Grupo descobre ‘exo-Terra’ a 11 anos-luz daqui

A estrela mais próxima do Sistema Solar na constelação de Virgem, a apenas 11 anos-luz de distância, também tem um planeta de porte terrestre potencialmente habitável, ou seja, com chance de abrigar água líquida em sua superfície — e, portanto, vida.

O planeta é, nas palavras de seus descobridores, “a segunda exo-Terra mais próxima” já descoberta e entra direto na lista dos mundos mais intrigantes a serem estudados com atenção pelos astrônomos ao longo da próxima década.

Ele orbita a estrela Ross 128, também conhecida como Proxima Virginis, uma anã vermelha que, a despeito da proximidade, não pode ser observada no céu a olho nu. Isso porque anãs vermelhas são astros bem menores, mais frios e menos brilhantes que o Sol. É isso que faz com que a distância que um planeta tem de estar delas para ter uma temperatura compatível com água em estado líquido também seja bem menor do que a que a Terra guarda do Sol.

No caso em questão, o planeta Ross 128 b está 20 vezes mais próximo de sua estrela-mãe que a Terra está do Sol, e completa uma volta em torno dela a cada 9,9 dias, enquanto nós levamos 365,25 dias a cada translação. Contudo, como Ross 128 é bem mais fria e menos brilhante que nosso astro-rei, o planeta recebe apenas 38% mais radiação que a Terra. Nessas condições, ele pode ou não ter o ambiente adequado para água líquida. Só saberemos se esse é o caso estudando-o mais a fundo.

O novo mundo foi descoberto usando a técnica de velocidade radial, que envolve detectar o bamboleio gravitacional que a estrela faz conforme o planeta gira ao seu redor. Mais de uma década de observações feitas com o espectrógrafo Harps, instalado no telescópio do ESO (Observatório Europeu do Sul) em La Silla, no Chile, permitiram a detecção, assim como uma estimativa da massa mínima do planeta — apenas 35% maior que a da Terra.

Dentre os mundos conhecidos fora do Sistema Solar que são potencialmente habitáveis, Ross 128 b só perde em proximidade para Proxima Centauri b (11 anos-luz contra 4,2 anos-luz), mas em compensação oferece uma vantagem. Enquanto Proxima b orbita uma estrela anã vermelha bastante ativa, que emite grandes quantidades de raios X e produz grandes explosões estelares (más notícias para a vida e a manutenção de condições habitáveis por longos períodos de tempo), Ross 128 b se vê às voltas com uma estrela “quieta”, com baixo nível de atividade. “Em um contexto de habitabilidade, isso torna a sobrevivência de sua atmosfera contra erosão mais provável”, destacam Xavier Bonfils, da Universidade de Grenoble, na França, e seus colegas, no artigo publicado na “Astronomy & Astrophysics” e divulgado nesta quarta-feira (15) pelo ESO.

SEM TRÂNSITO
Como com todos os planetas descobertos pela técnica de velocidade radial, os cientistas têm grande ansiedade de saber se eles também estão alinhados de forma que transitem periodicamente à frente de sua estrela com relação a observadores no Sistema Solar. Isso por três razões: primeiro, a observação dos trânsitos confirma a existência do planeta por um método independente; segundo, os trânsitos oferecem uma estimativa do tamanho do planeta, que complementa a informação da massa, permitindo especular sobre sua densidade e composição; terceiro, os trânsitos em princípio oferecem uma oportunidade para estudar a composição da atmosfera do planeta, por uma técnica chamada “espectroscopia de transmissão”, em que a luz da estrela que passa de raspão pelo invólucro gasoso do planeta antes de chegar até nós carrega a “assinatura” das moléculas que encontrou pelo caminho.

Ross 128 foi observada pelo satélite Kepler durante sua missão estendida, K2, mas infelizmente o planeta Ross 128 b não está favoravelmente alinhado para trânsitos.

Isso significa que ele não é um alvo particularmente bom para estudos com o Telescópio Espacial James Webb, que a Nasa pretende lançar em 2019.

Contudo, a sutil luminosidade de Ross 128 b poderá ser detectada diretamente, sem depender de trânsitos, pelo E-ELT, o telescópio de próxima geração do ESO, que terá uma abertura de 39 metros. Espera-se que ele esteja operacional em 2024. Ou seja, com certeza este planeta ainda dará o que falar.

E é nesse compasso que andam os astrônomos atualmente. Aos pouquinhos, eles vão aumentando sua coleção de mundos potencialmente habitáveis ao alcance dos telescópios que estarão por aí na próxima década: Proxima b, os planetas de Trappist-1, o mundo detectado em LHS 1140, e agora Ross 128 b. Seja lá o que encontrarmos neles, isso vai nos ajudar a entender muito melhor o contexto do nosso próprio planeta no cosmos. A Terra é um oásis em meio a um imenso deserto? Ou orbes habitáveis são o feijão com arroz do Universo? E quão frequente é a presença de vida?

Depois de séculos vivendo só de palpites, finalmente estamos perto de saber.

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Comentários

  1. Salvador Nogueira

    Sou leitor assíduo do seu blog: Mensageiro Sideral e suas considerações sobre os comentários são de elevado nível. Parabéns!
    Assistindo ao vídeo Em Busca de Planetas Desconhecidos (Dublado HD Completo) Discovery Science do site abaixo,

    https://www.youtube.com/watch?v=KgfzIy3Kdho

    a astrônoma Debora relata sua incansável busca por planetas e sistemas planetários orbitando outras estrelas. Transcrevendo uma parte do programa temos uma mensagem de Giordano Bruno (o herege – assim a igreja da época o considerava pelas suas ideias absurdas) que diz o seguinte: “Os incontáveis planetas do Universo não são piores e nem menos habitados do que a Terra. Vamos destruir a teoria de que a Terra é o centro do Universo”. Quatro séculos depois é difícil imaginar o quanto suas ideias foram consideradas perigosas. As palavras da astrônoma Debora: “Tudo que estamos descobrindo diz que cada estrela é igual ao nosso Sol. Tem vários planetas ao seu redor. Eu sei que existem 200 bilhões de estrelas na Via Lactea e há bilhões de chances de existir VIDA. Desses planetas terem sido usados como base para a evolução. Isso m uda a minha perspectiva sobre o nosso lugar como humanidade. Do nosso papel no Universo.Giordano Bruno morreu porque insistiu na sua ideia de que planetas orbitam outras estrelas. E, ironicamente, ele acreditava que suas ideias apenas engrandeciam a glória do Criador.
    Com base nesse programa que assisti e está à disposição para quem o queira, algumas indagações: Como considerar que não há vida inteligente no Universo se os próprios astrônomos as caçam sem parar? Que outras civilizações podem ter visitado a Terra em outras épocas? E que os contatos extraterrestres não são possíveis? O Universo, pelo que sei, é imensurável pelos conhecimentos atuais da astrofísica. Estamos engatinhando em todas as pesquisas astronômicas e espaciais.

    1. Salvador, considere a pergunta respondida, um leitor abaixo respondeu sem querer ao citar uma matéria sua que era o que eu estava procurando. Obrigado mesmo assim.
      Deixa eu só aproveitar para mencionar que água líquida pode ser encontrada a 150 °C, por exemplo, dependerá da pressão atmosférica (maior que a nossa, claro). E a vida pode ocorrer de tantas formas, não é? Não necessariamente da forma como conhecemos. Hoje estamos mexendo na genética para fazer plantas ou animais mais resistentes a estresse hídrico e temperaturas elevadas. A evolução da vida em outros planetas pode seguir caminhos naturais específicos para as suas condições próprias. A vida daqui (não falo do ser humano apenas, que é uma palha, falo do palheiro todo) seguiu seu curso evolutivo dentro de nossas condições terrestres. Claro que encontrar planetas com características próximas ao nosso tem a vantagem da comparação, o q estou dizendo é das possibilidades diversas. Se tiver uma boa referência de leitura e/ou documentário sobre isso, agradeceria.

