Mensageiro Sideral https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br De onde viemos, onde estamos e para onde vamos Sat, 04 Dec 2021 19:09:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 As voltas que os mundos dão https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/22/as-voltas-que-os-mundos-dao/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2019/04/22/as-voltas-que-os-mundos-dao/#respond Mon, 22 Apr 2019 05:00:33 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2015/04/51pegasib-180x113.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8839 Você acha o seu trabalho difícil? Pense então nos pobres astrônomos que tiveram de colher observações por 20 anos seguidos para descobrir apenas mais três planetas fora do nosso Sistema Solar. O Universo nem sempre colabora, mas graças a esse obstinado grupo da Universidade de Genebra vamos formando uma noção melhor da imensa variedade de sistemas planetários existentes lá fora.

Hoje em dia, não é incomum que projetos descubram planetas em baciadas. Entre 2009 e 2013, o satélite Kepler, da Nasa, colheu centenas deles todo semestre. Seu sucessor, o Tess, lançado há um ano, já está repetindo a dose. Já são até agora 10 mundos confirmados.

Tanto o Kepler quanto o Tess descobrem planetas pela técnica do trânsito, que envolve observar a pequena redução de brilho de uma estrela conforme um corpo planetário transita à sua frente, com relação a nós. É uma estratégia que se mostrou tremendamente eficiente, mas tem suas limitações. Por sua própria natureza, ela privilegia planetas com períodos orbitais curtos.

Uma olhada nas estatísticas dos sistemas planetários conhecidos faz parecer que o nosso é bizarro. Enquanto a maioria deles têm planetas com órbitas curtíssimas, de alguns dias, às vezes apenas horas, o Sistema Solar parece bem espaçado — o mais interno de seus mundos, Mercúrio, leva 88 dias para dar um laço ao redor do Sol. Nosso planeta gasta os costumeiros 365 dias. Júpiter, 12 anos. E Netuno, gloriosos 165 anos.

Estaríamos nós numa condição de raridade? A despeito das aparências, provavelmente não. O que temos, em vez disso, é um forte viés de observação. Para detectar planetas com órbitas longas, precisamos observar por um longo tempo, e a técnica de trânsito é menos eficaz para esses planetas. Os astrônomos de Genebra usaram outra estratégia, conhecida como medição da velocidade radial, para fazer seus achados.

Ela consiste em medir o efeito gravitacional que o planeta causa em sua estrela, levando-a a bambolear suavemente. Só que é preciso observar ao menos uma órbita inteira para identificar um corpo planetário assim. Com parte significativa da órbita, dá para já fazer um palpite informado. E isso explica por que conhecemos tão poucos planetas com períodos longos. Dos cerca de 4.000 exoplanetas já descobertos, apenas 36 têm órbitas mais longas que a de Júpiter. Com os 3 novos, fruto de observações iniciadas em 1998, agora são 39.

Diante dos dados incompletos, a melhor aposta no momento é no princípio copernicano — a noção de que é improvável que sejamos parte de algum extremo estatístico. Não duvide se, em mais algumas décadas, acabarmos descobrindo que sistemas mais espaçosos que o nosso são tão comuns quanto os supercompactos.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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Planetas geologicamente ‘vivos’ devem ser comuns na Via Láctea, diz estudo https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/11/29/planetas-geologicamente-vivos-devem-ser-comuns-diz-estudo/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/11/29/planetas-geologicamente-vivos-devem-ser-comuns-diz-estudo/#respond Thu, 29 Nov 2018 17:26:12 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/11/Ciclo_do_carbono_Melissa_de_Andrade_Nunes-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8378 É consensual entre os cientistas que a Terra é um planeta com vida em parte por ser um planeta “vivo”, ou seja, geologicamente ativo. São esses processos que ajudam a produzir o campo magnético terrestre e alimentam o chamado ciclo do carbono, ambos essenciais à biosfera. E agora um trabalho feito por um grupo internacional de pesquisadores com liderança brasileira demonstrou que ao menos essa característica geofísica não é peculiar ao nosso planeta; pelo contrário, deve ser comum em planetas rochosos espalhados por todo o disco da Via Láctea.

Os pesquisadores analisaram 53 estrelas gêmeas solares, ou seja, astros que mostram aproximadamente a mesma massa, o mesmo diâmetro e propriedades gerais muito similares às do Sol. Por meio de espectrógrafos, é possível analisar a “assinatura de luz” dessas estrelas todas e, a partir disso, identificar sua composição.

O grupo estava à procura de tório na composição desses astros. Isso porque se trata de um elemento radioativo importante na composição do interior planetário; ao sofrer decaimento, ele é uma fonte de calor interno, e com isso ajuda a manter o planeta geologicamente ativo.

“Confirmamos que há um grande orçamento energético do decaimento de tório para manter a convecção do manto dentro de potenciais planetas rochosos ao redor de gêmeas solares, desde a formação do fino disco galáctico até agora”, escreveram os pesquisadores em artigo publicado no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

O trabalho tem como primeiro autor Rafael Botelho, orientando de doutorado de André Milone no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), e tem importantes implicações para uma avaliação do potencial para a vida na Via Láctea. “O mais empolgante é que parece que o tório também é abundante em gêmeas solares velhas, significando que o disco da galáxia pode estar repleto de vida, tanto no espaço quanto no tempo”, diz Botelho.

