Entre a chuva de meteoros geminídeos e a caça a um cometa a olho nu

A virada desta quinta (13) para sexta-feira marca o auge da tradicional — e bonita — chuva de meteoros geminídeos (ou geminidas), o último grande evento do tipo neste ano. Mas não é só isso: há no céu um cometa que pode estar prestes a se tornar visível a olho nu!

O 46P/Wirtanen atingiu nesta quarta o periélio, ou seja, o ponto mais próximo do Sol em sua órbita, e fará sua máxima aproximação da Terra no dia 16 (domingo), quando espera-se que atinja 3,8 magnitudes (bem dentro do limite da acuidade visual humana para céus limpos e com baixa poluição luminosa). Ele passará os próximos dias atravessando a constelação de Touro, que nasce no horizonte leste logo após o anoitecer.

Cometa 46P/Wirtanen registrado na terça-feira (11) pelo Observatório SONEAR, em Oliveira (MG); os traços finos são marcados por satélites geoestacionários. (Crédito: SONEAR)

A proximidade do cometa com nosso planeta será digna de nota: no domingo, ele estará a meros 11,5 milhões de km, o equivalente a cerca de 30 vezes a distância Terra-Lua. Segundo astrônomos da University of Maryland, nos EUA, essa será a 10ª maior aproximação de um cometa com a Terra nos tempos modernos.

No geral, trata-se de um astro pouco conhecido, mas por pouco não se tornou famoso. De início, a missão Rosetta planejava visitá-lo. Mas quando houve atrasos com o lançamento, a ESA (European Space Agency) decidiu trocar o alvo para o hoje conhecidíssimo 67P/Churyumov-Gerasimenko.

O mais garantido para procurar o cometa nos próximos dias é usar um binóculo ou um telescópio, mas quem sabe no dia 16 ele não confirma as predições e se torna visível até a olho nu?

Em seguida, prepare-se para a segunda atração da noite. Pois, logo depois de Touro, no desfile do zodíaco pelo céu, por volta das 22h, surge a constelação de Gêmeos. E é lá que está localizado o radiante dos geminídeos, ou seja, o ponto de onde parecem emanar os meteoros.

Essas estrelas cadentes surgem quando a Terra atravessa a órbita do asteroide Faetonte – um objeto um tanto quanto estranho, que se assemelha mais a um asteroide, mas há quem desconfie que é um cometa velho que já gastou todo seu gelo, restando apenas o material rochoso. Ou, para usar o astronomiquês, um “núcleo cometário extinto”.

Seja o que for o Faetonte, fato é que ele passa perto do Sol, se esfarela e deixa um monte de pequenos detritos ao longo de sua órbita. Quando a Terra passa pelo caminho dele, os detritos deixados adentram a atmosfera do nosso planeta, produzindo os geminídeos. E bota estrela cadente nisso: segundo as estimativas, podem chegar a cerca de 120 por hora, nas melhores condições de observação.

Não por acaso, é uma das mais espetaculares chuvas de meteoros anuais conhecidas. Neste ano, a Lua está se encaminhando para seu quarto crescente, de forma que seu brilho pode ofuscar algumas estrelas menos brilhantes. Mas nada que realmente deva desanimar.

E para ver a chuva não é preciso olhar necessariamente na direção da constelação de Gêmeos; as estrelas cadentes devem riscar o céu em toda a abóbada celeste, remetendo à constelação de Gêmeos apenas por sua trajetória.

A dica clássica para acompanhar esse fenômeno é encontrar um lugar tranquilo, longe das luzes da cidade, em que se possa olhar para o céu confortavelmente. Aí é só esperar pelo menos uma hora, para contar um bom número de estrelas cadentes. Instrumentos ópticos não são úteis para esse tipo de observação. Ela requer apenas paciência e modulação adequada das expectativas — não aguarde um show pirotécnico.

Bora lá ver o céu?

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