      1. Rodolfo,
        Mesmo sabendo que serei ~bombardeadamente~ chamado de “Puxa Saco” recomendo a leitura do Extraterrestre, pois ele aborda com absoluta clareza esta questão, e muitas outras nas quais você ainda não pensou!

    1. Eu concordo, eu adoro desperdiçar o meu tempo aqui! Tristes aqueles que não tem um passa tempo.

  2. Lendo todos os comentários acima, fico pensando que realmente urge criarmos um sistema de teletransporte para enviar o Apolonario e o Mensageiro Cético para Ross 128b, assim duas coisas aconteceriam: a) ficaria provada a existência de vida não inteligente por lá e b) seguindo a brilhante teoria do Mensageiro Cético de que o tempo passa mais depressa em planetas com ano mais curto, quem sabe eles não envelhecem e morrem, né?

    1. Normalmente não perco o meu tempo respondendo a donos de mentes obtusas como a sua. Mas vou abrir uma exceção no seu caso! Primeiro observo que você tem um problema orientação espacial – os comentários que você leu estão ABAIXO e não acima do seu. Em segundo lugar, imagino que você tenha pretendido escrever “Apolinário” mas saiu “Apolonario” –
      o que mostra também uma deficiência cognitiva de sua parte. Finalmente, consigo imaginar usos mais inteligentes para o seu (improvável) “sistema de teletransporte”, por exemplo, enviar o senhor e a senhora sua mãe para o Quinto dos Infernos a fim de que ambos façam companhia a Belzebu por toda a eternidade.

      1. Nossa, que exemplo do amor de deus, hein? Bom, o Apolonario se deve ao meu corretor ortográfico do celular, que provavelmente quer me evitar de escrever nomes impróprios – quem sabe eu devesse obedecê-lo mais, e me poupar de perder tempo com “cristãos” da sua laia. O “acima” versus “abaixo” se deve ao fato de caixa de texto para se escrever comentários aparecer apenas ao fim da página (ao menos no celular); como geralmente não escrevo por aqui (prefiro ler os bons artigos do Salvador e rir das asneiras que você escreve), não me toquei que a minha mensagem apareceria no topo – algo bem mais prosaico que um problema de orientação (e com certeza menos importante que o seu problema de ausência de raciocínio lógico). Minha mãe com certeza não se preocupa com a sua opinião, mas envolvê-la na sua retórica desaforada realmente é baixo, mesmo para você. Se você tivesse alguma cultura, imaginaria que você leu Schopenhauer e estaria lançando mão do último recurso de seu metodo para vencer um debate sem ter razão (atacar o oponente em vez do assunto), mas como duvido muito que você sequer conheça essa obra, resta que a falta de argumento realmente o leva a mostrar a sua prosa de melhor qualidade, não é mesmo? 🙂

        1. Ouch, Sued! Ouvi o cérebro de alguém empenando depois dessa. Nem martelando com Bíblia de capa dura é capaz de desempenar depois dessa.

    2. Fiquei na dúvida, mandando esse Apolônio pro pobre e indefeso planeta, você estaria tentando provar a ausência de vida inteligente nele, ou a existência ( caso o mandem de volta ) ?

  3. Sempre li que as estrelas anã vermelhas são instáveis e explosivas . Por que esta é estável e não tem aquelas explosões que dificultam a vida nestes planetas ?

    1. Ainda não se tem muita clareza nisso, sobretudo porque anãs vermelhas evoluem muuuito devagar. Supõe-se que as mais ativas possam ser assim pela presença de astros companheiros com massa significativa chacoalhando seu interior pela gravidade. Também supõe-se que estrelas anãs vermelhas vão se tornando mais quietas conforme envelhecem. Mas claramente há estrelas com idades semelhantes e níveis de atividade vastamente diferentes. Ainda não podemos determinar com precisão o que separa umas de outras.

  4. Salvador, desculpe usar este espaço para tirar uma dúvida que surgiu agora lendo seu livro “Einstein – Para entender de uma vez” – Se o modelo de Thompson era mais “sólido” e o de Rutherford tinha mais “espaço vazio” por que era esperado que as particulas beta “passassem direto” justamente no modelo sólido e ricocheteassem no modelo “espaço vazio”? O Modelo de Thompsom tambem previsa muito espaço vazio entre os átomos?

    1. O modelo de Thompson previa que os elétrons ficassem dentro do núcleo, misturados a uma massa de carga positiva. Como essa massa de carga positiva era difusa, quando partículas alfa (que têm carga positiva e hoje sabemos serem iguais ao núcleo de hélio, com dois prótons e dois nêutrons) passassem por uma massa difusa de carga positiva, a repulsão de cargas (lei de Coulomb) não seria suficiente para repeli-la, justamente porque a carga positiva no átomo é difusa, e a partícula alfa seria bem menor, e pontual. Ou seja, a presença de uma carga positiva concentrada (partícula alfa) encontrando uma região de carga positiva difusa causaria, no máximo, um leve desvio.

      Em compensação, se a carga positiva não estivesse difusa numa grande área, mas estivesse concentrada numa região bem pequena — como o núcleo do modelo de Rutherford –, aí, quando a partícula alfa se encontrasse com ela, a repulsão indicada pela lei de Coulomb seria capaz de até mesmo inverter o sentido do movimento da partícula alfa, refletindo-a de volta.

      Em essência, podemos dizer que o modelo de Thompson previa uma distribuição de carga positiva tão diluída no átomo que nenhuma região dele, por si só, teria força para repelir completamente uma partícula alfa. Já o modelo de Rutherford concentrava toda essa carga positiva no núcleo, o que tornava possível repelir uma partícula alfa e fazê-la até dar 180 graus em seu movimento.

      Não sei se me fiz entender…

      1. Perfeitamente, Salvador, Obrigado! As particulas beta atravessariam o pudim de passas justamente por não encontrar repulsão suficiente nos pontos de passagem.

        Te ocorreu incluir esta explicação no livro?

        Abraços!

        1. Não, Moacir, confesso que não me ocorreu. Na verdade, estive angustiado de incluir informação demais que voasse “paralela” ao Einstein, uma vez que o livro era sobre ele. Tentei limitar ao essencial para entender os trabalhos do Einstein em si, e talvez tenha sido meio sumário demais em algumas passagens (como nesta). Olhando em retrospecto, com base no seu comentário, vejo que teria sido melhor incluir. Mas agora é tarde, pelo menos para a primeira edição… Obrigado pelo feedback! 🙂

  5. Salva, agora ate falarmos da possibilidade da vida em venus vira tabu? faz uma materia ai sobre a nossa venerada estrela da manha, pls

      1. É no mínimo irônico que o planeta que leva o nome da Deusa do Amor tenha um passado “molhado” 😀

      2. Boa , salva, embora ela esteja um pouco defazada,
        , o que voce diz sobre a nova estrutura avistada pelas sondas japonesa, NAO ESTARIA AGUA CONGELADA , OU EM FORMA LIQUIDA , OU VENUSIANOS ,(ESPECIMES MICRO-BIOLOGICAS OU BIOLOGICAS, INTELIGENTES OU NAO )NAO TERIAM SE APROVEITADO DE ALGUM FENOMENO NATURAL E A QUIMIO-OPTICO-TERMO-MAGNETICO (D-HX)E O RECOBERTO?Qual sua opiniao o que voce acredita estar aquilo?