Não custa lembrar que o Sistema Solar é relativamente recente, comparado à idade da galáxia. Enquanto o Sol e sua família de planetas nasceram cerca de 4,5 bilhões de anos atrás, a Via Láctea, ainda que numa forma mais primitiva, já está por aí há mais de 10 bilhões de anos. Ou seja, há estrelas e planetas muito mais velhos que o Sol e a Terra, e a implicação é que mesmo nesses tempos mais antigos já havia concentração suficiente de tório para servir como “bateria de energia” para a atividade geológica.

É uma descoberta importante, uma vez que sabemos que o Universo nasceu apenas com elementos leves (hidrogênio, hélio e lítio), há 13,8 bilhões de anos, e foi apenas gradualmente se tornando mais enriquecido em elementos pesados, conforme as primeiras gerações de estrelas os foram fabricando e os espalhando pelo espaço ao fim de suas vidas. Aparentemente, esse processo de enriquecimento aconteceu de forma relativamente rápida, de modo que mesmo em épocas bem mais remotas já havia um inventário respeitável de fontes radioativas de calor para o interior de planetas.

O trabalho dá maior amplitude a um estudo feito anteriormente por um grupo da Universidade Estadual de Ohio, nos Estados Unidos, que analisou a presença de tório em 13 gêmeas solares. Com uma amostra mais robusta de 53, com as mais variadas idades, a nova pesquisa consolida as conclusões originais. Em ambos os casos, os dados espectrais das estrelas vieram do Harps, instrumento instalado no telescópio do ESO (Observatório Europeu do Sul) em La Silla, no Chile.

UM PROCESSO COMPLEXO
Mostrar que há energia de processos radioativos para planetas geologicamente ativos em toda a galáxia, contudo, não pode ser confundido com demonstrar que todos os planetas ricos em tório são geologicamente ativos.

Aliás, entender o que mantém o interior de um planeta “vivo” é ainda um problema a ser resolvido. Certamente se trata de uma questão multifacetada. Ter elementos radioativos capaz de gerar calor interno é um dos fatores, mas está longe de ser o único. Outro igualmente importante é a quantidade inicial de calor armazenada no planeta durante sua formação, em razão do processo violento de colisões que o gera. E é bem possível que o efeito de maré também contribua para “chacoalhar” (e assim manter aquecido) um manto planetário.

Um ótimo exemplo disso é a situação dos quatro planetas rochosos do Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Ambos se formaram a partir da mesma nebulosa que gerou o Sol, o que nos faz presumir que todos tiveram acesso ao tório presente nela — embora algumas diferenças de concentração possam existir em razão de os planetas terem se originado em diferentes locais do disco de gás e poeira responsável por sua formação ao redor do Sol nascente.

Modelos teóricos do interior dos quatro planetas rochosos do Sistema Solar, mais a Lua. (Crédito: Nasa/JPL)

A despeito disso, apenas Mercúrio e a Terra têm campos magnéticos apreciáveis (gerados no núcleo externo, ao que tudo indica), e apenas a Terra segue com tectonismo ativo. Vênus, apesar de ser praticamente do mesmo tamanho da Terra e dar toda pinta de ser geologicamente ativo, não apresenta sinais claros de placas tectônicas. Marte, por sua vez, que é menor, se mostra geologicamente morto. (A propósito, um dos objetivos da sonda InSight, que acabou de pousar por lá, é determinar quanto calor interno ainda existe no planeta.)

Então, não dá para saltar do fato “há tório” para a conclusão “há atividade geológica”. É apenas um indício de que energia fornecida por decaimento radioativo não é uma limitação para planetas geologicamente vivos.

“Se tivéssemos encontrado níveis muito baixos de tório em outras estrelas, isso poderia questionar o potencial de termos planetas rochosos geologicamente ativos na galáxia”, afirma Jorge Melendez, pesquisador do IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo) e coautor do trabalho. “Como encontramos níveis aproximadamente similares em todas as estrelas estudadas, isso indica que existe potencial de termos planetas ativos. Lógico que isso não quer dizer que todo planeta rochoso é ativo, mas pelo menos existe potencial para isso.”

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Nasa aposenta telescópio espacial Kepler por falta de combustível https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/10/30/nasa-aposenta-telescopio-espacial-kepler-por-falta-de-combustivel/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/10/30/nasa-aposenta-telescopio-espacial-kepler-por-falta-de-combustivel/#respond Tue, 30 Oct 2018 19:21:25 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2013/08/kepler-150x150.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8268 A gente sabia que esse dia ia chegar, e chegou hoje. Nesta terça-feira (30), a Nasa anunciou que está aposentando o telescópio espacial Kepler. O motivo: acabou o combustível.

