-luz do centro — um deserto de cefeidas nas regiões mais internas. Eles só puderam encontrá-las além do centro, bem afastadas.

O trabalho é consistente com observações em rádio que indicavam fraca formação estelar naquela área, mas intriga os astrônomos. O que gerou a “esterilização” da região? Mistééério.

BÔNUS: Dicas de observação celeste em agosto!
O popular “alinhamento planetário”, que permitiu a visualização dos cinco planetas clássicos (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno) no céu ao mesmo tempo, continua em agosto, e terá um marco final apoteótico no dia 27, quando Mercúrio, Vênus e Júpiter farão uma conjunção tripla bem pertinho do horizonte oeste. Além disso, em agosto, no dia 12, temos o pico da chuva de meteoros Perseidas. Confira as dicas de observação deste mês no vídeo abaixo!

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Comentários

  1. Salvador, onde posso encontrar algum vídeo mostrando como são criadas as estrelas? (desculpe a ignorância)

    1. Lembro-me de algumas animações do site do Science Visualization Studio da Nasa (svs.gsfc.nasa.gov), mas um vídeo com explicação e narração, não me lembro. Talvez seja o caso de eu fazer… rs

    2. Amigo, eu posso lhe ajudar. Nas últimas férias eu estava fazendo algumas filmagens interestelares com meu telescópio novo e casualmente captei o nascimento de uma estrela. É lindo! São muitas cores, e com atenção você consegue inclusive visualizar os gases em volta. Poderei estar disponibilizando o vídeo a você por um preço bastante acessível. Deixe seu email que eu entro em contato.

      1. Tá vendo por que é importante aprender ciência? Para não cair em charlatanismos como esse.
        Agora, eu nunca vi astrônomo vendendo vídeo de descoberta de estrela. Em compensação, é só ligar a TV para ver gente vendendo a água santa de não-sei-o-quê, o chá sagrado de não-sei-que-lá… fica a dica. 😉

  2. É que, assim como os homens e mulheres morrem de medo da morte, as estrelas temem o buraco negro, e deprimem-se senão tratam de morrer, mesmo, antes de caírem neste “ralo cósmico” … A vida sideral se parece com a vida humana. Ficamos velhos e cansados antes de morrer e como escreveu Simone de Beavoir, “a morte parece menos terrível quando se está cansado”.

  3. Salvador, sempre se fala que o universo vai ter um fim com a questão da expansão e tal, mas fiquei curioso com esse negócio de esterilidade e tal, se nascem estrelas, não fica meio confuso falar que o universo vai acabar?

    Desculpa a simplicidade do raciocínio rs
    Abs
    Marcelo

    1. Marcelo, as escalas de tempo são importantes.
      O Universo continuará a produzir estrelas ainda por muitos bilhões de anos, e as estrelas que se formarão brilharão por outros trilhões. Enquanto isso a expansão cósmica irá isolando cada vez mais as galáxias. E ao fim de pentazilhões de anos eventualmente todas as estrelas vão morrer, trombarão com buracos negros, que por sua vez desaparecerão, e o Universo terminará num triste e frio vazio homogêneo.

      1. Acho que a única coisa que podemos fazer no momento é acreditar ou não – o que nos divide – se essa teoria é certa ou errada, dado que nos é impossível saber qual o comportamento do tecido Tempo/espaço no decorrer de trilhões de anos.
        Ele pode até mesmo, conter algum tipo de elasticidade que perde força ao longo de bilhões de anos. Então, o tecido, mais fraco, sucumbe à matéria, voltando tudo como no início: Sem tempo e sem espaço.
        Pois é… Vai saber se uma dessas teorias é certa ou não!
        Ou se ainda uma outra que Ainda não concebemos é a certa.
        No momento, IMPOSSÍVEL afirmar. Não temos ainda os meios para isso.
        Apenas hipóteses.

      2. O “deus” evolução cósmica/estelar mudou de nome? Agora se chama “universo”?
        Não seria este “deus” o suposto criador das galáxias, estrelas e planetas? O universo não seria também uma de suas criações?
        Acho que o termo correto em sua frase seria: “A evolução cosmica/estelar continuará produzir estrelas……””
        Porém, diante desta afirmação, tenho uma dúvida, este “deus” transcende a 2º lei da termodinâmica?
        Ora, se o universo é um sistema ISOLADO, de onde ele conseguiria “energia” para ORGANIZAR e criar uma fusão nuclear? Segundo esta lei, gases sozinhos tendem a se dissipar. No máximo tendem a se agrupar em PARTES IGUAIS pela força gravitacional, tornando-se uma grande “nebulosa” sem muita energia. E mesmo esta nebulosa, pela 2º lei da termodinâmica, se “desgastará” e “morrerá” com o tempo.
        Diante deste fato, crer que estrelas se formam sozinhos, somente com muita, mas muita fé, visto que não há, uma observação empírica que corrobore tal conjectura (e para piorar, há observações que a refuta)

        1. Cara, quem tem mania de “deus” não sou eu. Eu escrevo sobre ciência. E ciência a gente define como a investigação dos fenômenos NATURAIS, por causas NATURAIS.
          Fenômenos e causas sobrenaturais não são tema deste blog. 😉

          1. Obviamente que o termo “deus”, foi no sentido de expressar uma fonte geradora. Para vocês, a evolução cosmica\estelar originou o universo, a evolução química, originou a vida e a evolução biológica originou a biodiversidade, certo?
            Portanto, de certa forma, a suposta “força” chamada “evolução”, para vocês, é um tipo de “deus” IMPESSOAL (fonte geradora).
            Outra coisa, e se fenômenos naturais não TIVEREM causas naturais? O naturalismo FILOSÓFICO não irá limitar as suas respostas a algo errado?
            Penso que o verdadeiro cientista não é aquele que LIMITA as suas respostas, mas sim o que busca descobrir A VERDADE.
            Tu desejas descobrir A VERDADE ou apenas deseja uma explicação naturalista para tudo (mesmo que não seja verdadeira)?

          2. Não, você está confuso. Evolução cósmica/estelar não gerou o Universo.
            O Universo evoluiu (no sentido de mudou, avançou no tempo) para ter formação estelar.
            Nós sabemos como era o estado inicial do Universo observável, 13,8 bilhões de anos atrás, temos algumas ideias de como e por que ele pode ter começado assim, mas não temos como testar no momento. Sem essa resposta, nada podemos dizer sobre por que o Universo veio a existir. Se você quiser colocar Deus aí, fique à vontade. Como é uma hipótese não-testável, Ele cabe aí tão bem quanto qualquer outra ideia.
            A ciência trata de estudar o Universo dali em diante. E dali em diante sabemos que ele seguiu leis naturais que o conduziram a gerar estrelas, planetas, vida, buracos negros, galáxias y otras cositas mas.
            Se você quiser incluir Deus em qualquer um desses eventos, vai ter problemas — porque eles já são bem explicados por ideias mais simples, que dispensam uma ação sobrenatural.
            Então é isso. Ninguém está (ou deveria estar) mandando você deixar de acreditar em Deus por conta de descobertas científicas.
            O que alguém, com base na ciência, pode sugerir é que você precisa repensar exatamente o que Deus pode ou não ter feito, porque as evidências apontam que o Ele não ficou criando coisinhas uma a uma, e soprando barro para dar vida a objetos inanimados etc.