    1. É a mesma! Mas aquele sinal foi identificado como um potencial satélite geoestacionário. O ‘b’ é o nome do planeta (a convenção é dar a planetas o nome da estrela seguido por uma letra minúscula, começando por b, distribuindo mais letras pela ordem de descoberta).

  6. Ross 128 é de onde diziam vir o “Weird!” Depois disseram que poderia ser de satélites geoestacionários. Alguma reconsideração à vista? Tomara! rs 😉

    1. Eu acho que não, mas o pessoal do Breakthrough Listen já falou que vai ouvir com mais atenção essa estrela depois desta descoberta. 😉

  7. Boa tarde Salvador.

    Queria saber se você sabe como estão as pesquisas para novas formas de propulsão, alguma teoria que já esteja mais sólida?

  8. Salvador, seja P(C| L, T) = Probabilidade de existir civilização C com tecnologia de viagem interestelar situada em exoplaneta a L anos-luz de distância, dado que a Biosfera da Terra T não foi contaminada por essa civilização. Não te parece que P(C|L,T) << P(C|L) ? Ou seja,
    que o termo T (não fomos colonizados) , ao condicionalizar a probabilidade condicional, faz com que a probabilidade de que exoplanetas próximos de nós tenham civilizações com capacidade de viagem interestelar caia bastante (ou seja, seria um Paradoxo de Fermi proximal). Se sim, parece inútil gastar dinheiro com projetos SETI para ouvir exoplanetas próximos (pois se lá existirem civilizações, elas seriam mais velhas e poderosas que a nossa e já teriam chegando aqui). Acho que o pessoal do SETI pensa apenas em termos de P(C|L), e não em termos de P(C|L,T)…

    1. Não, não é assim que eu vejo. Primeiro porque eu não acho que a tecnologia para colonizar exoplanetas leve necessariamente à colonização. Então você teria de pegar aí a fração de civilizações com tecnologia para colonização que efetivamente procedem. Depois, você tem de ver qual é a fração de civilizações que promovem colonização e que colonizam um mundo previamente habitado — e vamos combinar que a vida parece estar aqui praticamente desde o momento em que o planeta se tornou habitável, a julgar pelo registro fóssil. Tudo isso já dá uma encolhida monstro na chance de que isso venha a acontecer e diminui o quanto podemos concluir do fato de que a Terra não foi colonizada. Por fim, temos ainda de supor que não somos de fato fruto de um tipo de colonização — panspermia dirigida.

      Resumo da ópera: o pessoal da SETI basicamente pensa que é muito difícil tirar conclusões sobre fenômenos que não conhecemos. Não sabemos o que fazem civilizações tecnologicamente mais avançadas que a nossa. Por tudo que sabemos, elas podem se fechar num casulo, numa Matrix ou algo do tipo, e nunca mais se comunicam com o exterior. Talvez elas tenham estabelecido uma rede de telecomunicação galáctica (o que tornaria SETI interessante), mas não promovem colonização. Talvez elas se comuniquem, mas com uma técnica desconhecida por nós, que não envolve rádio ou laser. Talvez elas tenham uma primeira diretriz e o Sistema Solar seja uma reserva ambiental.

      Por tudo isso, acho o SETI um tiro no escuro, com pouquíssima probabilidade de sucesso, mas essa baixa probabilidade não se confunde com a probabilidade da existência de vida inteligente lá fora. A SETI só faz um recorte da probabilidade de que a vida inteligente seja duradoura, comunicativa e tenha estacionado tecnologicamente no que conhecemos hoje em termos de meios de comunicação interestelar. É um recorte bem limitado.

      Melhor que isso é a SETI que virá no século 21, que poderá buscar sinais menos arbitrários de civilização (como luzes noturnas artificiais num exoplaneta), menos dependentes de estágio tecnológico ou vontade de se comunicar. E, claro, antes disso, já teremos uma boa noção de quanto a vida se espalhou no Universo. Se descobrirmos, como reza Apolinário, que a Terra representa mesmo um caso bem incomum, saberemos disso nas próximas décadas.

      Eu realmente não acredito que o paradoxo de Fermi seja um paradoxo. Ele tem várias armadilhas embutidas nele, a maior delas talvez a de que outras civilizações devam seguir nosso padrão civilizatório e, ainda por cima, permanecer na mesma rota por milhões de anos, sempre se expandindo, se expandindo, se expandindo, consumindo mais e mais energia… não sei quão crível é isso. Já estamos, nós mesmos, entrando numa fase em que a palavra-chave é “sustentabilidade”, é ter pegada ecológica menor, é fazer mais com menos. Talvez civilizações se tornem tão mais discretas quanto mais avançadas elas ficam. Vai saber. Clarke dizia que qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de magia. Acredito que civilizações capazes de produzir “magia” não teriam a menor dificuldade de se esconder de nós, se assim o desejassem. E isso bagunça completamente qualquer tentativa de extrapolar probabilidades. Você pressupõe que civilizações não podem se tornar invisíveis ou que se tornar invisível seja desinteressante para elas — duas coisas que podem não ser verdade.

      1. Ficar “escondidinho” a fim de não ser percebido por outras civilizações é uma atitude um tanto infantil. É difícil imaginar que uma civilização tão avançada possa ser tão xenófoba. Além disso, se é para especular, poderíamos imaginar uma civilização avançada bem extrovertida, que gosta de se comunicar com tudo e com todos. Mas, como possibilidade, acho mais provável (?) é de que tais criaturas estariam para nós assim como estamos para as bactérias e, dessa forma, eles não teriam o menor interesse em nos contactar. Seria um duro golpe na crença de que somos uma espécie singular. Mas, como já disse anteriormente, refuto essa idéia…

        1. É difícil se considerar avançado quando, não importa quão antiga você seja, uma potencial competidora pode ter tido milhões ou bilhões de anos a mais para se desenvolver.

      2. Concordo com o Salvador sobre o paradoxo de Fermi.
        Estamos atravessando um período muito delicado para nossa existência. Civilizações que evoluem apenas tecnologicamente , sem um componente moral, são passíveis de se auto-destruirem. Há cerca de 70 anos as grandes potências conseguiram fabricar armas termonucleares. Hoje a Coreia do Norte está em fase de conseguir. Nesse ritmo de evolução tecnológica, em mais algumas décadas qualquer país ou até mesmo organizações poderão ter acesso a estas tecnologias.
        E quem vai impedir o uso destas armas?
        Ou evoluímos moralmente em paralelo para uma civilização pacífica ou inevitavelmente, mais cedo ou tarde, nos auto-destruiremos.

        1. E civilizações pacíficas tendem a ser mais respeitosas . Talvez já fomos detectados e por enquanto evitam o contato, até que nós tornemos mais evoluídos moral e tecnologicamente falando.

      3. Salvador, todas essas considerações não respondem ao Paradoxo de Fermi (sim, eu li as 75 soluções do livro do Webb, inclusive ele cita um paper meu como uma da soluções – a solução 13 de percolação) . Não precisamos ficar fazendo suposições sociológicas sobre civilizações desconhecidas. Não precisamos supor que as civilizações necessariamente sejam expansivas ou colonizadoras. O paradoxo surge quando supomos que PELO MENOS UMA, entre N civilizações, seja expansiva, que PELO MENOS UMA se suas C colônias continue o processo etc. Isso é suficiente para colonizar a galáxia. Uma solução é a Terra Rara, outra é que estamos dentro de uma enorme bolha vazia de um cluster de colonização fractal (a solução de Percolacao de Landis/Kinouchi).

