Prestes a içar velas no oceano cósmico!

Salvador Nogueira

Depois de alguns dias angustiantes, o veleiro solar LightSail, da ONG Planetary Society, está prestes a abrir suas velas. O procedimento será tentado em breve, possivelmente até sexta-feira (05), no que deve ser o ponto alto dessa missão tecnológica privada.

Imagem enviada pelo LightSail no espaço, ainda fechado (ao menos parcialmente). (Crédito: Planetary Society)
Imagem enviada pelo LightSail no espaço, ainda fechado. (Crédito: Planetary Society)

O LightSail foi lançado no dia 20, de carona no foguete Atlas V que também colocou em órbita o miniônibus espacial militar X-37B. Mas apenas dois dias após o lançamento, um bug no software do pequeno satélite fez com que ele travasse (e, antes que as más línguas ataquem, o sistema operacional embarcado é Linux, não Windows).

Quando acontece isso no seu computador, você tasca o dedão no botão reset e começa de novo. No espaço, não é tão fácil. Mas tinha jeito. Os engenheiros sabem, por experiência, que cubesats acabam se reinicializando sozinhos periodicamente, normalmente levados a isso ao terem seus circuitos atingidos por um raio cósmico.

Então, o que o pessoal da Planetary Society fez foi esperar, esperar, esperar… até que, no sábado, finalmente um próton de alta energia desavisado, vindo quiçá de uma supernova nas profundezas do espaço extragaláctico, bateu de frente com o LightSail e — zap! — reboot.

Agora, para evitar que o mesmo bug se repita, o pessoal do controle da missão está enviando pelo menos uma vez por dia o comando para o satélite se reinicializar. Aparentemente o pequeno cubesat está em boa saúde, e os engenheiros receberam fotos de suas câmeras, revelando apenas o interior do satélite — exatamente o que eles queriam ver, até disparar o comando para a abertura dos painéis e das velas. Logo saberemos se o tão esperado procedimento dará resultado.

O LightSail é um veleiro de baixo custo destinado a testar essa incomum tecnologia de propulsão que usa o suave empurrão da luz do Sol como forma de acelerar a espaçonave. A vantagem desse sistema é dispensar a presença de combustível, e muitos cientistas apostam que esse pode ser o único meio de, no futuro, realizar missões que viajem até outros sistemas planetários.

As últimas da missão você pode acompanhar em sail.planetary.org/missioncontrol.

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Comentários

  1. Se a partícula cósmica foi suficiente para iniciar o reboot, indica problemas futuros (normal em qualquer satélite) pois sempre há danos à estrutura cristalina dos circuitos integrados. Alias este é um dos principais desafios para eletrônica no espaço. É muito difícil blindar completamente estas partículas de alta energia. Causam danos a estruturas e a material vivo.

  2. Para todos aqueles que perguntam se não é melhor usar o dinheiro da ciência para acabar com a fome no mundo, eu pergunto: não é melhor utilizar todo o dinheiro gasto com mansões, carrões de luxo, roupas de grife e iates para acabar com a fome no mundo? Ou é só o dinheiro da ciência que você quer que seja utilizado para esse fim? Ficaram sem respostas? Cheque mate né!!! Agora eu quero ver um engraçadinho desses ainda ter coragem de aparecer por aqui!!!!

  3. Saudações Siderais!
    Caro Salvador Nogueira, peço a gentileza de esclarecer minha dúvida: Se o vento solar pode empurrar essa vela, então porque os planetas não estão se afastando do sol?
    Obrigado!
    Wagner

    1. Porque os planetas têm uma baita massa. Para se beneficiar desse efeito, você precisa ter massa extremamente pequena e área extremamente grande — por isso uma grande vela num pequeno satélite! Contudo, sabemos que a pressão de radiação do Sol pode alterar, muito vagarosamente, a órbita de asteroides, que são menos massivos que os planetas. Esse efeito é conhecido como efeito Yarkovsky. Abraço!

  4. Espero que a Planetary Society implemente outros projetos com esta criatividade ampliando cada vez mais a interação global daqueles apaixonados pelo espaço.
    Valeu Salvador

  5. Muito bom, espero que este post não tenha mais bestões falando do problema na fome do mundo enquanto se gasta zilhões com espaço!
    Será que nem quando o assunto é trollar conseguem mais criatividade?!

    1. falando em zilhões quando a assinatura da folha ou uol é zilhinhos, o dinheiro dos outros sempre é pouco.

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