          3. Salvador…. rsrrsrsrs.. tu diz que a evolução não originou o universo, mas sim que o universo “evoluiu” em espaço, tempo e matéria para formar as galáxias, estrelas e planetas, que nada mais é do que o próprio….. universo.
            Ou seja, tu diz que não é seis, mas sim que é meia dúzia.
            Ora……. é tudo a mesma coisa.
            É claro que vocês atribuem a origem das estrelas e planetas a “Evolução Cosmica/Estelar”.
            Este foi o meu ponto.
            Se eu chegar a um evolucionista naturalista qualquer e perguntar: “Quem criou as estrelas e planetas?” O mesmo dirá: “Ninguém, as estrelas e planetas EVOLUÍRAM via evolução cosmica/estelar.
            O mesmo ocorre com o primeiro ser vivo “(Evolução química) e com a biodiversidade (Evolução Biológica)
            Evolução é um conceito, que para qualquer evolucionista naturalista, é como um “deus” impessoal, pois não somente as estrelas e planeta, assim como a vida e a biodiversidade, sugiram por intermédio do grande poderoso “senhor” Evolução \o/ ….

            Outra coisa, como se “sabe” o estado inicial do universo observável, SUPOSTAMENTE presente há 13,8 bilhões de anos atrás (suposta idade que já sofreu diversas alterações), se ninguém estava lá para presenciar? Pela fé?
            Quando tu diz “se sabe”, tu transforma uma TEORIA em um dogma. É como se daqui há 3000 a frente, TODOS ainda terão esta mesma visão sobre a origem do universo.
            O fato é que NINGUÉM presenciou a origem do universo, cabendo portanto a fé de cada um. Uns creem em um Deus outros creem em deuses impessoais (como a evolução).

            Sobre hipóteses não testáveis caber em qualquer idéia, creio que deves ter propriedade a alegar isso, visto que a “evolução (Cosmica/estelar, química e Biológica), não são testáveis, e nem sequer verificáveis (visto que depende da fé nos supostos “zilhões” de anos para a “magia” ocorrer)

            A Ciência, basicamente, tem dois nichos:
            OPERACIONAL: Que é empírica e estuda os fenômenos EXISTENTES e PRESENTES
            FILOSÓFICA: Que é hipotética e busca entender as ORIGENS.

            Dentro da filosófica (cosmogonia) temos dois posicionamentos, igualmente filosóficos:
            Naturalista e Criacionista.

            Dento da NATURALISTA, a busca pelas origens LIMITAM-SE ao natural.
            Dentro da CRIACIONISTA, ele limite NÃO EXISTE.

            Portanto, diante deste fato, veio meu questionamento anterior: Sendo as origens de cunho SOBRENATURAL, a posição NATURALISTA (por ser limitada) JAMAIS chegará a reposta VERDADEIRA.
            Isso significa que o naturalismo filosófico, em si, não busca a VERDADE, mas sim uma explicação DENTRO dos limites naturais.

            Agora sobre as “evidências”….. acho que há uma confusão de sua parte ao defini-las.
            Porque? Porque visualmente tu confunde a evidência da EXPLICAÇÃO desta evidência.
            Sempre exemplifico, de forma metafórica, que a evidência é o copo com água na metade.
            Este mesmo copo pode ter, no mínimo, DUAS explicações antagônicas. Uma delas é que a mesma se encheu, e outra é que a mesma se esvaziou.
            Tu alegas que o copo está a encher, utilizando como “evidência” o copo com a água na metade. Como se não bastasse, tu alegas que esta é a ÚNICA explicação.
            Não permitindo opiniões contrárias, tu define, ao bel prazer (e de forma ditatorial), que explicações sobre a água está a se esvaziar, não é ciência.

            Se, de fato, a água se esvaziou, tu NUNCA chegarás a VERDADE.
            Poderá até mesmo conseguir explicações satisfatórias sobre o suposto “acrescimo de água” ao copo, porém esta explicação SEMPRE será falsa.

          4. Você claramente não tem vontade de entender. Basta ver o tamanho das suas respostas e as minhas. Se você fosse mais objetivo, nosso debate poderia ser mais produtivo. Mas você acha que eu vou ler tudo isso aí? Francamente…

          5. Eu digo o contrário, tu és que não tem vontade em aprender. Se tivesse, não reclamaria do tamanho das respostas (que nem de perto se comparar ao tamanho de seus posts)
            Por acaso és do tipo “narcisista”, achando que só tem a ensinar mas NUNCA a aprender?

          6. Com literalismo bíblico, admito acreditar que tenho pouco a aprender. Então, se quiser discutir alguma coisa que não tenha a ver com religião (tema que considero de foro íntimo e não passível de debates produtivos), estamos aí.

          7. Em verdade eu não debato cristianismo com não cristãos, pois também não considero produtivo.
            Porém não me calo quando não cristãos tentam, de alguma forma, impor algo inexistente a realidade, como a suposta mutualidade exclusiva entre o Cristianismo e Ciência.
            Como eu disse e torno a repetir (ficando aberto a desafios), NÃO HÁ uma evidencia, que tenha sido EMPIRICAMENTE COMPROVADA, que se choca com algum relato Bíblico, seja ele qualquer.
            Portanto, NÃO HÁ nenhum motivo lógico para acreditar que a ciência e o cristianismo não são compatíveis.
            TUDO que pela ciência, temos COMPROVADOS, somente vem a corroborar o que lá está escrito.

          8. Eu já disse que não há incompatibilidade entre cristianismo e ciência. Assim como não há incompatibilidade entre budismo e ciência, ou espiritismo e ciência ou qualquer outra religião que você quiser e ciência. Porque a ciência busca modelos testáveis do mundo, e a religião se ocupa de modelos não-testáveis do mundo. Não dá para testar se é verdadeira a afirmação de que a generosidade levará a salvação, ou que Deus existe, ou qualquer outra coisa. São questões de fé. Ciência trabalha no espectro oposto, com tudo que se pode testar.

            Então, se a religião se satisfizer em ficar no seu terreno — o da fé — e a ciência não extrapolar o seu — o dos fatos verificáveis –, ambas podem conviver tranquilamente.

            Você, no entanto, não consegue aceitar isso e vive tentando incluir a religião na discussão de hipóteses verificáveis — província exclusiva da ciência –, em nome de uma interpretação particular sua de um texto de teor religioso. Eis aí o único conflito.

          9. Separemos os alhos dos bugalhos.
            Primeiramente qual nicho científico está a falar?
            Da OPERACIONAL (empírica, que estuda os fenômenos HOJE existentes) ou da FILOSÓFICA (“cosmogônica”, que busca, por meio de uma analise forense, revelar as origens)?

            Não é possível que tu, por estar supostamente envolvido no meio científico, não deva saber a diferença.

          10. Não existe distinção. Contanto que você formule uma hipótese capaz de previsões — ou seja, que permita meios de testá-la –, é ciência. Pouco importa se você está em ciência básica ou aplicada. A religião deve se circunscrever a hipóteses não verificáveis, do tipo “Deus existe?”, “O que existia antes de Deus existir?”, “Deus é onisciente?”, “Só existe um Deus?”, “Há vida após a morte?”, “Há condutas específicas que levam à salvação?”, e por aí vai. Note que a ciência não tem instrumentos para responder nenhuma dessas questões. Elas são exclusivas, por assim dizer, da religião. Agora, se você começa a usar religião para falar de perguntas testáveis, do tipo “Seres vivos evoluem?”, “O Universo começou num estado muito quente e denso?”, “Planetas são o resultado natural da formação estelar?”, “Moléculas orgânicas complexas podem emergir de química mais simples?”, aí você está enrolado, porque a ciência vai testar essas hipóteses e vamos saber se você está certo ou não. E a religião necessariamente pressupõe que não saibamos se ela está certa ou não por caminhos racionais — é, como até mesmo Jesus definia, uma questão de FÉ.

          11. Não existe distinção?
            Então para ti, biologia molecular e cosmologia (ambos científicos) são IGUAIS, utilizando AS MESMAS metodologias em suas análises? É isso que está a dizer?
            Caso for, então está enganado.