        1. O paradoxo de Fermi parte de uma premissa tão pouco segura quanto a denotada pela equação de Drake. Enquanto o fator preponderante na equação de Drake parece ser o tempo médio de vida de uma civilização, no caso do paradoxo de Fermi, o fator preponderante é a taxa de expansão de uma civilização. Fermi sugere limites aparentemente relaxados para esse parâmetro para mostrar que, mesmo a um ritmo modorrento, a galáxia inteira poderia ser colonizada por uma civilização num tempo entre 5 milhões e 50 milhões de anos. Num Universo de 13,8 bilhões de anos, a impressão que temos é de que alguém já teria feito isso, se houvesse mais alguém.

          Mas essa estimativa de umas poucas dezenas de milhões de anos é mais capciosa do que aparenta. O número de 50 milhões de anos presume que uma civilização salta a cada mil anos para colonizar um novo planeta, em média, e que cada nova colônia teria uma chance de um em quatro de saltar para criar uma nova colônia em mais mil anos. Nesse ritmo, depois de 50 milhões de anos, uma civilização poderia ter se espalhado por toda a galáxia, deixando pequenos bolsões não ocupados que seriam menos em raio que 30 anos-luz em 250 milhões de anos. (https://pdfs.semanticscholar.org/54b2/ba27cba67524620f29567f36a489b3547350.pdf)

          Mas o que parece conservador na verdade é meio insano. O principal motivador de um empreendimento de colonização é a busca de novos recursos, uma vez que os locais estão esgotados. E essa tem de ser uma decisão bem pensada, porque o consumo energético de mover pelo menos 30 mil indivíduos para outro sistema planetário, a fim de ter um pool genético suficiente para colonização bem-sucedida, não é batatinha.

          Uma civilização que colonizou um planeta há mil anos está longe de ter esgotado seus recursos locais — ainda mais considerando que qualquer civilização capaz de voo interestelar em larga escala já aprendeu coisas mais triviais, que estamos aprendendo agora, como controle populacional e desenvolvimento sustentável. (As ideias malucas de bomba populacional e civilizações ultravorazes em energia, tão em voga na época de Fermi, estão caindo em desuso, e cairiam em desuso em qualquer planeta tecnologicamente sensato, como devem ser todos os capazes de voo interestelar.) É altamente questionável que esse valor de mil anos seja um chute bem calibrado. O número poderia ser a cada 10 mil anos, 100 mil anos, 1 milhão de anos… e, claro, as taxas de expansão precisam ser ajustadas de acordo. Uma multiplicação que era 250 milhões anos para bolsões de 30 anos-luz logo vira 25 bilhões de anos, supondo que um salto colonizatório leva 100 mil anos, em vez de mil. E 100 mil parece mais correto para mim do que mil. Ao mesmo tempo, e para complicar as coisas, se esse salto começa a demorar tempo demais, caímos na outra interrogação-mor, a da equação de Drake: tempo de vida médio de uma civilização.

          E se o tempo médio de vida de uma civilização é maior que o salto médio de uma civilização? Isso tornaria a colonização galáctica um empreendimento, além de bem lento, francamente improvável nos parcos 13,8 bilhões de anos que o Universo tem hoje.

          O paradoxo de Fermi só é paradoxal se Fermi estiver fazendo pressuposições de ordem de grandeza razoáveis para estimar o tempo de colonização galáctica. E, francamente, o único modo que consigo imaginar para que isso seja verdade é se descobrirmos um meio energeticamente barato — e de preferência superluminal — para fazer voo interestelar. Sem isso (e acho bem provável que voo interestelar seja inerentemente caro do ponto de vista energético e esteja restrito a viagens subluz), colonização de um sistema planetário para outro seria algo que uma civilização faria somente em último recurso, e não uma vez a cada mil anos, só pela diversão, com os cálculos que querem insistir em ditar um paradoxo sugerem.

          Imagine que a humanidade deseje sobreviver para sempre. O Sol, claro, não permitirá isso. Mas precisaremos nos mudar da Terra em 1 bilhão de anos, e do Sistema Solar, provavelmente em 5 bilhões de anos, e aí poderíamos nos instalar numa estrela cujo tempo de vida seja medido em trilhões de anos, efetivamente encerrando nossa gana de colonização em um único salto. Do ponto de vista energético, esse seria o mais razoável.

          Não custa repetir: você precisa levar pelo menos 30 mil indivíduos geneticamente diversos de um sistema para outro para ter uma população viável. Não é uma brincadeirinha. Não é algo que mesmo a Enterprise pudesse implementar, deixando duas dúzias de colonos num planeta qualquer. Colonização interestelar é difícil por tantas razões que supor que ela seria rápida pela galáxia é de um otimismo meio louco, e baseado em falsas premissas de bomba populacional e esgotamento rápido de recursos naturais.

          Então veja: se supusermos que a colonização interestelar é tão custosa energeticamente que nenhuma civilização que saiba matemática básica vai empreendê-la a não ser que seja absolutamente essencial à sobrevivência, desfazemos o paradoxo de Fermi sem Terra rara e sem a sua hipótese da bolha vazia. Simples assim.

          Podemos ainda ser mais tolerantes e dizer que pelo menos uma civilização terá a gana de promover colonização tão agressiva quanto possível, mas ainda assim ela levaria uma ou duas ordens de grandeza mais tempo por salto do que os modestos mil — o que faz todo sentido, pois cada novo sistema oferece diversas possibilidades de colonização para uma civilização avançada, que pode perfeitamente habitar asteroides, luas e planetas mais ou menos hostis –, e, de novo, poderíamos ter uma situação em que, mesmo que uma civilização tenha começado a colonizar a galáxia quando a Terra se formou, ainda assim estaríamos longe de estar numa bolha vazia de comprimento arbitrariamente pequeno.

          E veja, estou só usando argumentos matemáticos simples, como os de Fermi, só brincando com ordens de grandeza. Estou certo de que várias soluções do paradoxo podem lidar com ele, mesmo assumindo os termos de Fermi (ou de outros similares, como o paper que referencio). Pode-se, por exemplo, evocar que mesmo uma civilização ultra-avançada não se expandiria além de uma região do espaço que permitisse contato a um tempo razoável entre todos os pontos de seu território. Se eu for o presidente da Federação Unida de Planetas, faz todo sentido que essa federação não seja maior a ponto de inviabilizar que eu saiba o que está acontecendo na sua periferia.

          Repito: não vejo nada de particularmente paradoxal com o paradoxo de Fermi. É só falta de imaginação mesmo. Há n soluções possíveis. O seu bolso vazio de colonização é uma; a Terra rara é outra; colonização interestelar ser impossível é outra; colonização interestelar ser possível, mas impraticável, é outra; todas as civilizações morrerem antes de empreender colonização interestelar é outra; e há incontáveis outras.

  9. Só especulando… desde a sua formação há mais ou menos cinco bilhões de anos atrás, em sua viagem entorno do núcleo galático, é possível supor que o Sol deve ter se aproximado de muitas estrelas. Deve ter havido um tempo em que o Sol chegou bem perto de outra estrela, distâncias até menores do que o raio de um ano luz.

    Se os humanos já tivessem florescido como civilização numa daquelas épocas preciosas em que Sol quase “esbarrou” em outro sistema estrelar, com a tecnologia que temos hoje, teríamos uma janela de oportunidade incrível e única para, talvez, cogitarmos uma viagem interplanetária tripulada dentro de tempo de vida razoável. Talvez, um gigantesco veleiro solar pudesse dar conta do recado, não apenas sondas.

    Nesse contexto, é possível imaginar que numa dessas raras aproximações estrelares, a Terra também possa ter sido visitada. Mas, com que frequência o Sol se aproxima de outras estrelas? Creio é possível rastrear alguma dessas aproximações, embora seja um trabalho difícil.

    Nossa, pensando bem, isso daria um belo argumento para um filme ou livro ficção. hehe

    Dito isso, tenho esperança que a humanidade possa um dia deixar o sistema solar para explorar e colonizar novos sistemas, só não sei como faremos isso.