É a aposentadoria do satélite que detém o recorde de exoplanetas descobertos: são mais de 2.600 mundos, de todos os tipos possíveis, orbitando outras estrelas. Graças a seus resultados, foi possível colher uma amostra estatística razoável e verificar que entre 20% e 50% de todas as estrelas da Via Láctea têm planetas potencialmente rochosos, como a Terra, em órbitas localizadas na chamada zona habitável de seus sistemas, onde água poderia perdurar em estado líquido na superfície.

A missão original do Kepler começou em 2009 e foi até 2013, quando uma falha de seus giroscópios impediu o apontamento de alta precisão. O fim poderia ter sido ali, mas os engenheiros da Nasa descobriram um meio de prosseguir a missão, usando a pressão da radiação solar como se fosse um dos giroscópios perdidos, estabilizando o apontamento.

Nasceu a missão K2, que produziu uma série de novas descobertas, monitorando alternadamente várias regiões do céu ao longo das constelações do zodíaco. Essas operações, contudo, continuavam demandando o uso de combustível dos pequenos propulsores usados para controlar o satélite.

Nas últimas semanas, por duas vezes o Kepler entrou em “modo de segurança” por nível baixo de combustível. Com os últimos dados baixados para a Terra, a Nasa decidiu encerrar oficialmente o projeto.

“Como a primeira missão caçadora de planetas da Nasa, o Kepler superou vastamente todas as nossas expectativas e pavimentou o caminho para nossa exploração e busca por vida no Sistema Solar e além”, disse Thomas Zurbuchen, vice-administrador do diretório de ciência da agência espacial americana. “Não só ele nos mostrou que muitos planetas existem lá fora, ele disparou um novo e robusto campo de pesquisa que tomou a comunidade científica como uma tempestade. Suas descobertas jogaram nova luz sobre nosso lugar no Universo e iluminaram mistérios e possibilidades tantalizantes entre as estrelas.”

A Nasa já tem operando no espaço o sucessor do Kepler, o satélite Tess. Desenvolvido por uma equipe do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e lançado em abril deste ano, ele está à procura de planetas ao redor de estrelas vizinhas mais brilhantes, que sejam passíveis de caracterização detalhada com a próxima geração de telescópios.

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Novo satélite caçador de planetas da Nasa faz suas duas primeiras descobertas https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/09/21/novo-satelite-cacador-de-planetas-da-nasa-faz-suas-duas-primeiras-descobertas/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/09/21/novo-satelite-cacador-de-planetas-da-nasa-faz-suas-duas-primeiras-descobertas/#respond Fri, 21 Sep 2018 17:34:28 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/09/tess_first_light-tb-320x213.jpg https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=8146 O Tess (Transiting Exoplanet Survey Satellite), novo telescópio espacial da Nasa destinado a caçar planetas fora do Sistema Solar, já concluiu sua sequência inicial de observações, e começam a pipocar as primeiras descobertas, inaugurando uma espécie de “corrida pelos planetas do Tess”.

Por ora são só dois novos mundos, achados a partir de dados preliminares, disponíveis num sistema de alerta criado pela própria equipe responsável pelo telescópio espacial para disparar avisos de interesse para a comunidade astronômica quando o satélite detecta algo relevante.

Nessa largada, dois grupos independentes chegaram quase juntos ao mesmo achado, o planeta Pi Mensae c. Trata-se de uma superterra numa órbita extremamente curta ao redor dessa estrela do tipo G, similar ao Sol, localizada a 60 anos-luz de distância na constelação austral da Meseta (Mensa). O consensual entre os dois grupos é que o planeta é incapaz de abrigar vida — quente demais e gasoso demais. Mas é quase só isso em que eles concordam com exatidão absoluta.

O primeiro artigo, submetido no dia 16 como uma AAS Letter (serviço de notificação da Sociedade Astronômica Americana), tem participação da equipe responsável pelo satélite e sugere que o planeta tem período orbital de 6,27 dias, diâmetro 2,14 vezes maior que o da Terra. Complementando o achado do Tess com dados espectrográficos de arquivo colhidos por telescópios em solo, os pesquisadores concluíram que a massa do planeta gira ao redor de 4,8 vezes a terrestre.

O segundo artigo, submetido apenas quatro dias depois ao periódico Astronomy & Astrophysics, vem de um grupo independente. Eles também confirmam a existência do planeta, pelos mesmos métodos, mas chegam a parâmetros ligeiramente diferentes: órbita de 6,25 dias, diâmetro 1,83 vez maior que o da Terra, e massa de 4,51 vezes a terrestre.

Todo mundo na comunidade de exoplanetas sabe que essas estimativas são mesmo variáveis, porque dependem de parâmetros que não estão precisamente estabelecidos. Por exemplo, ao detectar um trânsito planetário — a pequena redução de brilho da estrela conforme um mundo ao seu redor passa à frente dela com relação a observadores na Terra –, os astrônomos podem estimar o tamanho do planeta comparado ao tamanho da estrela. Mas se o tamanho da estrela não é precisamente conhecido, é difícil precisar o tamanho do planeta. Daí pequenas variações no tamanho.

Com relação à massa, há a mesma incerteza, dessa vez ligada à massa da estrela-mãe, em contraposição à do planeta.