            O nicho operacional da ciência visa identificar, testar e reproduzir elementos práticos da natureza, INDEPENDENTE de sua origem. (Ex: mecânica quântica, biologia molecular, etc..)
            Já no nicho teórico, visa CONJECTURAR as origens conforme pressuposição FILOSÓFICA adotada a priori ( Ex: cosmologia, cosmogonia, etc..)
            Uma utiliza-se dos métodos EMPÍRICOS (teste e reprodução) e outra dos métodos TEORÉTICOS (Forense).

            Quanto seus exemplos… há inconsistências neles.
            Tentas imputar uma falsa dicotomia (Ciência Vs Religião) inexistente.
            Há alguma incompatibilidade de eu ser um cientista cristão e propor uma teoria, valendo-me por dados científicos, sobre a origem NÃO ESPONTÂNEA das estrelas?
            O mesmo para os outros exemplos, eu, como Cristão, não posso muito bem recorrer ao método científico e responder as questões do tipo: “Seres vivos evoluem?”, “O Universo começou num estado muito quente e denso?”, “Moléculas orgânicas complexas podem emergir de química mais simples?”.

            Quanto a esta SUPOSTA alegação de Jesus….. venho a dizer que ele JAMAIS disse isso, visto em que seu tempo, falava-se ARAMAICO e os apóstolos o traduziram no GREGO.
            A palavra “FÉ” vem do LATIN (Fides).

          12. Você gosta de falaciar.
            Eu não disse que não têm distinção. Se não houvesse distinção, não haveria palavras com significados diferentes para designá-las.
            O que eu disse é que todas operam com base na mesma premissa: para serem ideias científicas, precisam se submeter a testes. E, NESSE CONTEXTO, não faz diferença a que tipo de ciência estamos nos referindo, porque todas precisam se submeter a esse preceito básico.
            Boa sorte tentando citar uma ideia científica qualquer que é aceita sem qualquer tipo de teste ou evidência.

          13. Na verdade eu vejo o contrário. Quando tentas imputar uma falsa dicotomia entre ciência e religião, és tu quem está a falaciar.
            Agora confesso que não compreendi a sua colocação sobre minha suposta citação de uma ideia científica aceita sem qualquer tipo de teste ou evidência. Eu não fiz nenhuma citação a algum conceito evolutivo (onde não possui observação, teste ou reprodução) para falar isso. Poderia me esclarecer?

          14. Diogo, não existe falsa dicotomia entre ciência e religião. Existem métodos mutuamente exclusivos adotados pelas duas disciplinas. Enquanto a primeira abraça a dúvida, a segunda abraça a fé. Há como fazer as duas coisas ao mesmo tempo? Não. Então aí está. Em alguns casos, as respostas emergem ao abraçar a dúvida, em outros, ao abraçar a fé. Se cada um ficar no seu quadrado, não há conflito. Agora, se você tentar responder a dúvidas com fé, ou a questões de fé com dúvidas, o caldo desanda.

            Sobre evolução, há muitas observações, testes e reprodução: observações em fósseis, testes em laboratório (seu DNA é 99% igual ao do chimpanzé, goste você ou não de ser chamado de primo dele; pela definição genética — compartilhamento de informação genética –, você É primo dele) e reprodução (Darwin já fazia experimentos evolutivos cruzando pombos! Os cães surgiram por um processo evolutivo, motivado pela seleção artificial! Já observaram evolução em tempo real em espécies de aves das Galápagos! Simulações de computador reproduzem fielmente os mecanismos evolutivos! Cientistas fazem bactérias evoluírem e adquirirem novas características por evolução! Você definitivamente não recebeu o memorando!)

            Sobre ideias científicas que você tenha mencionado, nunca vi você mencionar nenhuma. Já a Bíblia, mencionou um monte de vezes. Será que é de ciência que você está falando? 😛

          15. A generalização é um grande passo para o abismo da ignorância.
            A Ciência e a Religião não são duas entidades com um único pensamento. Existem várias disciplinas cientificas (que a propósito, muitas inventadas por CRISTÃOS) e há várias religiões, nas quais se divergem radicalmente uma das outras.
            Falando do Cristianismo (que TAMBÉM é minha especialidade), digo que a mesma possui elementos da dúvida, e também elementos de CONFIANÇA A DEUS (erroneamente confundida pela palavra FÉ). Não há, dentro do cristianismo em específico a fé no quesito “crer por crer, sem evidências”. Esta palavra, nem sequer EXISTE na Bíblia.
            Temos a palavra Pistis (Grego) e Emunah (Hebraico) que remetem CONFIANÇA a Deus, no qual foi EMPIRICAMENTE COMPROVADO a priori.

            Porém, há certos nichos científicos onde possuem a dúvida e a fé.
            Por exemplo, a cosmologia evolucionista PRESSUPÕE elementos não verificáveis (como a suposta formação natural das estrelas, origem da vida pela não-vida e ancestralidade em comum).
            NUNCA foi-se observado, porém com fé é aceito como um fato.

            Isso significa que um evolucionista não pode ser Cristão? É claro que não. Ele comprovou empiricamente a Deus, mas pode ter fé que o mesmo Deus a quem ele confia criou tudo por meio da evolução.
            Por isso eu digo que este teu pensamento Ciência VS Religião NÃO EXISTE, assim como são inexistentes os “quadrados” diferentes neste quesito.

            Agora, quanto a evolução em sí, vamos aos pontos:

            º Observações em fósseis.
            Os mesmos comprovam que existiram animais em um passado NÃO DISTANTE (pois foi-se encontrados tecidos MACIOS em fósseis supostamente “velhos”) onde não existem mais. Também pelos fósseis, evidenciamos que no passado, houve-se uma inundação GLOBAL, que soterrou diversos animais (a fossilização ocorre via soterramento rápido)

            º DNA é 99% igual ao do chimpanzé.
            Um designer COMUM, para todas os seres, poderia muito bem utilizar “linguagens” similares mesmo efetuando criações INDEPENDENTES.
            Portanto, mesmo possuindo certas semelhanças, não significa que nós ou os símios sejamos primos, quer tu goste ou não.

            º Cruzamento de Pombos
            De algum cruzamento entre pombos, saiu algum outro ser que não tenha sido um pombo?

            º Suposta ‘evolução” das aves de Galápagos.
            Uma ave que se torna outra ave, para tí, é evidência de supostas “amebas” (repare nas aspas) que viraram seres humanos?

            º Simulações de computador
            Que axiomas compõe tais simulações?
            Com certos axiomas, posso simular no computador, um carro transformando em um robô (transformes). Esta minha simulação “prova” a existência dos transformers?

            º Bactérias Mutantes
            As Bactérias tornaram alguma outra coisa que não fossem bactérias?

            Quanto minhas supostas idéias científicas, obviamente não viste a citar. Isso ocorre pois não tenho o intuito de citar nada, mas sim QUESTIONAR as suas idéias supostamente cientificas.
            Quanto minhas citações da Bíblia, consegues citar UM ponto que não as tenha feito como RESPOSTA a SUA citação Bíblica? 🙂

          16. Observações em fósseis — você está errado. Já está plenamente explicado como tecidos moles podem ser preservados mesmo em fósseis muito antigos. Você não tem acompanhado a literatura, pelo visto. Isso já deixou de ser um mistério faz uma boa década.

            DNA é 99% igual ao do chimpanzé — Não estou discutindo evolução aqui. Estou falando que você é primo do chimpanzé, goste ou não. A definição de parentesco é similaridade de DNA. Por isso testes de DNA podem constatar paternidade. Então, para mim pouco importa se você acha que rolou evolução ou não. Só quero que você admita que Deus te fez — se é nisso que você acredita — com a receita de um primo do chimpanzé. Só isso.