    1. Então, claro que o Sol já esteve mais próximo de outras estrelas. Provavelmente, quando nasceu, estava cercado delas. Mas eu não veria com muito bons olhos uma aproximação tão grande. A menos de um ano-luz, a estrela vizinha perturbaria a nossa nuvem de Oort, atirando um monte de pedregulhos para dentro do nosso Sistema Solar. Eu diria que seria uma ótima janela de oportunidade para extinções em massa. Hehehe

      (E mesmo um ano-luz é uma viagem loooonga pra caramba com nossas tecnologias. Se viaja um ano-luz viaja quatro, e aí sem risco de chuva da nuvem de Oort. rs)

      1. Uai, então parece que a humanidade ganhou na loteria da não escrivão mais uma vez, pois há 70 mil anos atrás, uma estrela passou de raspão por nós, chegou a “tirar tinta” da nuvem de Orth. Acabei de achar uma pesquisa nesse sentido.

        Há setenta mil anos atrás estávamos ficando craques em fazer lanças e já dominávamos a arte da pintura rupestre!

        Aquela estrela invasora deve ter brilhado forte em nossos céus pré-históricos.

        Vou ver se existe alguma grande cratera de impacto que data desse período.

        A aquela Canção da Cássia Eller, Segundo Sol, já tá datada uns 70 mil anos.

        Veja:

        http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/02/150219_estrela_invasora_sol_fn

        1. Cratera de Barringer – Estados Unidos

          Formada há 50 mil anos, essa cratera foi descoberta no estado do Arizona, em 1903, pelo geólogo Daniel Barringer.

          Se há 70 mil anos algum asteróide de grande porte foi arremessado para dentro do sistema solar por influência gravitacional daquela estrela, tenho para mim que 20 mil anos é um bom tempo para um pedregulho ficar vagando por aí em até cair na Terra.
          Claro que só chutando tudo isso!

        2. Sim, sim. Acabei de falar dela em outro comentário. Mas note que a distância pode ter sido tão pequena quanto 0,59 ano-luz e tão grande quanto 1,17 ano-luz, e não estou certo de que, com apenas 70 mil anos, já teríamos sentido os efeitos de aumento de incidência de cometas vindos de lá. É uma looonga distância para eles percorrerem. Além disso, também não estamos monitorando cometas há muito tempo, para sabermos se têm mais caindo atualmente do que há 100 mil anos. Talvez estejamos experimentando os efeitos da passagem dessa estrela e não saibamos porque isso parece ser o “normal de sempre” para nós. Talvez estejamos passando por uma época de chance mais aguda de impacto perigoso sem sabermos disso, porque nunca monitoramos a incidência de stargrazing comets em outras épocas históricas…

          De toda forma, eventos de extinção em massa, mesmo nas piores condições, são de baixa probabilidade.

          Agora leia o outro comentário, que fala de uma estrela que pode passar a só 1 décimo de ano-luz do Sol em 1,3 milhão de anos. 🙂

      2. Salvador, lembro de, a algum tempo, um post seu dizer de um sistema solar ter passado nas proximidades do nosso. Se me lembro bem, isto teria acontecido há 70.000 anos. Pensei neste post quando li o comentário do Victor. Uma pergunta sobre aquele caso: Qual a distância que ele passou do sol? Metade da distância de Próxima b?

        1. Fui checar a lista (está na Wikipedia: https://en.wikipedia.org/wiki/List_of_nearest_stars_and_brown_dwarfs) e deve se referir à Estrela de Scholz, que há 70 mil anos passou tão perto quanto 0,59 ano-luz, pela estimativa (o número é incerto entre 0,59 e 1,17). Essa lista tem alguns eventos arrepiantes. Em mais 1,3 milhão de anos, a estrela Gliese 710 pode passar a mero 0,14-0,27 ano-luz do Sistema Solar. Seria ótimo para viagens interestelares, mas péssimo para quem gosta de manter seu Sistema Solar sem nibirutices… rs

          1. Que futuro terrível, não me refiro a um possível evento de extinção em massa, mas se existirmos até lá, teremos que escutar os nibirutas se gabando de que, provavelmente, estavam certos!

  10. Salvador,
    considerando estas descobertas de planetas habitáveis tão próximos da Terra, não seria o caso de construir um telescópio espacial que ficasse definitivamente apontado para um destes planetas especificamente? Digo isso porque supostamente não serão encontrados planetas mais próximos que o de Proxima Centauri, certo? Sendo assim, não deveríamos manter observações ininterruptas?

    1. A questão é: o que aprenderíamos olhando o tempo todo para o mesmo planeta com o mesmo equipamento, indefinidamente?
      E outra: Proxima b é o mais próximo, mas é o mais interessante?
      Embora exista algum movimento para satélites e telescópios “exclusivos” (por exemplo, há no momento um crowdfunding para um pequeno telescópio espacial dedicado que vai buscar planetas em Alfa Centauri e só), faz mais sentido ter equipamentos que possam estudar mais astros, pelo simples fato de que aumentam as chances de encontrar algo interessante a ponto de justificar o investimento.
      Acho que o caminho está sendo bem traçado para descobrirmos e então investigarmos os planetas mais próximos, por todos os ângulos de interesse (e não só pela questão mais intrigante, que é a busca de vida).

  11. Caso seja constatado, em alguma dessas exo-Terras, que há água em estado líquido, demais condições semelhantes às daqui, etc.
    Haveria algum método a distância para ver se há (ou houve) vida naquele planeta, ou apenas mandando uma nave até lá para coletar amostras? No caso desses mencionados, é inviável (ao menos com a nossa tecnologia de hoje).
    Ou daria para testar por exemplo se tem determinado gás na atmosfera que só seria produzido organicamente?

    1. Sim! Poderíamos detectar assinaturas indicativas de vida na atmosfera! A Terra tem uma atmosfera que é 20% O2, e isso só porque existe fotossíntese! Se um ET a 20 anos-luz de distância analisasse nossa atmosfera, teria de concluir que há vida na Terra! 🙂

      1. É o que eu ia perguntar. Se existir uma civilização com a mesma tecnologia que nós temos em Proxima b ou Ross 128 b, eles têm tecnologia para detectar que tem vida aqui? E poderiam detectar um ao outro também? Fundando outra federação galáctica em 3…2…1….

    1. Alfa Centauri é um sistema triplo, composto por um par de estrelas similares ao Sol, Alfa Centauri A e B, e uma pequenininha, anã vermelha, chamada Alfa Centauri C, ou Proxima Centauri. É chamada de Proxima justamente porque está um cadinho mais perto do Sistema Solar que as outras duas. (A estrela que vemos no céu do hemisfério Sul, chamada Alfa Centauri, é o brilho combinado de A e B; Proxima Centauri tem brilho tão pequeno que é difícil de ver mesmo ao telescópio e está bem deslocada para a direita com relação ao par A e B.)

  12. Bom dia, Salvador.
    Eu acredito piamente que, com esta vastidão do universo, deve haver sim outras formas de vida… muitas, por sinal… e quem sabe outras inteligentes como a humanidade, ou até mais. Porém sabemos (ou imaginamos) a distância que separa os planetas, as estrelas, as galaxias… e tb a limitação da nossa tecnologia.
    Você, como estudioso da área e um jornalista bem crítico (além de otimista), me dê a sua opinião com base no seu grande conhecimento: acredita que estamos perto de descobrir alguma forma de vida alienígena, molecular que seja, microbiótica, qq coisa…? Vc imagina alguma época em que poderemos dizer que, enfim, “fizemos contato”? Qdo será???? Hehehehe…. e parabéns pelas informações!