Então, na prática, o jeito certo de ler esses artigos é interpretá-los como uma corroboração aproximada um do outro. É muito improvável que não haja um planeta Pi Mensae c com período de aproximadamente 6,2 dias, diâmetro entre 1,8 e 2,2 do terrestre e massa entre 4,5 e 5 da terrestre.

Esses números sugerem que se trata de um planeta menos denso que a Terra, provavelmente com um grande invólucro gasoso, mais como um mininetuno do que como uma superterra.

O curioso sobre esse sistema é que já havia um planeta conhecido ao redor dele, um gigante gasoso com uma órbita altamente excêntrica (oval) de 5,7 anos. Então agora são dois os planetas conhecidos por lá, e suas órbitas sugerem que a formação do sistema foi cheia de encontros, desencontros e migrações planetárias.

O OUTRO ACHADO
Por fim, a segunda descoberta veio mais uma vez da equipe do MIT responsável pelo satélite e foi submetida no dia 19 ao Astrophysical Journal Letters. Trata-se de um planeta ao redor da estrela anã vermelha LHS 3844, localizada a 49 anos-luz de distância.

Esse sim tem parâmetros um pouco mais comparáveis ao da Terra, com diâmetro 1,32 vez o terrestre, mas também não ajuda muito em termos da busca por vida: completando uma volta em torno da estrela a cada 11 horas, ele com certeza é um inferno escaldante.

PARA ONDE AGORA?
O aspecto mais especial dessas primeiras descobertas — e de outras que virão com o TESS — é o fato de que ambos estão orbitando estrelas próximas e relativamente brilhantes (Pi Mensae é até visível a olho nu, no limite da acuidade visual, em locais sem poluição luminosa), o que permitirá que a próxima geração de telescópios no espaço e em solo seja capaz de sondar sua atmosfera por espectroscopia, determinando a composição de seu invólucro de gases.

Com isso, abre-se uma grande janela para caracterizarmos esses planetas com maior precisão e entendermos em que circunstâncias pode surgir um mundo capaz de abrigar vida, como o nosso.

Sem falar que esses achados são apenas os que “queimaram a largada”, por assim dizer, com os dados do Tess. Espera-se que a equipe responsável pela missão produza catálogos periódicos de planetas e candidatos a planetas com números bastante expressivos de maneira periódica. Esse, digamos, foi só o aperitivo, baseado nos dados das primeiras observações — 27 dias seguidos olhando para uma mesma faixa do céu –, descarregados do satélite no último dia 5.

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Nasa lança novo satélite para buscar exoplanetas habitáveis mais próximos https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/04/16/nasa-lanca-hoje-novo-satelite-para-buscar-exoplanetas-habitaveis-mais-proximos/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/04/16/nasa-lanca-hoje-novo-satelite-para-buscar-exoplanetas-habitaveis-mais-proximos/#respond Mon, 16 Apr 2018 06:07:23 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2018/04/TESSLavaPlanet31_print-320x213.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7576 (ATUALIZAÇÃO, 17h10: Lançamento foi adiado. Nova tentativa provavelmente na quarta-feira (18), às 19h51.)

A próxima etapa na caça aos exoplanetas começa nesta segunda-feira (16), com o lançamento do satélite Tess. Ele deve vasculhar nada menos que 200 mil estrelas próximas em busca de mundos de porte comparável ao da Terra — uma larga amostra distribuída por 85% da abóbada celeste.

Proposto por um grupo do MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, ele fará algo que seus predecessores não fizeram: deve se concentrar em estrelas mais próximas do Sistema Solar. O objetivo agora é encontrar mundos suficientemente próximos para permitir que os novos telescópios espaciais e em solo possam estudá-los em detalhe.

É mais uma etapa num longo jogo para decifrar toda a natureza e variedade dos sistemas planetários que existem aí fora. Até 1995, ninguém sabia sequer se existiam mesmo outros mundos ao redor de estrelas similares ao Sol.

Descobrir os primeiros exoplanetas, na década de 90, exigiu observar por longos anos estrelas individuais, até que se pudesse captar com convicção o sutil vaivém desses astros conforme planetas ao seu redor usassem sua gravidade para tirar a estrela para dançar, numa lenta e repetitiva valsa.

Em 2009, veio a primeira grande revolução no campo, quando a Nasa lançou o satélite Kepler, cujo objetivo era fazer um censo dos exoplanetas com base em uma amostra limitada.

O telescópio espacial, criado a um custo de cerca de US$ 600 milhões, passou os quatro anos seguintes olhando fixamente para uma pequena região do céu, entre as constelações de Cisne e Lira.

Nesse período, passou o tempo todo monitorando cerca de 150 mil estrelas, em busca de pequenas reduções de brilho nelas que indicassem a passagem de um planeta circundante, capaz de bloquear parte da luz temporariamente.

Com base no quanto de luz era bloqueado, dava para dizer o tamanho do planeta. E contando o tempo que dois desses trânsitos iguais levavam para acontecer, era possível estimar a órbita do planeta — usando para isso as leis de… Kepler (o original, astrônomo do século 17).