            Cruzamento de pombos — Não, e o objetivo não era levar a especiação, era meramente observar transmissão de caracteres herdados. Mas humanos criaram lobos até eles se transformarem em cães, se você precisa de um experimento assim. Já foi conduzido e é amplamente registrado. Só leva mais tempo do que o Darwin tinha. Mas nada que uma tradição histórica de domesticar animais não resolva.

            Evolução das aves de Galápagos — Eu não estava falando de amebas que viraram seres humanos (nenhuma ameba virou ser humano, de onde você tira essas ideias??). Eu estava falando de espécies de aves que se transformaram em outras espécies de aves num tempo muito curto (se você não quer considerar isso evidência de que transformações ainda maiores podem acontecer em tempos maiores, considerando que sabemos de onde vêm as transformações e que elas estão atrelados ao tempo, isso é problema seu).

            Simulações de computador — Nenhum axioma. Criam-se códigos aleatoriamente, introduzem mutações aleatórias e os deixam se replicar num ambiente virtual. Voilà. Evolução. Agora, se você simular realisticamente um transformer no computador (incluindo aí todos os fatores relevantes, como efeitos gravitacionais, resistência de materiais etc.), isso seria evidência bem boa de que você pode construir um. Espaçonaves têm seu desempenho simulado em computador antes de serem construídas. E funcionam.

            Bactérias mutantes — Bactérias de uma espécie se tornaram bactérias de outra espécie, o que é evidência suficiente de especiação.

            Suas citações bíblicas — Não me lembro de nenhuma. Eu tento ler o mínimo possível seus posts. Nesse, por exemplo, pulei só para os comentários pontuais do final.

            Volto a perguntar: você está pedindo a sua parte na grana que entra no Brasil via Mackenzie pros criacionistas? Se não está, devia estar. Você merece. Nem que seja pela chatice.

          17. Muito bem Salvador, deste o trabalho de ler meu comentário não limitado a dois parágrafos. 😀
            Vamos agora as “contra-observações”.

            Fósseis – Uma coisa é “explicar” (até os gregos antigos “explicam” a origem dos raios por intermédio de Zeus) outra coisa é PROVAR. Que tipo de prova laboratorial pode-se confirmar empiricamente que tecidos moles é capaz de subsistir a um período tão prolongado?
            Ademais, não disseste nada sobre o soterramento rápido para a formação de fósseis. Como haveriam tantos animais soterrados sem uma catástrofe híbrida global?

            DNA é 99% igual ao do chimpanzé – Não sei de onde tiraste que a definição de parentesco está ligado a estrutura do DNA. No dicionário parentesco é a relação que une duas ou mais pessoas por vínculos de sangue ou sociais.
            Se as origens foram independentes, não temos vínculos entre os chipanzés, então segundo a definição desta palavra, NÃO SOMOS parentes, logo não somos “primos”

            Cruzamento de pombo – Se pombos deram origem a pombos e cães deram origem a cães por intermédio de COMBINAÇÕES DE INFORMAÇÕES PRÉ-EXISTENTE (que em si, é um sistema ISOLADO de informação), não consigo ver a ligação entre ADAPTAÇÃO e uma suposta ancestralidade comum. Portanto, se não há ligação, então como podemos dizer que esta máxima (“macro-evolução”) foi “provada”, ou sequer evidenciada por este experimento?

            Evolução das aves de Galápagos – Quando disse ameba, pedi para reparar na aspas. Sei que, segundo a proposta de Darwin, amebas não viraram humanos. Porém a sua proposta diz que supostos seres INFERIORES a amebas viraram, não somente amebas, mas também humanos (o que racionalmente piora ainda mais a situação). Eu coloquei desta forma pois tu alegas que a ADAPTAÇÃO ocorrida nas aves de galápagos, de alguma forma evidencia a suposta ancestralidade comum (“macro-evolução”). Não vejo ligação, visto que um “pool” genético a priori, também permitiria tal evento.

            Simulações de computador – Como assim, NENHUM? Todo programa de computador necessita de um axioma básico para pressupor a lógica que ele irá programar.
            Até mesmo criar códigos aleatoriamente, introduzir mutações aleatórias e preparar um ambiente virtual é necessário de um programa INTELIGENTEMENTE DESENHADO por detrás.
            É neste programa que estou a falar. Gostaria de entender a lógica de programação utilizada para “simular” estes tais processos “aleatórios”. Existe algum lugar em que eu possa encontrar o código fonte utilizado neste suposto programa?
            Porque senão eu posso também criar um “ambiente virtual” em que carros viram robôs “aleatóriamente” e dizer que a existência de transformers é possível.

            Bactérias mutantes – Há evidencias destas bactérias tornando outra coisa que não seja bactéria?

            Suas citações bíblicas – Como não? Citaste as palavras de Jesus em vários comentários, como por exemplo neste: “”é, como até mesmo Jesus definia, uma questão de FÉ”” Esqueceu?

            Quanto a chatice, digo que se não fosse pela “chatice” de vários cientistas em QUESTIONAR o suposto consenso, a ciência não estaria onde está. Ainda teriamos a ideia de uma terra plana, uma atmosfera sólida e um sol orbitando a Terra.

          18. Salvador, alguma vez paraste para pensar que todos os pilares no qual fundamenta a sua fé, podem ser falsos, e que esteja a viver em uma ilusão?
            Como é crer que o universo e a vida originaram a eles mesmos, sendo consequentemente cético a existência de Deus?
            Como convive com esta tua cosmovisão, onde a morte é o final de tudo?
            Sei que estas minhas questões são mais filosóficas do que científicas, mas como se recusas a debater sobre ciência, poderia então responder a estas questões?

          19. Eu sou agnóstico, então a minha fé pode ser definida como: não faço a menor ideia se Deus existe ou não, ou se o Universo tem algum sentido maior, ou se há algum plano de existência que vá além da materialidade. Isso não quer dizer que eu ache que Deus não existe, ou que existe. Só quer dizer que não perco muito tempo me angustiando com perguntas que não posso responder racionalmente e que, de todo modo, serão respondidas a seu tempo, quando eu morrer. Se tiver uma continuação depois da minha morte — seja ela qual for –, terei as respostas. Se não tiver, bem, vou ficar sem a resposta, mas pelo menos não passei a vida torturado pela pergunta.

            Sobre crer que o Universo originou a ele mesmo, sou agnóstico com relação a isso também. O Big Bang, que criou a instância atual do Universo, parece acessível à ciência. Mas a ciência provavelmente não poderá dizer o que aconteceu antes dele, se houve algo antes, e se o Universo talvez seja eterno no tempo, na direção do passado e do futuro. Sabemos explicar deste o momento de máxima compressão do Universo, 13,8 bilhões de anos atrás, até agora. Mas note que saber como o Universo evoluiu não explica como ele surgiu. E mesmo que explicássemos como ele surgiu, não teríamos como dizer POR QUE ele surgiu. Então, não vejo realmente como explicar a origem do Universo possa afetar de algum modo a crença ou não em algum tipo de divindade.

            Sobre o surgimento da vida, a coisa já é bem mais concreta. Temos muitos e muitos experimentos, testes e verificações que sugerem um caminho razoável para o surgimento natural da vida a partir de química mais simples. Não vejo isso como um problema. Aliás, vejo como um problema os religiosos serem obcecados com a vida como se fosse algo importante para Deus. Se Deus criou o Universo — e o criou tão grande quanto é –, talvez ele não tivesse nós, pequeninos humanos, como objetivo final. Podemos ser só um produto colateral não intencional. Veja que não existe também exclusão mútua entre a origem da vida por causas naturais e a potencial existência de algum tipo de divindade.