    1. Eduardo, acho sim que estamos perto. Depois de passarem umas boas décadas focando em água, as novas sondas marcianas (ExoMars, Trace Gas Orbiter, Mars 2020) devem focar pra valer na busca por sinais de vida passada ou presente no planeta vermelho, temos excelentes perspectivas de ambientes habitáveis em Europa (que também terá missões orbitais e de pouso focadas em habitabilidade e vida na próxima década) e em Encélado.

      Fora isso, as chances se multiplicam com a observação de planetas fora do Sistema Solar. É improvável que todos os mundos rochosos na zona habitável de suas estrelas tenham condições adequadas à vida. Mas é tão mais improvável que nenhum deles tenha. Estamos neste momento na fase de identificar os alvos, e a partir do fim desta década, vamos começar a sonda a atmosfera desses mundos. Se algum deles tiver vida, é bem possível que sua presença tenha gerado uma modificação radical em sua atmosfera, do mesmo modo que a vida fez com a atmosfera terrestre.

      Então, se houver vida lá fora, nós temos uma boa chance de achar indícios dela nas próximas duas décadas.

      1. Na verdade, o que teremos (e em menos de duas décadas) é a constatação de que a Terra é o único planeta no Universo contemplado com uma variedade imensa de seres vivos complexos. Isso apavora os doidivanas, aqueles que cresceram com as imagens de ETs estranhos viajando em suas naves interestelares. Será um choque para eles, mas eles vão sobreviver… 😛

        1. Nossa, em menos de duas décadas teremos observado de perto TODOS os planetas do Universo para descartar que algum tenha vida tão exuberante quanto a terrestre?
          Você realmente é um cara de fé, Mr. Gong. 😛

          1. Meu caro, não é preciso tomar o prato de sopa inteiro para saber que gosto tem. Basta uma boa colherada… 😛

          2. Não, peraí. O que você está dizendo, na verdade, é que a colherada do prato de sopa que já tomamos (o Sistema Solar e a Terra em particular) é INTEIRAMENTE DIFERENTE DE TODO O RESTO DA SOPA (o resto do Universo, que aparentemente está cheio de estrelas como o Sol e sistemas como o Solar).

            Isso mostra o tamanho do absurdo que você defende. E defende que podemos provar que TODO O RESTO DA SOPA É DIFERENTE com apenas mais uma boa colherada… 😛

          3. Isso não muda rigorosamente nada no argumento. Você continua tendo só uma colherada e quer me convencer que todas as outras, ainda não sorvidas, apesar de parecerem iguais em todos os aspectos que podemos observar até o momento, e serem feitas das mesmas coisas, são INTEIRAMENTE DIFERENTES. Continua sendo um absurdo completo a sua hipótese. Não por acaso, você a adota para evocar um milagre — que, por definição, é algo em tese impossível. 😉

          4. A vida já é um milagre! Ninguém pode contestar esse fato! Se a vida fosse tão comum no Universo, estaríamos cercados de vizinhos barulhentos por todos os lados. Mas, pelo contrário, o que se observa é o vazio e a constatação de que os elementos que produziram a vida em nosso planeta dificilmente serão replicados em outros lugares. Aceitem isso e vivam em paz…. 😛

          5. Eu contesto esse fato. Eu diria que todas as evidências apontam para o fato de a vida NÃO SER um milagre, mas ser uma propriedade comum do Universo. Baseado em quê? No fato de que a vida está escorada nos elementos mais comuns do Universo e envolve reações químicas em condições que não são nada especiais.

            Você diz que deveríamos estar cercados de vizinhos barulhentos se a vida fosse comum. Mas quantos vizinhos ouvem o nosso barulho? Não são tantos assim, e nosso barulho é tão baixo, que nós mesmos provavelmente não o ouviríamos se estivéssemos na vizinhança. E outra: sua hipótese só sustenta a hipótese de que vida inteligente e tecnológica é incomum — uma hipótese que é razoável. Não faz dela um milagre, mas faz dela rara. OK, acho que vida inteligente é relativamente rara mesmo.

            Mas vida, só vida? Não, acho que deve ser bem comum. Mas eu não digo que sei. Digo que acho. É uma hipótese. Estamos agora prestes a colocá-la à prova. Por que tamanho desprezo pelo teste da hipótese? Se você estiver certo, serão essas as pesquisas que permitirão confirmar a sua hipótese. Você deveria estar jubilante com a possibilidade de evidências em seu favor! Mas não, em vez de defender entusiasticamente isso, você pede que “aceitemos” e “vivamos em paz”, com a dúvida preservada e não respondia. Por que será, hein? 😛

          6. Com eu já afirmei, várias vezes, sou um entusiasta da Ciência e da exploração espacial. Além disso, se tem uma coisa que não me preocupa são essas pesquisas que procuram sinais de vida pelo Universo afora. Todas elas estão fadadas ao fracasso, ou melhor, estão fadadas a confirmar que realmente somos únicos no Universo. E isso não deve perturbar ninguém, pois nosso destino é mesmo o de colonizar e ocupar outros mundos. Como está escrito – magistralmente – em um certo Livro…

          7. Sua matemática não é soberba, popô… sua soberba é que é matematicamente ridícula.

            Que raciocínio tosco.

          8. Até quando vai esse ciclo?

            1- Apolinário se sente ameaçado pelas possibilidades ainda não observadas exaustivamente, tanto que a simples menção da palavrinha mágica “potencialmente” sempre lhe aflora os ânimos, que pelo visto só são acalmados depois de uma boa dose de pregação de suas verdades pessoais…
            2- Daí vem o Salvador, com aquela paciência colossal, explicar sempre o óbvio ululante…

            😛

  13. Salvador,
    Estive pensando aqui: se houver um milhão de civilizações na nossa via láctea é possível que, dependendo das localizações, jamais alguma delas entrará em contato com outra. E que, mesmo tendo um milhão de civilizações apenas na nossa galáxia poderíamos dizer que a vida é rara no universo, considerando a imensa quantidade de estrelas e planetas. Confere?

    1. Acho que, se há 1 milhão de civilizações na Via Láctea, você deve concluir que a vida é extremamente comum. Tudo bem que 1 milhão em 100 bilhões de estrelas não é muito — uma a cada 100 mil estrelas apenas. Contudo, como não sabemos o tempo de vida médio de uma civilização (e pode não ser lá muito grande), o fato de ter 1 milhão de civilizações simultâneas na Via Láctea indicaria que muitos milhões mais se formaram na história de 13 bilhões de anos da galáxia, presumivelmente em outros planetas que não os do 1 milhão. Além disso, temos de levar em conta todos os planetas que desenvolvem vida, mas não desenvolvem civilizações — uma situação que não parece improvável, dado que quase aconteceu por aqui (chegamos apenas aos 45 do segundo tempo, e alguns cientistas estimam que vida complexa já terá dificuldades por aqui em mais 500 milhões de anos, por conta do gradual aumento de brilho do Sol).

      Então, com 1 milhão de civilizações, podemos concluir que a vida na Via Láctea dá mais que chuchu na serra. 😛

      Curioso colocar esse número em perspectiva com as pesquisas SETI realizadas até agora. O maior projeto dedicado a ouvir estrelas individuais, o Phoenix, escutou apenas 800 estrelas nas nossas redondezas. Se há 1 milhão de civilizações (uma taxa de 1 a cada 100 mil estrelas), ouvindo apenas 800, teríamos menos de 1% de chance de encontrar uma — e isso sem levar em conta que essa uma precisaria estar transmitindo sinais na direção da Terra que chegassem aqui no momento em que ouvíssemos.

      O projeto Breakthrough Listen quer mudar essa estatística e ao longo da próxima década espera ouvir 1 milhão de estrelas individuais. É o primeiro projeto SETI para valer, vamos combinar.

