New Horizons retoma contato com a Terra após sobrevoo de Ultima Thule

Após o sobrevoo de um misterioso corpo celeste a mais de 6,6 bilhões de km da Terra, às 3h33 (de Brasília), a sonda New Horizons voltou a se comunicar com a Terra.

O sinal de rádio que indicou que tudo correu bem foi enviado pela sonda cerca de quatro horas após a aproximação máxima e levou quase seis horas, viajando à velocidade da luz, para ser recebido, primeiro na antena de Madri da Deep Space Network, depois no centro de controle da missão no Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em Laurel, Maryland.

Uma grande festa irrompeu no auditório quando os número de telemetria voltaram a aparecer nas telas, indicando o contato, às 13h31. Pouco antes da confirmação de que todos os sistemas estavam operando conforme o planejado, Alice Bowman, gerente de operações da missão sussurrou para seu colega, “parece que conseguimos de novo!”, referindo-se provavelmente à mesma tensão vivida pós sobrevoo de Plutão, em 2015.

Oito minutos depois, Bowman proclamaria, desta vez em alto e bom som: “Nós temos uma espaçonave saudável. Realizamos o sobrevoo mais distante no Sistema Solar.” O anúncio foi seguido por uma grande celebração no centro de controle.

Comemoração que, claro, já havia começado no dia anterior, com o sobrevoo em si, praticamente em cima da virada do ano. Como parte da festa, o astrofísico Brian May, que é guitarrista da banda Queen e cientista colaborador da missão, lançou uma nova música em homenagem à New Horizons. Confira o videoclipe, com direito a participação especial do finado Stephen Hawking.

MAIS CIÊNCIA
Após a chamada apelidada de “phone home”, que contém apenas a telemetria (os “sinais vitais”) da espaçonave, a New Horizons volta a colher dados científicos, enquanto se afasta do pequeno Ultima Thule a 50 mil km/h. Mais tarde, esses dados científicos começarão a fluir para a Terra.

A primeira apresentação desses resultados da fase aguda do sobrevoo acontece na quarta-feira (2), mas ainda neste dia 1º a equipe da sonda comentou dados colhidos pouco antes da chegada a Ultima Thule, com algumas pistas iniciais sobre a natureza deste objeto remanescente da formação do Sistema Solar.

O que se viu até agora, com a melhor imagem já apresentada, colhida a 800 mil km de distância, sugere que o objeto é mesmo um binário de contato, composto por duas bolotas, como sugerido pelos dados de ocultação estelar colhidos com telescópios na Terra. (Ainda há a possibilidade de que sejam dois objetos separados girando em torno de um centro de gravidade comum, mas todo mundo está apostando que é um objeto só mesmo.) Ele deve ter algo como 32 km de comprimento por 16 km de altura.

Imagem a 800 mil km de distância revela que o objeto parece ser mesmo um binário de contato. (Crédito: Nasa)

Também confirmou-se a hipótese de que o eixo de rotação do objeto está aproximadamente alinhado com a trajetória da New Horizons, explicando por que não havia variação de brilho durante a aproximação. Ainda há incerteza quanto ao período de rotação, mas deve estar entre 15 e 30 horas.

Tudo isso foi evidenciado com imagens de baixa resolução, mas na quarta-feira a história deve ser esteticamente mais atraente, conforme detalhes da superfície começarem a ser revelados.

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