Com isso, a missão encontrou quase 4.000 exoplanetas e demonstrou que planetas rochosos, similares à Terra ou um pouco maiores, são ainda mais comuns no Universo que os gigantes gasosos — o que faz total sentido, visto que exigem menos massa para se formarem.

Alguns desses mundos lembravam muito, ao menos em seus parâmetros mais gerais, a própria Terra.

Contudo, a amostra veio com um grande problema: praticamente todos os exoplanetas do Kepler estão distantes demais para que se possa estudá-los mais a fundo.

O satélite fez um censo espetacular, mas não colheu bons exemplares para a próxima etapa de estudos — em que os astrônomos devem observar a composição atmosférica desses planetas e descobrir se são mesmo habitáveis, quiçá habitados.

Aí é que entra o Tess, sigla inglesa para Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito. Financiado de início pela Google, o projeto do MIT foi abraçado pela Nasa em 2011. A um custo de cerca de US$ 200 milhões (mais o lançamento, que custará outros US$ 87 milhões), ele usará quatro câmeras para observar faxias sucessivas do céu, nos hemisférios Norte e Sul.

A técnica de descoberta é a mesma do Kepler, mas o enfoque é diferente _o Tess terá como foco buscar as estrelas mais brilhantes, a uma distância que varia entre 30 e 300 anos-luz da Terra. Praticamente todos os achados do Kepler estão mais distantes.

A missão inicial terá duração de dois anos, mas pode ser estendida. O satélite será colocado numa órbita especial, jamais usada por uma missão científica, em que ele completa duas voltas ao redor da Terra enquanto a Lua completa uma. Isso confere notável estabilidade e economiza combustível para o andar da missão.

“Esperamos achar pelo menos 50 exoplanetas do porte da Terra em estrelas próximas”, diz George Ricker, pesquisador do MIT e líder da missão. “Esse é nosso critério para declarar sucesso da missão.”

A expectativa é que esses mundos poderão então ser esquadrinhados por equipamentos como o Telescópio Espacial James Webb (a ser lançado em 2020) e novos observatórios em solo, como o GMT e o E-ELT (ambos em construção), em busca de assinaturas de luz que indiquem a composição de suas atmosferas.

Hoje, há poucos candidatos já descobertos que viabilizem esse tipo de estudo, e o favorito no momento é o sistema Trappist-1, a 40 anos-luz de distância.

“A estimativa é encontrar vários sistemas parecidos”, diz Claudio Melo, astrônomo brasileiro no ESO (Observatório Europeu do Sul). “Acho que ainda estaremos vivos quando detectarmos a primeira atmosfera parecida com a nossa.”

O lançamento do TESS, com um foguete Falcon 9, acontece nesta segunda às 19h32 (de Brasília), e o Mensageiro Sideral transmite ao vivo.

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Astronomia: O que vem aí em 2018! https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/01/01/astronomia-o-que-vem-ai-em-2018/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2018/01/01/astronomia-o-que-vem-ai-em-2018/#comments Mon, 01 Jan 2018 04:00:49 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2016/04/spacex-falconheavy-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7243 De possível voo lunar tripulado até o fim do ano à busca por vida em Marte, 2018 promete.

CARRO NO ESPAÇO
Janeiro começa quente, com o primeiro voo do foguete Falcon Heavy. No lançamento de teste, a empresa SpaceX deve colocar um carro da Tesla no espaço. E, seja qual for o resultado, ele deve pavimentar o caminho para voos tripulados ao redor da Lua, algo que não ocorre desde 1972. A SpaceX chegou a prometer o primeiro deles para o fim de 2018. A data é ambiciosa, mas o objetivo nunca foi tão factível.

DE VOLTA AO JOGO
Este também deve ser o ano em que os EUA voltam a ter a capacidade de mandar astronautas ao espaço, o que já não têm desde a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011. Neste ano devem ocorrer os primeiros testes das cápsulas tripuladas Dragon V2 (SpaceX), em abril, e Starliner (Boeing), em agosto.

DA TERRA À LUA
Enquanto isso, na China, a ambição segue em alta. Os chineses planejam lançar em 2018 o primeiro módulo de sua estação orbital e, até o fim do ano, devem se tornar os primeiros no mundo a enviar um jipe robótico ao lado afastado da Lua, com a missão Chang’E-4.

MARTE ATACA
O ano promete para os fissurados por Marte. A Nasa quer lançar, em maio, e pousar, em novembro, um robô sismólogo por lá, o InSight. Fora isso, é em 2018 que o orbitador europeu Gas Trace Orbiter passará a colher dados científicos — é a Europa iniciando a busca por evidências de vida no planeta vermelho.

REINO DOS ASTEROIDES
No espaço profundo, teremos dois encontros empolgantes para os fãs do estudo de asteroides: a japonesa Hayabusa-2 chegará ao Ryugu, em julho, e a americana Osiris-Rex, ao Bennu, em agosto. Ambas devem colher amostras para trazer de volta à Terra.