        1. Quem vive de ilusões, cara-pálida?
          Eu vivo de dúvidas, que são a base da ciência.
          Ilusão, por sinal, seria exatamente o contrário do que professo; seria dizer que tenho todas as respostas.
          Quem é que costuma fazer isso aqui mesmo? Ring a bell?

      1. Hmmm, não tinha pensado nessa importante questão de que os tempos de vida das civilizações podem ser consideravelmente diferentes dentro de um Universo que tem quase quatorze bilhões de anos. Muito obrigado por me ajudar a expandir meu conhecimento.

        1. Estamos expandindo nossos conhecimentos juntos. Quanto mais gente pensando junta, mais interessante fica a conversa! 🙂

    1. É bem interessante, de fato. Mas continua especulativo. Acho que buracos de minhoca atravessáveis causam mais problemas ao espaço-tempo do que resolvem, mas, se eles mostrarem que isso resolve o paradoxo da informação sem destruir a causalidade e as leis de conservação, aí posso começar a apostar que é uma boa ideia! 🙂

    1. Vários bilhões de anos. Anãs vermelhas escondem a idade muito bem. Sabemos que ela não é jovem e que ela tem menos que a idade do Universo (13,8 bilhões de anos). Fora isso, qualquer palpite está valendo… No paper, os pesquisadores dizem “mais de 5 bilhões de anos”, com base num outro artigo de 2016, que derivou a idade a partir da rotação da estrela (cerca de 100 dias).

  14. Salvador, fiquei com a impressão que este Ross 128 tem mais potencial para a vida do que as exo-terra dos seus artigos anteriores (só uma sensação mesmo pelo que entendi deste artigo e dos outros). Em termos de zona habitável este carinha estaria aonde hein? Os outros estavam bem nos limites, confere?

    1. Zona habitável é o tal negócio — depende de quem calcula e por qual método. Na verdade, juntando todas essas observações, vamos aprender na prática sobre zona habitável. Esse planeta especificamente, por algumas definições da zona habitável cai dentro dela, por outras cai fora, mais para a parte de dentro do sistema.

      Eu não diria que ele tem mais potencial para a vida que as exo-Terras anteriores. Algumas das exo-Terras que o Kepler descobriu, em torno de estrelas maiores, com órbitas mais convencionais, tendem a ser melhores para a vida, pois são mais parecidos com a Terra. Só que esses estão longe demais para caracterizarmos com o a próxima geração de telescópios. Dos mais próximos, eu apostaria ainda mais no sistema Trappist-1 do que neste, pelo simples fato de que são muitos planetas, de modo que, não importando qual seu cálculo de zona habitável, pelo menos um deles, e possivelmente mais de um, cai dentro dela. 🙂

  15. Os comentários são ÀS VEZES mais interessantes do quê a matéria em si.
    Veja bem, eu nem sabia que o tempo era contado através dos anéis das árvores.

    1. Então, usa-se os anéis de árvores para contar anos, mas claro que esse não é um relógio prático, só ajuda a estimar a idade de uma árvore. Os ciclos celestes eram bem mais garantidos para a contagem do tempo, desde sempre. 😉

  16. Povo estressado , não?
    Vamos ficar por aqui mesmo por uns bons anos. Para os mais velhos fazer aniversário com mais frequência não rola. O que ajuda é uma gravidade menor. Já pensou, pesar uns 20 quilos a menos sem fazer regime? Bom mesmo é aguardar um teletransporte supimpa para a gente não perder tempo no trajeto.

    1. Eu não tenho essa obsessão de visitar planetas fora do Sistema Solar. Conhecê-los e mapeá-los me basta para uma vida. 🙂

      1. Eu queria dar um pulo.
        Tô apostando na criogenia.
        Creio que essa será a primeira tecnologia que possibilitará viagens interestelares.

        1. Acho que primeira tecnologia que temos que criar para as viagens interestelares é conseguir simular a gravidade do planeta ou algo próximo disso nas espaçonaves. Por falar nisso Salva existe algo neste sentido sendo desenvolvido?
          Ótima matéria.
          Um abraço a todos.

          1. Eduardo, dá para fazer isso com força centrífuga, mas você precisa de naves realmente grandes, difíceis de construir. A maioria das agências espaciais está focada em diminuir tempo de viagem e mitigar efeitos da microgravidade, em vez de gerar gravidade interna. Mas isso porque estamos focando em Marte, no limite. Para ir mais longe, mesmo no Sistema Solar, talvez precisemos de gravidade a bordo. O jeito mais simples é usar a aceleração da nave para isso. Mas haja combustível. Se o EM drive, que funciona sem combustível, for mesmo real, talvez seja a saída para gerar pelo menos um módico impulso (e gravidade) durante as viagens. A questão é que nem sabemos quanta gravidade é necessária para manter humanos saudáveis. 0,4 G, como Marte, bastam? 0,2 G, como a Lua, serve?

  17. Apesar destes cálculos serem preliminares; de cara vejo erros primários, como por exemplo, não calcularam o movimento de precessão dos equinócios que é o movimento do planeta em volta do eixo de sua órbita devido à inclinação de seu eixo. Fora isso, ninguém calculou o movimento de nutação que acontece por causa de uma espécie de vibração do eixo polar , a não ser que o planeta não tenha polos. Outra irregularidade na oscilação do eixo do planeta é a oscilação de Chandler que foi descoberta em 1891 pelo astrônomo americano Seth Chandler e ninguém fez as contas. Assim o artigo original anunciando a descoberta perde seu brilho ainda mais ofuscado pelo fato da luz da anã vermelha ser bem mais pobre que a da anã azul. Com certeza foi postado por astrônomos semiamadores é nós que somos excelentes astrônomos profissionais ficamos só olhando. Só lemos pela nossa admiração e respeito ao brilhante Salvador e sua festejada coluna.

    1. Alguém andou lendo uma outra matéria na home do UOL e está desfilando um monte de coisas que não têm nada a ver com o assunto tratado aqui. 😛

      1. heheh… também li ontem o artigo do UOL, muito bom por sinal!

        E falando em oscilação de Chandler (até ontem eu nunca tinha ouvido falar nisso), uma mudança de 9 metros (!) no eixo da Terra… imagina detectar isso num planeta a 11 anos-luz de distância!

        Enfim, ele esta zoando e brincando 😉

        1. Os f.r.i.e.n.d.s estão se fazendo muito presentes na ciência atual, oscilação Chandler, planeta Ross… kkkkk 😛

    2. e como é que vamos medir a precessão de um planeta se, a esta distância, mal somos capazes de detectar simplesmente que ele existe? Você tem algum equipamento ou técnicas astronômicas absurdamente inovadoras que te permite medir este tipo de coisa nos exo-planetas?

  18. “…também tem um planeta de porte terrestre potencialmente habitável, ou seja, com chance de abrigar água líquida em sua superfície — e, portanto, vida.”

    Não há dúvida de que, este blog, criou uma expectativa e portanto um alarme (falso, como veremos…)

    😛

    1. Acho que você tem dificuldade de entender o significado de palavras como “potencialmente” e “com chance”. Note que essas palavras condicionam claramente o que se pode afirmar a respeito desse planeta.

      Mas, sendo franco com você, considerando a quantidade absurda de planetas rochosos e de água no Universo, é absolutamente estúpido achar que o nosso planeta é o único no Universo inteiro a ter um ciclo hidrológico. Já podemos até considerar isso falso mesmo, uma vez que Marte já teve também um ciclo hidrológico e já foi habitável, demonstrando que a Terra não é um lugar especial nesse sentido.