            Por fim, a minha cosmovisão não considera a morte o final de tudo. A morte é apenas o final dos indivíduos. Mas meus átomos serão incorporados a outras formas de vida, a outros objetos inanimados, e tudo terá continuidade. Se eu tirar o ego da frente, “o final” deixa de ser final. O Sol que morre hoje alimenta a criação dos próximos sóis. E mesmo que o Universo atinja sua morte térmica, permeado apenas por fótons de baixa energia e a misteriosa energia escura, nada garante que essa energia não seja suficiente para criar um novo Big Bang e começar o jogo todo de novo. A morte não é o fim de tudo. A morte é só o seu fim. Mas a vida do Universo continua. E faz parte da humildade, tão apregoada por certas religiões, enxergar isso.

            Espero ter respondido suficientemente suas boas e interessantes perguntas.

          20. Pois é, Salvador… Por que essa gente tem tanta preocupacao e se atormenta tanto com questoes simples como a morte?… Morrer, todo mundo vai morrer um dia. E quando esse dia chegar, a gente morre e pronto. Acabou. Vai ser chato, mas apenas isso, não é nenhum big deal para ficar se atormentando a vida inteira e perdendo tempo com o assunto.

          21. A única coisa chata neste blog é ter que ficar pulando os comentários deste Diogo Morelli. O pior é que o Salvador ainda dá corda pra este tipo de gente. Gosto muito das matérias, mesmo com os errinhos normais, mas gosto de ler comentários que nos despertam outros temas e dúvidas e é realmente “um saco” ter que selecionar os bons entre tantas besteiras. Não há moderação? Por vezes e vezes vejo o Salvador responder tão sucintamente a perguntas importantes e gastar tempo e espaço respondendo asneiras como a deste senhor que certamente não tem nada o que fazer na vida. Aí paro e me pergunto? Será que o Salvador não dá crédito demais para polemizar e ter mais audiência? Na boa, fiquei realmente decepcionado ao ver perguntas inteligentes sendo respondidas com meia linha e parágrafos e mais parágrafos, alguns com ideias repetidas várias vezes, para responder asneiras. Saindo do Blog.

          22. Bem, eu não sou responsável pelo comportamento dos comentaristas. E às vezes me sinto na obrigação de responder às idiotices com mais afinco para impedir o comportamento predatório dessas pessoas que tentam convencer outras de suas convicções pessoais e irracionais.

  4. Salvador,
    A localização em que o Sol está não seria também uma “zona habitável”, levando em consideração a galáxia?
    A força gravitacional da galáxia em si não seria também um ponto a ser levado em consideração?

    1. Fala-se nisso, “zona habitável galáctica”, mas o conceito é bem controverso…

  5. Salvador, a missão GAIA(ESA), está fazendo o mapeamento em 3-D de 1 Bilhão de estrelas em nossa Galáxia-Via Láctea e do grupo local.
    Estão realizando levantamento e posicionamento destas estrelas.
    O projeto irá revelar a composição, formação e a evolução destas estrelas em nossa galáxia.
    Acredito que a partir desta Missão com este levantamento, teremos uma imagem mais realística de como é nossa Galáxia, e muitas respostas serão respondidas.

    1. Sim, os autores mencionam isso, que a Gaia pode ajudar a confirmar as conclusões dele e explicar essa história toda. Está esperto no lance, hein, Raf? 🙂

      1. Alguns anos de janela, ajudam não é mesmo! Recebo informações e participo de outras.
        Esta Missão é importantíssima.
        Neste projeto, os Cientistas ficam meio na moita, não querem chamar muita atenção.
        Já descobriram muito sobre nossa Galáxia e o grupo local do qual fazemos parte.
        Mas… em breve teremos “good news”.
        Salvador, esta missão GAIA, dá um post altamente técnico pois, só o aparelhamento do equipamento, é sem precedentes.
        A Fineza Técnica e o grau de Sensibilidade dos componentes desta Missão é incrível.
        Vale um Post. Abraço.

  6. E a estatística das idades das estrelas de outros tipos, não pode mostrar que a formação estelar não cessou?

    1. Geraldo, cefeidas são estrelas intrinsecamente jovens. Se elas não estão nascendo na quantidade esperada, é sinal de que todas as estrelas jovens na região são incomuns…

  7. Salvador, fiquei com uma outra dúvida: no texto diz que as cefeidas são estrelas bem maiores que o sol que não duram mais do que 300 milhões de anos. Não seria possível existir nesta zona da galáxia estrelas novas menores que as cefeidas, da ordem de tamanho do sol, por exemplo?

    1. Sim, poderiam. Mas note que as cefeidas são um “termômetro”, porque estrelas nascem em ninhadas. Quando nascem sóis, nascem também futuras cefeidas junto. Se a formação estelar fosse a esperada lá, teríamos encontrado algumas cefeidas. Como não encontramos, sabemos que a formação lá está em baixa (mas, claro, eu não esperaria *totalmente* parada).

  8. Salva, bom dia.
    Dúvidas de um curioso.
    É sabido que a Via Láctea tem um diâmetro de 100.000 anos-luz (É isso?), e que estamos a 26 do centro da galáxia. Isso num plano horizontal ao centro.

    1- Sabemos a “grossura” da Via Láctea, ou seja, a espessura da danada?

    2- Se fosse lançada uma sonda a 90° em relação a esse plano (Sistema Solar x Centro da galáxia), seria mais rápido tirar uma selfie do nosso “terreno” ?

    1. 1- Temos estimativas que, claro, variam (menor nos braços, maior no bojo). Mas não deve passar de 10 mil anos-luz no bojo. (No disco, é coisa de 2 mil anos-luz.)

      2- Não sabemos como viajar 1 ano-luz num tempo razoável, que dirá mil… rs

  9. Neste caso provável ação do buraco negro massivo no núcleo da galáxia. A pertubação gravitacional afeta o acumúlo de material-prima essencial à formação de novas estrelas.

  10. Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim Silva Medeiros Goularte Lula Henrique Cardoso Neves Rousseff Collor Pedroso Franco Monteiro Figueiredo Geisel Garrastazu Costa disse:

    se olharmos o gráfico com atenção que a Terra está alinhada perfeitamente com o centro da Galáxia. Mais uma sutil demonstração da beleza da obra do Criador, com Sua assinatura.

    1. Na verdade, se você olhar o gráfico com muita atenção, vai perceber que ele foi feito por humanos, e que qualquer outra civilização em qualquer outro ponto da galáxia também desenharia igual, com o Sol formando uma linha reta com o centro da galáxia. Seria essa a assinatura do Criador? Seria o homem o Criador do Criador? 😛

    2. que belo comentário o seu… o autor de uma obra de arte, seja qual for, sempre deixa sua assinatura… Poético! Toda exaltação ao Artista QUE produziu toda essa vastidão que é o universo e tudo quanto possa existir… DEUS

    3. Pedro, com todo respeito, seu QI não é proporcional ao tamanho de sua assinatura, nem de seu pretenso senso de humor.

      Dois pontos sempre determinam uma reta. Simples assim. Logo, você criou o seu criador, como bem disse o Salvador.

    4. Toda estrela está alinhada com o centro da galáxia para quem estiver nas imediações da estrela. Mas se estabelecerem um plano preferencial na galáxia como referência, há a ilusão de que as estrelas no plano estão “alinhadas” e as outras não para quem não entende o que é um referencial e passa a pensar que aquele referencial tem algo de especial em relação a qualquer um outro. Não tem e quem pensa isto comete um erro.

  11. Talvez EXISTAM cefeidas na área ‘estéril’, mas nossa ciência não tenha sido capaz de identificá-las, por alguma razão que desconhecemos.

    1. Na verdade, os astrônomos simularam o que se esperava descobrir com a técnica de detecção, e deveriam ter achado pelo menos umas 3 e provavelmente umas 10, se elas estivessem lá. Então…

  12. Salvador, eu vi esses dias um documentário a respeito de um assunto parecido no Discovery Science, onde dizia que a Via Lactea deveria ter muito mais estrelas do que ela aparenta ter e que o conjunto de campos magnético de toda a galáxia possa ter impedido a formação de uma maior quantidade de estrelas.