GRANDES VOOS
Por fim, teremos vários lançamentos científicos importantes. Entre março e junho, a Nasa deve lançar seu próximo satélite caçador de exoplanetas, o Tess. Depois de junho, um experimento educacional brasileiro deve ir à Estação Espacial Internacional. Entre julho e agosto, deve partir a sonda Parker, que vai roçar a alta atmosfera do Sol. E em outubro os europeus lançarão sua primeira sonda a Mercúrio, a BepiColombo.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Grupo desenvolve tecnologia para mapear superfície de planetas fora do Sistema Solar https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/31/grupo-desenvolve-tecnologia-para-mapear-superficie-de-planetas-fora-do-sistema-solar/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/31/grupo-desenvolve-tecnologia-para-mapear-superficie-de-planetas-fora-do-sistema-solar/#comments Sun, 31 Dec 2017 04:00:40 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/planets-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7231 Os últimos 20 anos viram a descoberta de milhares de planetas espalhados pela galáxia, com uma variedade tal que faz o Sistema Solar parecer careta. Agora, um grupo internacional de astrônomos, com participação brasileira, planeja a tecnologia que permitirá estudar a fundo esses mundos.

“A maioria dos grandes telescópios é de uso geral. Nós estamos pensando em construir um que seja dedicado ao estudo de exoplanetas”, explica Marcelo Emilio, pesquisador da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), no Paraná, e participante do projeto liderado pela Fundação Planets (acrônimo “esperto” para Luz Polarizada da Atmosfera de Sistemas Extraterrestres Próximos, em inglês).

O primeiro passo do grupo é desenvolver a tecnologia necessária para observar diretamente a luz vinda dos exoplanetas — uma tarefa nada fácil.

Até hoje, praticamente todos os mundos conhecidos fora do Sistema Solar, fora uma ou outra exceção, foram descobertos por técnicas indiretas: mede-se o bamboleio da estrela causado pelo puxão gravitacional de planetas ao seu redor, ou a redução de brilho estelar quando um planeta passa à frente dela, mas o planeta em si não é observado.

De uns tempos para cá, alguns instrumentos — como o Sphere, instalado no Very Large Telescope, e o GPI, acoplado ao Telescópio Gemini Sul, ambos no Chile — foram desenvolvidos para observação direta.

Contudo, mesmo eles estão limitados a detectar apenas planetas mais jovens (que são mais quentes e emitem mais luz infravermelha, faixa do espectro eletromagnético em que a diferença abismal de brilho entre estrelas e planetas diminui um pouco) e que estejam bastante afastados da estrela — à moda dos planetas gigantes mais remotos do nosso Sistema Solar.

Mesmo usando dois dos maiores telescópios de solo disponíveis hoje, não há possibilidade de que um desses instrumentos possa captar um planeta do tamanho da Terra a uma distância de sua estrela que seja comparável à que nosso mundo guarda do Sol.

A Fundação Planets quer mudar esse jogo, demonstrando um novo modelo de telescópio — não necessariamente maior, mas melhor para a tarefa.

DESAFIO DUPLO
“O telescópio capaz de fazer imagens diretas de exoplanetas precisa de duas coisas: ser grande o suficiente para colher luz espalhada pelo exoplaneta e ter um design que impede o brilho muito maior da estrela de obscurecer o exoplaneta”, explica Jeff Kuhn, pesquisador da Universidade do Havaí (EUA) e idealizador do projeto.

“Até certo ponto você pode tentar compensar o segundo ponto com uma abertura maior, mas nossa crença é de que o mundo precisa de um telescópio que atenda aos dois pontos, dedicado a esses problemas.”

Para demonstrar como fazer isso, o grupo já está construindo o telescópio Planets, um protótipo que deve ficar pronto até o fim de 2019, a um custo de US$ 4 milhões.

Além de envolver a Universidade do Havaí e a Estadual de Ponta Grossa, o projeto também tem apoio da Universidade Tohoku, no Japão, do Instituto Kiepenheuer, na Alemanha, e da Universidade Nacional Autônoma do México.

Em termos de tamanho, o telescópio Planets não impressiona; seu espelho primário tem apenas 1,85 m. Comparado, por exemplo, ao VLT e ao Gemini, com 8 m, ele é nanico. Mas tem uma característica especial: ele foi construído fora do eixo.

Normalmente, telescópios refletores são construídos de forma que o espelho secundário, responsável por levar a luz colhida pelo primário até os instrumentos, fica exatamente na direção da entrada dos raios de luz.

“Por causa disso, a aranha do telescópio [a estrutura que suporta o espelho secundário] fica no caminho e causa um espalhamento maior da luz das estrelas.”

O resultado é que ela “vaza” para muito além da posição pontual da estrela na imagem, ofuscando planetas ao redor. (É esse fenômeno que faz com que estrelas mais próximas apareçam com aquelas pontas agudas, mesmo em imagens do Telescópio Espacial Hubble, que também tem uma montagem tradicional, com o secundário no mesmo eixo dos raios de luz que adentram o primário.)

Fora do eixo, o Planets pretende evitar esse problema, além de testar novas tecnologias para a construção do espelho que devem baratear seu custo.