    2. Nossa, de novo apô. Que temor, medo de não sermos únicos e escolhidos pela imagem e semelhança…!!.
      Seremos sempre únicos e especiais, mesmo que existam milhares de outros mundos e vida.
      Só a crendice fanática que mudará. Haverá a crença de uma maneira diferente, simples assim!

      1. Teu discurso é muito velho, ultrapassado e enroscado como disco riscado, repetindo sempre a mesma coisa.

  19. Só para ilustrar como o conceito de ‘tempo’ é relativo, um ano desse planeta corresponderá a 365/9,9=37 anos terrestres, aproximadamente. Ou seja, ‘4,5 bilhões de anos’ para ele, serão na realidade apenas 121 milhões de nossos anos, ou nossos 4,5 bilhões serão 167 bilhões para ele (cerca de dez vezes a idade do universo estimada pelo nosso ‘tempo’)

    1. Não, certamente isso não tem nada a ver com o tempo ser relativo. O tempo é relativo porque passa em ritmos diferentes dependendo do seu estado de movimento ou o campo gravitacional a que está submetido. Mas não, o tempo não passa muito mais rápido nesse planeta do que na Terra. Passa aproximadamente no mesmo ritmo, sob campos gravitacionais similarmente débeis e em estados de movimento ainda bastante distantes de frações significativas da velocidade da luz. A única diferença é que lá você comemoraria mais aniversários. Em compensação, o dia lá provavelmente também tem 9,9 dias terrestres, de forma que você pode dizer que 1 dia lá leva 1 ano para acabar, usando as medidas locais.

      O que você está mostrando é que os calendários são relativos, não que o tempo é relativo. Mas isso nós já sabemos sem olhar para fora da Terra, tendo de saltar do calendário juliano para o gregoriano, e sabendo que diversas culturas já adotaram calendários alternativos ao longo da história. 😛

      1. É relativo sim, pois se imaginarmos como você e muitos dizem que o surgimento da vida depende do ‘tempo’, supondo que esse planeta seja uma ‘Terra 2″, os ecossistemas dali dependerão basicamente do seu número de translações ou de rotações, formando as estações do ano e a sequência de dias e noites (lembrar, por exemplo, que antes do C14, o tempo era medido pelo número de anéis nos troncos das árvores, o que por sua vez, depende das translações terrestres, e não do tempo absoluto). Desta forma, supondo que o surgimento da vida dependa disso, é evidente que ela seria muito mais rápida nesse planeta.

        1. Não, você está redondamente enganado. É verdade que usávamos métodos como anéis em troncos de árvores para medir tempo, mas sabemos que são métodos imprecisos de passagem do tempo, que variam com as condições ambientais, sem significar que o tempo realmente tenha fluído em ritmo diverso. Então, você está confundindo a nossa dificuldade instrumental de medir o tempo com a passagem do tempo em si.

          Sobre ciclos biológicos em planetas cujos períodos de translação e rotação são diferentes do nosso, podemos esperar que seja diferentes. Mas isso, de novo, não quer dizer que o tempo seja relativo, apenas quer dizer que nossos ciclos biológicos muitas vezes estão atrelados a fenômenos cíclicos definidos, e não à passagem do tempo per se. (Exemplo: humanos em órbita vêem o Sol nascer a cada 90 minutos, o que confunde seu ciclo de sono e vigília, mas não quer dizer que o tempo passe 16 vezes mais depressa lá em cima que aqui embaixo.)

        2. Ei mensageiro cético. Você esqueceu do decaimento atômico e a meia vida do a
          átomo que é uma constante universal e é por aí que se mede as coisas.

        3. putz, nunca vi alguém mais confuso e com conceitos tão deturpados sobre o significado da passagem do tempo. tenho até medo de comentar, para não piorar o problema dele…

          1. A confusão acho até comum — as pessoas ficam confusas quando você fala que o ano em tal planeta dura 10 dias terrestres. O que acho incomum (e lamentável) é a arrogância.

        4. Kkkkk… vc esta parecendo uma senhora que conheci uma vez. Estávamos conversando sobre como o Universo é bonito, ela me disse que tinha paixão pelo céu estrelado. Num dado momento da conversa ela disse algo com toda sabedoria: “Einstein estava certo, o tempo é relativo. Quando estamos com pressa o tempo passa correndo, mas quando não temos nada para fazer o tempo passa bem devagar. Esta vendo, o tempo é relativo.”

          Olhei para ela meio espantado e concordei. Achei até legal, ela pelo menos sabia que Einstein existiu e fez algo importante sobre a relatividade do tempo.
          Naquela época eu já conhecia um pouco sobre a Relatividade, mas senti que naquele momento era melhor concordar e deixar detalhes da fisica para outra hora.
          Pois bem, continuamos a boa conversa dando risadas e falando sobre os mistérios e beleza do universo.

          Mas Mensageiro Cético, uma coisa é uma senhora que nunca leu um livro de física e nem acesso a internet tinha. Mas vc, é inteligente, pode estudar e tem acesso a muita informação. O que vc falou soa pior do que a senhora disse.

          Quer uma dica? Comece lendo o novo livro do Salvador “Einstein para entender de uma vez”, tem um capítulo inteiro sobre esse assunto, ou melhor, esse conceito permeia varios capítulos. A explicação é bem direta e facil de entender. Vc vai gostar 🙂

          1. E de fato você fez bem em não contrariar. Porque, embora não esteja tecnicamente correto, Einstein pode ter feito uma piada semelhante. Deu no New York Times em 1929:

            Numerous anecdotes are being circulated concerning Einstein. He once told a girl secretary when she was bothered by inquisitive interviewers, who wanted to know what relativity really meant, to answer:

            “When you sit with a nice girl for two hours you think it’s only a minute, but when you sit on a hot stove for a minute you think it’s two hours. That’s relativity.”

    1. Vá com calma. Após a descoberta de que se trata de mais um alarme falso, o jeito vai ser afogar as mágoas encarando uma cachaça vulgar mesmo… 😛

      1. Eu não sei o que você chama de “alarme falso”. O planeta é real. Está lá. É um “alarme verdadeiro”. Se pode ou não abrigar vida, ninguém falou nada conclusivamente, de modo que não se trata de alarme de qualquer tipo, neste caso. E se, em sendo habitável, é habitado, falou-se menos ainda, por absoluta cautela e falta de dados.

        O que sabemos objetivamente é que o Universo claramente não tem preconceito com planetas do tamanho da Terra que recebem níveis de radiação similares aos da Terra. O que isso significa em termos de sua real similaridade com a Terra, vamos descobrir ao longo da próxima década. Mas eu, diferentemente de você, quero saber. Você finge já saber algo que ninguém sabe, baseado em sua interpretação pessoal de mitos. Boa sorte com isso. Eu prefiro a ciência. 😉

        1. Se me permitem uma hipótese sobre o Sr. Apolinário: o Apologético Ungido. Convenceu-se, converteu-se e/ou foi designado para patrulhar, cansar e, quem sabe, até salvar algumas almas da sanha dos profanos que OUSAM pensar diferente da Santa Doutrina. Se me aproximei, a sugestão é dar pouca atenção. Quando ele vir que a tarefa é inócua, vai cansar.
          Agora, Sr.Apolinário, o caso for de interesse sincero e transição para o pensamento liberto das peias, lembre-se que a Misericórdia é infinita e o perdoará se o Sr. passar a professar ciência.

      2. Que medo você tem de encontrar um novo mundo com vida. Que isto, fanatismo exagerado!
        Deveria celebrar e ficar satisfeito com nossa espécie que está em franca evolução tecnológica.

      3. Opa eu vou afogar num Velho Barreiro se descobrirem vida, se não descobrirem vida, se o Curintia for campeão hoje (foi? não vi), se o Curintia não for campeão hoje, etc…

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