  13. Salvador, você tem ideia do que devo fazer para conseguir montar um pequeno observatório municipal público na minha cidade. Tipo um ou dois telescópios com uma capacidade decente instalados em uma biblioteca municipal seria suficiente para alguns estudos astronômicos? Tem alguma dica sobre isso? Já fez isso em alguma cidadezinha pequena?

    1. Luisinho, há alguma coisa além de divulgação que possa ser feita com telescópios “off the shelf”, mas não muito. Alguma coisa de busca de asteroides, alguma coisa de exoplanetas. Mas no geral pequenos observatórios públicos se prestam mais à divulgação do que à pesquisa. Agora, tem leitores muito mais espertos aqui no blog com esse lance que podem te dar dicas mais específicas do que dá para fazer e que equipamentos podem ser mais úteis. Espero que eles te ajudem!

    2. Depois de quatro anos sem fazer nada, nosso amigo prefeito quer mostrar serviço no ano eleitoral….

    3. Luisinho,

      Primeiro vai depender da verba disponível. Mas como disse o Salvador, telescópios de pequeno porte, até uns 180mm de abertura, são mais úteis mesmo para divulgar a astronomia do que realizar pesquisas mais importantes. Se for instalado um sistema que compense a rotação da Terra e uma câmera de boa qualidade, pode-se trabalhar com astrofotografia. Mas ai vai depender da poluição luminosa de sua cidade e da qualidade óptica do equipamento adquirido.

      A observação direta por um telescópio deste porte é muitas vezes decepcionante para quem não está acostumado pois muita vezes espera-se muito mais do que é possível. Mas para quem curte é algo realmente interessante.

      1. A instalação de um telescópio desses, de pequeno porte, numa biblioteca pública, poderia servir para alunos do fundamental e médio para terem aulas práticas de Ciências e de Física, com a vantagem de que os alunos viriam à Biblioteca e poderiam se interessar por utilizá-la. Seria um grande incentivo à Educação, em todos os sentidos. Poderiam ver a Lua, os planetas… tanta coisa pode ser ensinada!

        1. Sem dúvidas, muito pode ser feito. A visão da Lua, fases de Vênus, anéis de Saturno, grande mancha de Júpiter, aglomerados de estrelas e mesmo do Sol com filtros adequados é bem interessante. Mas o limite fica mesmo por ai. Um objetivo mais de divulgação do que de pesquisa propriamente dita.

  14. Tenho certeza. Eu já sabia que os lixos chineses iriam sujar nossa galáxia e logo logo todo o Universo.

    1. Não são só chineses. Mais um que não leu, e nem podemos dizer que ele veio do UOL. 😛

    1. Não, no gráfico também estamos a 26 mil anos-luz do centro. Olhe de novo. 😉

  15. Mas de certa forma isso não é novidade, a atividade de formação estelar das espirais é maior nos braços e o “bulge” dessas galáxias é feito de pouco gás e estrelas mais velhas, correto?

    Talvez com telescópios mais potentes como o JWST poderemos saber com mais exatidão o que se passa nessa região da galáxia.

    1. Então, mais ou menos. Porque, embora a galáxia envelheça mesmo de dentro para fora, criando, digamos, uma frente de estrelas mais jovens mais afastada do centro, você tem que ver que a densidade no centro também é maior, o que faz com que se espere mais estrelas jovens por lá…

  16. Descoberta bem interessante.
    Como esta região “vazia” de estrelas novas se concentra em torno do centro da galáxia, não poderia ser porque nesta região (mais ou menos equivalente ao olho de um furacão) haveria turbulência demais para permitir que estrelas novas se formem com mais tranquilidade?
    Não sou astrofísico, mas não custa nada dar um palpite, né? 🙂

    1. O envelhecimento da galáxia se dá de dentro para fora, o que parece ter correlação com atividade do buraco negro supermassivo. Mas a coisa ainda é muito pouco entendida…

  17. “O estudo se concentrou na detecção de um certo tipo de estrela, as chamadas variáveis cefeidas. Elas são interessantes porque têm um um padrão de pulsação específico, de acordo com a sua rotação, que permite estimar com alguma precisão sua distância”

    Na verdade as cefeidas apresentam uma correlação entre o período da pulsação e sua luminosidade intrínseca. Analisando-se a sua luminosidade aparente em conjunto com a estimativa de sua luminosidade intrínseca fornecida pelo período da pulsação é possível calcular sua distância. Como a estrela varia de diâmetro durante a pulsação e isso implica em variação da rotação, o que você escreveu não está exatamente errado, só está estranho. É mais ou menos como descrever a luminosidade de uma barra de metal aquecido em função da sua dilatação ao invés de em função de sua temperatura.

    Peço desculpas pelo pedantismo, sei que não é fácil descrever alguns conceitos em linguagem acessível, mas foi mais forte do que eu…

    Um abraço,

    1. Juro que foi exatamente isso que eu tentei dizer, mas com menos palavras para não me desviar para uma aula de cefeidas. Agradeço contudo pelos detalhes que você agrega, que agora ficam disponíveis para o leitor mais interessado nos comentários. 😉

    2. Gostei do seu comentário, mas acho que a descrição feita pelo Salvador está correta, apesar de ser bem simplificada… É que você, com muito mais conhecimento do que nós, leigos, percebe a simplificação didática e nota detalhes que, no momento, são desnecessários…

      É muito bom que você continue participando e ajudando nos comentários a detalhar aquilo que não caberia num texto didático. 🙂

    3. Não precisa se desculpar, o pessoal tem que acostumar em procurar entender qualquer texto escrito em qualquer linguagem. Desenvolve a inteligência e a competência.

      1. A teoria da relatividade foi mencionada nas Escrituras antes mesmo que Einstein percebesse: “mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou”.Sl 90.4.
        Que coisa extasiante o universo, ou melhor o “pluriverso”.

        1. Não, não realmente. Apenas no sentido da brincadeira de Einstein: “Você entende a relatividade quando vê que uma hora com a sua namorada parece um minuto, e um minuto sentado num formigueiro parece uma hora.”

          1. Esse pessoal interpreta a bíblia exatamente como outros interpretam as profecias de Nostradamus, ou seja, qualquer coisa vale para um monte de palavras com conteúdo pouco.

        2. Se vc acha que essa metade de versículo esta falando da relatividade de Einstein, então vc não leu o Salmo todo e não sabe do que se trata.
          Infelizmente vc age como muitos, inventa interpretações da palavras de Deus para justificar qualquer coisa.
          Já que é um devoto, seja pelo menos sincero.

  18. Salvador, talvez eles cheguem a conclusão de que; tanto nossa galaxia, quanto nosso sistema solar, como outros nela condidos, tenha uma idade de formação diferente, a do que eles imaginam, estas novas descobertas, sempre servem para se obter novos parâmetros, o que eu sei que já reage a tempos com nossa galaxia, esta a aproximação de andrômeda, talvez este imersão de entrelaçamento, que já esta de fato, tenha de alguma forma, afetado a formação ou geo-localização destas cefeidas, o que poderia se fazer, esta se observar, se ha alguma alteração no campo geográfico das cefeidas de andrômeda também, quem sabe dai se cheguem a conclusão, do porque da causa deste fenômeno!

    1. A única conclusão a que chegaremos é que você fuma cogumelos estragados diariamente.

  19. Salvador, o que faz com que as perturbações na órbita da lua, por exemplo, causadas pela maior ou menor proximidade com o sol e demais planetas, não a desestabilize? Ou seja, por que as órbitas são estáveis?

      1. Além do que o Salvador falou, as órbitas que vemos no sistema solar são estáveis porque os corpos com órbitas instáveis há muito foram ejetados do sistema.