Combinando essa configuração fora do eixo com um coronógrafo (dispositivo que bloqueia a luz de uma estrela específica), espera-se que, em termos de imagear exoplanetas, ele possa ser competitivo com o VLT e o Gemini, mesmo tendo um espelho primário com um quarto do tamanho.

SÓ O COMEÇO
Contudo, o mais importante é que ele é o primeiro passo num caminho muito mais ambicioso.

Caso o Planets se mostre economicamente e cientificamente recompensador, ele é apenas o degrau de entrada para o desenvolvimento de sistemas capazes de detectar sinais de vida em exoplanetas e até mesmo fotografar suas superfícies, produzindo “mapas-múndis” rudimentares.

O próximo passo nessa escada seria o ELF, sigla para ExoLife Finder, ou Buscador de ExoVida. Ele seria composto por um conjunto circular de 16 espelhos de 5 metros cada um.

Todos esses espelhos teriam uma montagem fora do eixo, e a ideia é combinar o sinal individual de cada um deles numa única imagem, por uma técnica conhecida como interferometria.

Seria equivalente a ter um único espelho gigante de 40 metros, maior do que os telescópios de próxima geração já em construção para a década de 2020.

Concepção artística do ELF (Crédito: Planets Foundation)

Com seu foco dedicado em pesquisa de exoplanetas, ele poderia ser usado por meses a fio para observar o mesmo exoplaneta, acompanhando sua órbita ao redor de sua estrela e capturando sinais luminosos em suas diferentes fases, entre “cheio” e “novo” (pense nas fases da Lua, aplicadas a exoplanetas).

Esses dados, colhidos por meses a fio, seriam integrados por meio de um algoritmo para que se possa extrapolar mapas de sua superfície. Seria possível com o ELF, por exemplo, obter uma visão global da superfície de Proxima b, o mundo terrestre potencialmente habitável que orbita ao redor de Proxima Centauri, a estrela mais próxima do Sol, a 4,2 anos-luz.

Planetas muito mais distantes, contudo, permaneceriam fora do alcance para mapeamento. Mas a Fundação Planets tem um terceiro degrau em sua escada: o Colossus.

Ele teria nada menos que 58 espelhos de 8 metros, todos fora do eixo, com uma imagem equivalente à de um único espelho de 74 m de diâmetro.

Esse projeto, se chegar a ser realizado, ainda está várias décadas no futuro. Mas o futuro já começa agora, com a fase final de construção do pequenino Planets.

Concepção artística do Colossus (Crédito: Planets Foundation)

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Astronomia: Top Five do espaço, 2017 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/25/astronomia-top-five-do-espaco-2017/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/25/astronomia-top-five-do-espaco-2017/#comments Mon, 25 Dec 2017 04:00:50 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/retrospectiva-2017-180x101.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7227 Entre mundos habitáveis e vagabundos interestelares: confira o Top 5 do espaço em 2017.

5. VAGABUNDO INTERESTELAR
A equipe do projeto Pan-STARRS fez em outubro uma descoberta sem precedentes: pela primeira vez viu-se um bólido celeste proveniente do espaço interestelar, apenas de passagem pelo Sistema Solar. O misterioso astro, chamado ‘Oumuamua, tem uma forma incomum, muito alongada, e causou espanto entre os pesquisadores.

4. A ERA DOS FOGUETES USADOS
No dia 30 de março, uma nova era da astronáutica foi inaugurada, quando a empresa americana SpaceX realizou o segundo voo de um primeiro estágio de foguete previamente usado. Espera-se que esse seja apenas o começo de uma revolução tecnológica que deve tornar o acesso ao espaço muito mais barato.

3. SURFE NAS ONDAS GRAVITACIONAIS
Em 17 de agosto, os detectores LIGO, nos EUA, e Virgo, na Europa, captaram as ondas gravitacionais geradas pela colisão de duas estrelas de nêutrons — evento que produziu um sinal luminoso observado também por telescópios ópticos. Foi o início da chamada astronomia multimensageira e um ótimo modo de comemorar o Prêmio Nobel em Física de 2017, dado pela pioneira detecção das ondas gravitacionais, feita dois anos antes.

2. SETE TERRAS E UM DESTINO
Em fevereiro, a Nasa anunciou a descoberta de um sistema planetário a apenas 40 anos-luz de distância que tem nada menos que sete planetas rochosos — e todos eles, em tese, poderiam ter água em estado líquido na superfície. O sistema Trappist-1 será um alvo preferencial para a busca por vida extraterrestre com a próxima geração de telescópios, já a partir de 2019.

1. VIDA LONGA À CASSINI
Após mais de 13 anos estudando o planeta Saturno, seus anéis e suas luas, a sonda Cassini encerrou sua missão em 13 de setembro, num espetacular mergulho na atmosfera do gigante gasoso. No começo do ano, ela havia revelado que o oceano de Encélado, uma pequenina lua congelada saturnina, tem todos os ingredientes para abrigar vida. E, embora a missão tenha chegado ao final, é certo que os dados colhidos permitirão novas descobertas por muitos e muitos anos.