        1. E a gravidade é a força mais fraca das 4 forças fundamentais… pessoal costuma superestimar demais ela…

  20. Eles poderiam verificar se o mesmo fenômeno ocorre em galáxias espirais próximas de nossa, acredito que Cefeidas podem ser observadas em galáxias próximas. Dou um mero chuto de leigo: A matéria das regiões centrais pode ter sido varrida para as áreas mais externas da galáxia, pela força do vento estelar gerado por muitas estrelas maciças naquelas bandas, exaurindo a matéria para formação de novas estrelas. Mero palpite.

  21. Salvador,

    Se no centro da galáxia há um buraco negro supermissivo e em um raio de 8mil anos luz tudo se tornou estéril, talvez seja o próprio buraco negro que está engolindo toda a matéria dentro deste raio antes mesmo que qualquer nuvem de poeira possa acender-se se tornando mais um sol.

      1. Como assim Salvador?
        Não entendi, e creio que muitos leitores também não.
        Tudo cai em direção ao buraco negro ou não?
        Existe outra teoria que pretende o contrário?
        Auxilie um leigo por favor.

        1. Lembra a história de como a Juno foi para Júpiter? Tudo no espaço está em queda livre. Então, neste momento, o Sol está em queda livre na direção do centro da Via Láctea, onde existe um buraco negro supermassivo. Mas… a exemplo da Juno, o Sol tem um aceleração inercial, resultado de sua formação em um disco giratório — a Via Láctea em si. Então imagine: o giro da galáxia formou o Sol com um movimento inercial tangente à galáxia, e o centro da galáxia o puxa para baixo. A trajetória resultante é uma curva — que mantém o Sol girando em torno do centro da galáxia, sem nunca cair lá. Para o Sol cair no buraco negro (ou qualquer outra coisa), é preciso que você elimine a aceleração inercial que foi dada em sua formação. Do mesmo modo, para você fazer a Terra cair no Sol, bastaria freá-la em sua órbita. Sem a inércia para fazê-la se deslocar de lado, a gravidade a puxaria direto para baixo — para o Sol, no caso. Então, tanto faz se há um bilhão de sóis no centro da galáxia ou um buraco negro — se você tiver a aceleração inercial certa, pode orbitá-lo sem nunca cair nele — como, aliás, o Sol está fazendo agorinha.

        1. Faz os dois… ele engole o que lhe cai no horizonte de eventos e a radiação produzida pelas vítimas assopra o que consegue… 🙂

  22. Interessante, talvez justamente pelo fato de ter um buraco negro no centro da galáxia, quando ele passou por lá devastou as estrelas, poeiras e gás cósmicos impossibilitando a criação de novas estrelas.

  23. Se Júpiter serve como escudo para a terra, o que impede de a terra ser atingida por um corpo celeste qualquer que seja quando ele está do outro lado do sol.?

    1. Já há estudos sugerindo exatamente o contrário , que sua gravidade ATRAIA objetos pra cá ao invés de servir como escudo…

    2. Eu nunca consegui entender como Júpiter poderia ser um escudo contra asteróides, se eles vierem de fora do sistema solar e passarem por perto serão atraídos por Júpiter e(ou) Saturno que serão capazes de mudar a sua trajetória, provavelmente para dentro do sistema solar aumentando as chances de mandar algum na nossa direção.

      1. Então, o jogo é duplo. Júpiter absorve muita pancada, por ser grande, e assim defende o Sistema Solar interno. Mas também atrai muitos objetos que não iriam para o Sistema Solar interno não fosse ele. Por isso há controvérsia se Júpiter é um escudo ou um estilingue. 😛

        1. Sempre considerando objetos no plano da eclíptica, ou por aí. Mas, e se o objeto vem chegando pelo “norte” ou pelo “sul” do plano? A influência de Júpiter não fica prejudicada? Podem ser pouquíssimos objetos girando assim pelas cercanias, mas que existem, existem.

  24. Salvador, bom dia!

    Os braços das espirais da Via Láctea são compostos basicamente de que? Poeira e gás? As estrelas estão mais concentradas nestes braços?

  25. Acho uma sacanagem o ‘uol’ limitar o número de reportagens por mês que o usuário de smartfone pode ver.

    1. Infelizmente, há um enorme custo para manter um portal de jornalismo… É necessário incentivar as pessoas a assinarem e isso é feito dando-lhes uma amostra do conteúdo, não acesso total a ele.

  26. Seria um sinal de que o universo estaria parando de crescer?sinalizando que a entropia está diminuindo?

        1. Já li — aliás, li depois que me disseram que um conto que escrevi pra Super terminava bem parecido com esse. 😉

      1. Então sua teoria acerca da possibilidade de um Universo eterno no tempo, para frente e para trás, é impossível. Para que isso seja possível, a entropia tem que crescer e diminuir. Como bem ilustra o conto lembrado pelo amigo.

        1. Não, não é impossível. Aliás, eu tenho uma ótima ideia de como poderia ser possível, mas não vou postar aqui — estou guardando pro meu próximo livro. 😉

  27. Seria muita pretensão acreditar que a Via Lactea se tornou “estéril” se conhecemos tão pouco do Universo.
    Não se pode particularizar para depois generalizar, se é que essa foi a tentativa.

  28. Caro Salvador, qual é o raio de ação de um buraco negro massivo, como o que está no centro da nossa galáxia?

        1. O horizonte de eventos, se não me engano, tem uns 100 milhões de km de raio.

      1. Qual o raio de ação gravitacional do buraco negro ?… por que toda matéria da galáxia não “cai” progressivamente dentro do buraco negro ?

        1. Buraco negro é como uma estrela. Você pode orbitá-lo de forma estável numa boa. Não é um ralo que suga tudo. Só cai lá quem cai lá — do mesmo jeito que só cai no Sol quem foi atirado para lá…

          1. Certo… agora passei a ter uma percepção mais adequada de um buraco negro que eu considerava (a partir de sua característica de “buraco” com altíssima força gravitacional) ter a característica de “sugador” de matéria circundante, fossem estrelas, planetas, gases ou poeira cósmica.

        2. Acredito que toda matéria das galáxias Cairá dentro de buracos negros, cedo o tarde.
          Uma estrela não ganha massa ao longo do tempo. Diferente de um buraco negro que ganha massa durante todo o tempo de sua existência – tempo relativo ao Universo ao qual pertence – o que faz com que buracos negros aumentem, sempre, seu raio de ação.

    1. Se você se refere ao raio de ação dentro do qual o buraco negro desintegraria um corpo celeste pela força de maré, esse é dado pelo limite de Roche e depende primordialmente da massa do buraco negro e da densidade da vítima (https://pt.wikipedia.org/wiki/Limite_de_Roche).

      Se você se refere ao raio de ação a partir do qual um objeto (ou a luz) não poderia mais escapar da gravidade do buraco negro (horizonte de eventos), esse é dado pelo raio de Schwarzschild e depende da massa do buraco negro, de sua carga elétrica e de seu momento angular (https://pt.wikipedia.org/wiki/Raio_de_Schwarzschild).

      No caso do buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea, Sagittarius A*, com massa estimada de 4.3 milhões de massas solares, o raio de Schwarzschild, chutando sua carga e seu momento angular, é de 1.27×10^7 km ou 42,36 segundos-luz (http://www.wolframalpha.com/input/?i=Schwarzschild+radius+of+4.3+million+solar+masses).

      Em qualquer caso, buracos negros não são aspiradores cósmicos com gravidade infinita que tendem a sugar o resto do universo inteiro. A gravidade deles é a mesma de qualquer outro objeto esférico com a mesma massa. Além disso, para um buraco negro grande o suficiente, é possível que você atravesse o raio de Schwarzschild e nem perceba (até que vire um espaguete).