BÔNUS: O QUE MAIS?
Confira alguns dos eventos e descobertas que chamaram a atenção em 2017, mas não conseguiram bater em importância os cinco elencados acima, como a descoberta do buraco negro supermassivo mais distante (e antigo) já visto, a hipótese de que dunas podem explicar sinais tidos antes como de água corrente em Marte, a supernova que insiste em não morrero grande eclipse solar de agosto, a descoberta de um anel no estranho planeta anão Haumea, os resultados da distribuição da matéria escura do projeto Dark Energy Survey, a detecção de um sistema planetário na estrela análoga solar Tau Ceti, a volta de um experimento brasileiro à Estação Espacial Internacional graças ao projeto Garatéa, os primeiros resultados científicos da sonda Juno em Júpiter, o lançamento bem-sucedido do não tão bem-sucedido (até agora) satélite geoestacionário brasileiro, a descoberta de que o Sistema Solar reside num pequeno ‘oásis’ galáctico, as primeiras potenciais chuvas de meteoros identificadas por astrônomos brasileiros, a revelação de que a matéria escura tinha menos influência sobre as galáxias no passado do Universo, a descoberta, pela sonda Dawn, de que Ceres tem criovulcões de água ativos e o indício, obtido por lentes gravitacionais, de que o Universo está se expandindo mais rápido que o esperado.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Google entra no negócio de achar exoplanetas e identifica estrela que tem ao menos oito, como o Sol https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/14/google-entra-no-negocio-de-achar-exoplanetas-e-identifica-estrela-que-tem-ao-menos-oito-como-o-sol/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/14/google-entra-no-negocio-de-achar-exoplanetas-e-identifica-estrela-que-tem-ao-menos-oito-como-o-sol/#comments Thu, 14 Dec 2017 20:20:38 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2017/12/17-098-180x54.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7175 Nesta quinta-feira (14), a gigante Google entrou oficialmente no negócio de descobrir planetas fora do Sistema Solar. Um engenheiro de software do departamento de inteligência artificial da empresa é um dos dois autores de um artigo científico anunciando a descoberta de dois novos mundos cuja presença estava escondida nos dados brutos do satélite Kepler, da Nasa.

O Kepler-90i é um planeta rochoso e quente que orbita uma estrela um pouco maior que o Sol em apenas 14,4 dias. É um inferno escaldante, mas tem um particular: ele se soma a um sistema que já tinha sete planetas conhecidos. Com isso, a estrela Kepler-90 atinge a marca de oito planetas — a mesma do Sistema Solar.

Comparação do tamanho dos planetas de Kepler-90 aos do Sistema Solar. (Crédito: Nasa)

É a primeira vez que encontramos oito mundos num único sistema, fora o nosso próprio. O recorde anterior, sete, pertencia ao famoso sistema Trappist-1, a cerca de 40 anos-luz da Terra. Mas Kepler-90 está bem mais longe, a cerca de 2.500 anos-luz de distância.

A outra descoberta é no sistema Kepler-80. O Kepler-80 g é o sexto planeta encontrado ao redor da estrela, que é bem menor que o Sol, provavelmente uma anã vermelha. Ele tem o tamanho da Terra, mas também não tem perspectiva de ser habitável, ou seja, de ter uma faixa de temperaturas que permita a existência de água em estado líquido na superfície.

A descoberta é importante por revelar o potencial de redes neurais — algoritmos de computador que são grosseiramente baseados no funcionamento do cérebro humano — para a análise de vastas quantidades de dados astronômicos em busca de sinais interessantes, como é o caso do conjunto de informações brutas colhido pelo satélite Kepler em sua missão original, entre 2009 e 2013.

A técnica consistiu em basicamente “treinar” um computador para identificar sinais de planetas nos dados do Kepler e então deixá-lo analisar os dados colhidos de 670 estrelas, das 150 mil que o satélite observou na região das constelações Lira e Cisne. Ou seja, devem vir mais descobertas por aí.

O trabalho foi feito por Christopher Shallue, da Google IA, e Andrew Vanderburg, da Universidade do Texas em Austin, e foi apresentado numa teleconferência realizada pela Nasa nesta quinta-feira (14). Os resultados já foram aceitos para publicação no “Astronomical Journal”.

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AO VIVO: Nasa apresenta novas descobertas feitas com o Kepler, satélite caçador de exoplanetas https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/14/ao-vivo-nasa-anuncia-novas-descobertas-com-o-kepler/ https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/12/14/ao-vivo-nasa-anuncia-novas-descobertas-com-o-kepler/#comments Thu, 14 Dec 2017 16:34:38 +0000 https://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/files/2013/08/kepler-150x150.jpg http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/?p=7169 Em coletiva realizada nesta quinta-feira (14), a partir das 16h, a Nasa deve apresentar novas descobertas feitas com dados do satélite Kepler, o caçador de exoplanetas. De acordo com o comunicado da agência espacial americana, o avanço foi possível graças ao uso de inteligência artificial. Confira a coletiva ao vivo, com tradução simultânea do Mensageiro Sideral.

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