      1. Dúvida excelente e explicações (sua e do Salvador) melhores ainda, deu para se ter uma visão clara, afinal, do que é um buraco negro: um objeto celeste similar a todos os outros, mas com uma massa descomunal.

        1. Enquanto não tivermos uma teoria quântica da gravidade, qualquer descrição do que há dentro de um buraco negro é meramente especulativa. Pode ser até que não faça sentido falar em “dentro” de um buraco negro.

          1. Entendo. Obrigado.
            Mas de qualquer maneira, pelo que observamos em nosso Universo, toda massa exerce uma distorção no tecido Tempo/espaço. Penso ser lógico imaginar que um buraco negro com massa milhares de vezes maior que a do Sol seja responsável por uma distorção equivalente à sua massa.
            Se não podemos ver essa distorção em nosso “horizonte” então ela deve estar em torno da singularidade.
            Mas compreendo… Ainda assim não passa de especulação.
            Mais uma vez obrigado.

    1. Como há estrelas velhas lá, um dia elas foram novas, então não foi sempre assim. 😉

  29. Salvador, uma bela descoberta. Pergunta: como eles fazem para enxergar e detectar cefeidas do outro lado do centro da galáxia? Valeu! Continue seu trabalho fascinante.

    1. Bem, eles basicamente tentam enxergar através da poeira do bojo da galáxia, mas a noção de que estão do outro lado só aparece quando calculam a distância.

  30. Salvador
    ,
    O que há entre as galáxias? Gás? Outros corpos como estrelas e planetas isolados?

    1. Um imenso vazio. Mas, claro, em meio a esse vazio, deve haver estrelas e planetas isolados ejetados para fora das galáxias.

      1. Salve Salva…
        Você disse deve haver estrelas e planetas….
        Esse deve é porque não ainda não sabemos da existência de estrelas fora das Galaxias, ou foi só uma força de expressão mesmo?

        1. É porque conhecemos estrelas que estão na galáxia, mas vieram de outra, e outras que estão aqui, mas estão saindo, de forma que sabemos que essas ejeções acontecem.

      2. Imagina habitar um “intergalactic rogue planet”. Deve ser algo assustadoramente deprimente.

        1. É, para um sistema planetário intergaláctico, a pergunta “Estamos sozinhos?” é mais fácil de responder… rs

  31. Bom dia.Mais uma vez vc nos presenteando com excelente artigo.A minha pergunta é: Poderia essa esterilidade ser pela ação gravitacional dos buracos negros?Obrigada.

    1. Acho que não pela ação gravitacional, mas talvez pela radiação. No entorno do buraco negro supermassivo, matéria prestes a ser engolida é acelerada perto da velocidade da luz, que faz com que haja grande emissão de radiação. Essa radiação, por sua vez, poderia “soprar” o gás circundante que, não fosse isso, daria origem a novas estrelas.

  32. Não seria por causa da rotação da galaxia, empurrando essas estrelas para fora, enquanto algumas ainda ficam presas na gravidade do buraco negro?

    1. A rotação da galáxia não é mais que a rotação de todas as suas partes, ela não permite ejetar nada para fora.

  33. Sr. Salvador, me veio uma dúvida agora.
    Como podemos ter “fotos” da via láctea, se estamos dentro dela?
    São somente projeções artísticas, baseadas na observação de outras galáxias e nos dados dos astros já conhecidos (distância, quantidades, tamanhos, etc.)?
    Obrigado!

    1. Isso. Não temos fotos da Via Láctea. Fazemos uma projeção com base no que conseguimos ver do lado de dentro.

  34. Não seriam os Buracos Negros Supermassivos, no centro de todas as galaxias que fazem os corpos celestes girarem ao seu redor?

    1. Bem, eles são os núcleos das galáxias, de modo que tudo gira em torno deles. Mas seu nascimento parece ser concomitante à galáxia, então é meio complicado colocá-los como causa da rotação dos demais corpos. A massa no núcleo da galáxia certamente responde por isso, mas não necessariamente o buraco negro supermassivo.

      1. Obrigado pela resposta.

        Se me permite viajar na maionese, acredito que a matéria atraída pelo BN deve se transformar ou ir para algum lugar, essa tal de singularidade me parece uma resposta incompleta, singularidade me parece um nome dado para algo que ainda não sabemos ao certo o que é.

  35. Não seria os Buracos Negros Supermassivos nos centros de todas as galaxias, que fazemos corpos celestes se moverem ao seu redor?

  36. Sou estudioso de Astronomia , e leio tudo que aparece na mídia.

    Grato a todos que o permitem !!

  37. A previsão geral é mesmo de um universo que se expande e que vai morrendo aos poucos, inflado, dizem, pela energia escura ou sei lá o quê. Talvez a esterilidade possa ter sido causada pelo gigante buraco negro, que sorveu tudo ao redor, é uma hipótese. De qualquer maneira, a coisa semelha a uma casa onde muitas lâmpadas estão acesas e aos poucos vão sendo desligadas, uma a uma. Para bilhões de anos a frente – e creio que a raça humana não durará mais 200 anos – tudo será escuro, frio, morto.

    1. Não há dados suficientes para dizer que a raça humana não durará mais 200 anos… Existe uma probabilidade de redução populacional pelo aquecimento global, que provocará uma piora nas condições ambientais e, daí, uma redução da população (fome e desastres), mas não seu fim.

      Mesmo em meio a guerras horríveis, a população mundial vem crescendo exponencialmente, só mesmo um evento global pode reduzir nossa taxa de reprodução. A redução da taxa de natalidade dos países mais desenvolvidos ainda não vence a enorme taxa dos países mais pobres e sem informação básica.

    2. Só daqui a trilhões de anos o universo vai estar frio e morto… E temos um bilhão de anos para desenvolver uma forma de irmos para outros sistemas estelares, antes que nosso sol “morra”. Dá tempo.

  38. A previsão geral é mesmo de um universo que se expande e que vai morrendo aos poucos, inflado, dizem, pela energia escura ou sei lá o quê. Talvez a esterilidade possa ter sido causada pelo gigante buraco negro, que sorveu tudo ao redor, é uma hipótese. De qualquer maneira, a coisa semelha a uma casa onde muitas lâmpadas estão acesar e aos poucos vão sendo desligadas, uma a uma. Para bilhões de anos a frente – e creio que a raça humana não durará mais 200 anos – tudo será escuro, frio, morto.

  39. Me parece um tanto logico não ter cefeidas nas regiões mais internas, não daria tempo para desenvolver um sistema planetário que funciona-se para alguma coisa e o universo e um tanto logico, para mim .

    1. Não entendi. O que é um “sistema planetário que funcionasse para alguma coisa”?

        1. Mas ainda assim estaria errado, pois o “que” puxa o “se”, ficando “que se funciona”. KKK²

    2. Onde está a lógica em partículas que se comunicam instantaneamente, ou seja: infinitamente mais rápido que a luz?
      Onde está a lógica na energia que hora se comporta como onda e hora como matéria, dependendo se está sendo “observada” ou não?
      Onde está a lógica no elétron que está em vários lugares ao mesmo tempo?
      Existe muita “não lógica” no Universo. Ainda não sabemos praticamente nada a respeito de sua “mecânica”. Mas estamos nos esforçando bastante, creio que as inteligências artificiais que começamos a criar serão capazes de desvendar mistérios que nosso cérebro limitado não poderá jamais!

      1. Acredito que a inteligência artificial, nos moldes em que está sendo desenvolvida hoje, se limitará a criar um cérebro eletrônico muito mais eficiente que o humano no tratamento de conhecimento já existente. Mas faltará por muito tempo algo que reproduza artificialmente o processo de criação de nosso cérebro, que consiste em criar o novo a partir do nada. A ideia original, o insight.

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